2/18/2016

para mim a melhor história de 2015

Numa das quintas feiras que faz voluntariado a tania chega a casa meio triste. Contou-me que foi bom o que fizeram mas que um dos miúdos a preocupava. Faz voluntariado com a Candeia numa instituição onde até já teve. Um dos miúdos que lá está precisava de mais apoio diz ela, tem dificuldades de aprendizagem mas com ajuda de alguém de certeza que a vida dele vai melhorar e poder falar e ser melhor percebido. Também precisava de alguém que o ajudasse a aprender a ler melhor porque isso o atrapalha e os outros miúdos gozam. Tem uma historia de vida complicada e é triste. Ela sabia isso tudo e estava triste porque sabia que nesta fase não o pode ajudar como ele precisa, ele tem aulas de manhã e ela à tarde, os fins-de-semana são confusos para os dois e por isso ia ser complicado.


Percebo muito bem a angustia dela e também já me aconteceu. Fico contente que ela queira ajuda mais mas também é importante ela cumprir com os seus próprios objectivos. Disse-lhe que a vida é assim e não podemos chegar a todo o lado que queremos, não podemos fisicamente mas podemos tentar arranjar alguém ou alguém amigo de alguém que possa às tantas até está lá ao lado e ajuda. Ela aceitou mais ou menos e a vida seguiu.


Um mês depois liga-me a Ana com quem já tinha trocado uma roupa. Disse-me que tinha visto um post que escrevi sobre os amigos para a vida e que toda a vida teve vontade de um projeto deste género e achava que agora podia ser a altura. Generosidade incrível e loucura à mistura porque está gravida do terceiro filho para daqui a umas semanas, na altura meses. Ainda que louca claro que apoiei [não é um projeto meu mas adorava que fosse] e dei-lhe toda a informação que tinha. 
Ela foi, arriscou e adorou. O marido também. Falaram com a sofia e com a Joana e em linhas gerais perceberam que haviam crianças e necessidades e juntavam a isso o que as famílias estavam dispostas a dar tempo e atenção. Disso depois acontecia magia. Falaram-lhe de várias crianças e no meio delas falaram de um tal “rui” de uma instituição, tudo como exemplos do que podia ser para eles ou só para saberem de que realidades falamos. Eles foram para casa pensar e num dos dois depois ela foi almoçar com o marido, que nunca vai, e a vir do tal almoço onde entre outras coisas falaram disso parou no sinal ao lado da camioneta da tal instituição que a joana e sofia tinham falado. Falou dessa e de outras mas ela lembrava-se dessa e ficou até emocionada com a coisa. [ela e eu quando me contou].

Decidiram avançar e decidiram que queriam conhecer melhor esse “rui” especificamente. Ficou combinado, um passo de cada vez e ia-se vendo. Combinaram então numa quinta no voluntariado da Candeia para o conhecerem informalmente. Tava lá a Ana e estava lá a tania e o miúdo era o mesmo. Aquele miúdo que a tania queria tanto ajudar vai ser ajudado pela Ana e sua família. E quando ela me contava ao telefone antes dessa quinta eu contei-lhe a história da tania e de como seria o mesmo de certeza e ela ainda mais emocionada ficou de o levar para começar a fazer aos poucos parte da sua família.

Foi para mim a melhor história de 2015 e faz acreditar que este mundo ainda tem muita coisa da boa.


Parabéns querida Ana pela coragem e amor que transbordas. Fico contente de termos ajudado no empurrão mas sei que o extraordinário nesta história são vocês. De certo estão a criar uma família extraordinária que não tarda tem mais um baby.



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