5/30/2016

fase da logistica

disse a joana numa conversa que tivemos a semana passada. 
expressão talvez redutora mas claramente gráfica e percebida.

aquela fase em que tens tantas coisas a acontecer que podes esquecer-te do essencial. podes gastar toda a energia e paciência com tudo o que é urgente e deixas o pior para o teu marido. ele está no mesmo estado de cansaço, porque tem a mesma carga que tu distribuída por pesos comuns e outros diferentes. numa dinâmica quase de empregada a dias e guarda nocturno em turnos complementares que não se cruzam. 

não deixa de ser uma fase incrível e com o experiências únicas e insubstituíveis.

é assim esta fase e nada a fazer para diminuir o volume de trabalhos que temos em mãos mas nunca nos podemos esquecer de não nos esquecermos de nós. de mesmo no caos não nos esquecermos que estamos juntos e estamos a construir e a viver esta cena maravilhosa juntos. que às vezes pode parecer que o outro desajuda ou é pouco eficiente mas na verdade devemos mesmo tentar não viver um sem o outro.

Ela falou em pontos de contacto, ou qualquer coisa semelhante, que a minha cabeça e a distancia de uma semana assimilaram como momentos só de conversa a dois. coisas que devemos fazer mesmo que em formato de rotina para nunca perdermos a linha de comunicação entre nós, que nunca a passagem de turno seja o único momento de comunicação. e às vezes é e não vale a pena fingir que não. 

o cansaço e a lista de to do's pela frente fazem-nos passar por cima do mais importante. o darmos-nos como garantidos e a falta de investimento que às vezes temos porque tudo o resto parece mais prioritário. o filho de caganeira, o prazo apertado no trabalho, a amiga em desespero, tudo isso é relevante mas não devemos deixar que passem sempre à frente. disse ela e eu concordo, mas nem sempre aplico. 

e a sociedade anda tramada no que toca a casamentos ou só relações. esta mania que a vida é sempre do melhor e cabe sempre numa moldura espectacular a por no instagram é tramada. a juntar à quantidade de programas fora de série e chats sempre importantes a piscar. sabemos que não é o mais importante mas achamos que dá para tudo. eu acho sempre que dá para tudo e se encaixa sempre mais qualquer coisinha.

o casamento deve ser das coisas mais tramadas de manter para a vida. esta jiga joga de conjugar duas personalidades ainda que super apaixonadas em programas suficientes que os completem e que lhes dêem a liberdade de ser exactamente o que querem ser, sem ter a sensação que nos estamos muitas vezes a comprometer ou a perder alguma coisa melhor. que na verdade não estamos, porque se todos os dias me perguntassem qual o melhor sitio para dormir tenho a certeza que seria sempre sempre ao teu lado.

não me quero esquecer nunca que no principio éramos só nós, que isto tudo que temos é nosso e que daqui a uns anos começam eles cada um por si a ter a vida deles e depois voltamos a estar nós os dois. exactamente como sonhámos e ainda sonhamos. um amor e uma cabana como no principio de tudo. e vai ser espetacular, imagino que com dias muito maus mas espetacular no geral. a aproveitar tudo o que de espetacular temos no mundo e mesmo que sendo um mundo deles será sempre também nosso.


[não isto não é uma crise conjugal, até porque se fosse não teria alma para escrever aqui. é só a consciência de que quero ser melhor e dar o meu melhor ao meu marido. porque ele merece e nem sempre o faço]

5/25/2016

amigos da vida ou amigos pra vida. do bons e do melhor que a vida tem

Diz um artigo que aí anda que aos 25 anos vamos no auge da quantidade de amizades e que depois vamos perdendo isso ao longo da vida. Li e fiquei a pensar.

É verdade, muitos dos amigos que tinha ao 25 anos não são amigos tão presentes na vida hoje. Antes dos 25 talvez tivesse ainda mais amigos ou que sei hoje eram até mais conhecidos talvez. Mas tinha muitos amigos dos bons, dos que aturavam dramas, sustentavam decisões, estavam prontos para festas, para tardes de nada, férias juntos e bolachas com Filadélfia de madrugada.

Depois fomos seguindo sem nos zangarmos mas simplesmente seguindo sem falarmos tanto ou tantas vezes. Fui para fora, conheci mais malta fixe. Uns para a vida outros para aquela altura da vida, a um deles até vamos ao casamento este ano e não fosse os kms que nos separam estávamos todos juntos mais vezes. Depois moçambique e mais amigos notáveis, mais tempos excecionais e experiencias irrepetíveis com eles. Vou-me lembrar sempre deles e sempre que surgir oportunidade estaremos juntos, porque fomos muito amigos, agora hibernados mas amigos.

E voltamos aos amigos de sempre. Uns viram madrinhas e padrinhos de casamento, outros estamos menos. Hoje às tantas não seriam os mesmos mas não são menos. Surgem mais do lado do inimigo, alguns mesmo bons. Outros amigos de amigos e parecendo que não agora são tanto ou mais que os originais.

Um dos grupos fortíssimos que tenho hoje surge dum dia em que liguei à madalena a cravar-me para o jantar que ela tinha nesse dia. O João tinha de estudar e eu cravei-me. Fui e foi uma animação, repetimos 15 dias depois e uma vez por mês desde então. Voltamos a Montargil a este fim de semana e só tenho pena que não tivessem estado presentes no nosso casamento. Mas fazemos a festa mais vezes.

Outra amigona também apareceu tipo pop-up na licença do manel. Ela tava lá, eu também, filhos da mesma idade e abordagem à vida alinhada. Começamos com lanches e maminhas de fora e acabamos com conversa obrigatória pelo menos semanal. Percebe o que digo e não vai com falinhas mansas, é um exemplão de vida para mim e mesmo sem saber inspira-me para xuxu. Já lhe disse mas não sei se ela acredita quanto é mesmo verdade.

E das que de repente surgem no trabalho. ainda neste ultimo ano nasceu uma, eu trabalho no 2º e ela no 3º piso. Amiga de amiga no meio do trabalho o melhor é combinarmos almoçar para desanuviar. Virou moda e almoçamos quase todos os dias, somos amigas mesmo. Das de verdade. Preocupo-me com coisas dela e vibro com emoções, alinha nas minhas maluquices e tem mais em cima dessas para me desencaminhar. E até já escreve textos sobre coisas nas conversas dizemos.

Dito isto não sei se acredito nisto dos menos amigos nem dos de menos qualidade. 


Venham amigos mais e mais que vêm sempre a tempo, é do melhor que a vida tem.


5/11/2016

parabéns chefe

A chefe faz anos no dia seguinte, algures entre os 35 e os 40 mas não serei eu a revelar. Diz que não vem trabalhar, faz todo o sentido, eu em podendo também nunca vou.

Numa de saber o programão que tem planeado perguntamos sobre o dia seguinte e a resposta é depressiva: "ahh e tal vou dormir, despejar o lixo e dormir mais". Brincadeirinha dela, solteira e boa rapariga tinha potencial para fazer mais que um festão de fazer inveja a qualquer um... mas não, diz que não vai fazer nada. Disse-lhe então que se assim era ia mandar um homem em cuecas entregar uma pizza de Nutella. "Ahahah diz ela, manda tou a contar com isso".
Adoro uma boa missão e algures no cérebro alguma coisa automaticamente sintoniza e "challenge accepted".

Começo logo a magicar e já nem penso noutra coisa até ficar resolvido.

Liguei ao meu irmão Lourenço e pergunto-lhe se o amigo dele "Luís" não era menino para isso. Vai ser pai, trabalho instável, eu dava-lhe uns trocos e ele é maluco o suficiente para isso. Ele hesita, até concorda mas depois diz-me que não daria porque ele não tem carro. Raios.

Realizo que a minha filha tem 20 anos e bons amigos com idade para fazer quase tudo por vinte euros. Coisa sem maldade só pela graça porque não pedir a um dos miúdos?!
Assim foi. "Tanica a minha chefe faz anos queria mandar entregar uma pizza mas o sr da pizza tinha de ir de cuecas. Não tens nenhum amigo para aqueles lados que queira fazer isso". Ideia genial achou ela e toca de accionar os contactos.

Ela que como eu adora uma boa missão nem 5 minutos depois me ligava com um nome. Ainda achei que tivesse a brincar mas não havia um amigo que fazia isso tranquilo. Meu coração jubilava de alegria. A chefinha ia adorar [e mesmo que não eu já tava a adorar o prato].

Ora entrega programada para as 11h e tinha metade da minha equipa à procura de onde se entregam pizzas de nutella antes das 11h [não fosse a chefinha sair de casa]. 
Nada. Até que como é óbvio me lembrei do meu paizão, este-oeste resolve e temos pizza de nutella a sair do forno às 10h, quentinha.
Mensagem ao rapaz num estilo meio "bem, na vida há insólitos e este é um deles. Não tem nada de mal é entregar uma pizza e tens de ir de cuecas, all right?". Ele diz que sim mas pergunta se são mesmo só cuecas. Digo que no limite leva meias [e começo a imaginar as meias o homer simpson. Tudo bem, que se lixe as meias a ideia é mesmo ser divertido].
Meia noite, nove, dez e lá está  ele a recolher a pizza. Despe-se à porta do prédio, pizza na mão e toca. 

Delicioso só de pensar. Hilariante. Queria ser uma mosca para ver.

Toca uma vez, toca duas, toca três e nada. Raios ela disse que ia dormir mas tão profundamente?! Ou não acorda ou tem vergonha. 

Comunicamos e digo-lhe que tem de arranjar maneira de entrar, bater à porta mesmo e se não der deixar lá. Lindo de se dizer mas e quem vai abrir a porta a um homem de troco nu?! Irritante e hilariante tudo ao mesmo tempo.

Tanica, filha de quem, não ia resistir e claro tava enfiada no carro a ver o que se passava, saltou e foi ela tocar. Disse de tudo e acabaram por abrir à alegada sobrinha da chefinha. 

Lá foi ele escada a cima.
Se a própria não visse todo um prédio viu que minha querida chefe tinha um homem em cuecas à procura dele, isso e uma pizza.
Anos e anos a investir numa reputação para isto ahahah


Acabou por deixar a pizza à porta com a mensagem "da melhor equipa de todas, a dela. Parabéns"
15/20 minutos depois tava dra Chefe a mandar mensagem radiante com a pizza quando lhe contámos. Adorou e rimo-nos à farta.
Fica a foto para contar a história.


[By the way agora que já tenho toda uma dinâmica montada em querendo é pedir que mandamos entregar, com ou sem meias ahah ]

5/09/2016

hoje sonhei com este episódio épico- o casamento na nossa elisa mas a de maputo

Escrevia o joka à data de 04 do oito de doid mil e oito. acontecido na nossa outra vida em maputo. a mesma mas noutro continente.

Caríssimos,

Preparem-se porque provavelmente este será o post mais longo, mas não menos interessante, da vida deste blog. O guião a que vos apresento relata o casamento da nossa empregada Elisa com o Sr. ...., senhor seu marido. Tenho que vos falar dos antes, dos durante e dos depois(es), para que nada falta a esta crónica descritiva de um casamento de outra cultura.

Enquadramento:

A Elisa é nossa empregada há 4 meses. É timida, larga poucas silabas diariamente e parece ter medo do patrão, e o patrão parece ter medo dela. Enfim... Há uns tempos pediu-nos um empréstimo para comprar um vestido de casamento porque o noivo só queria alugar. Assim feito, recebemos o mês passado um convite de casamento, igual ao que eu fiz em 1985 para convidar os putos da minha turma ( sim porque as raparigas só começaram a ser convidadas aos 13 anos para dançar "slows" e comentar os últimos episódios do Beverly Hills 90210). Depois da simplicidade e humildade visivel do convite, sabiamos que vinha aí coisa bonita
Na semana passada a Elisa diz : " tá a pidir camera de filmar porque a do fotógrafo se estragou"
A Rosa na sua aceitação imediata juntou-se na invasão ao meu maior pragmatismo e indecisão duma decisão que afinal já tinha sido tomada.
Dia 3 de Agosto. véspera do casamento, telefonamos à Elisa para saber como combinar a entrega da Sony Digital, quando ela nos diz " afenal o casamento é no 3º cartório de Maputo ás 9 da manha por trás do cemitério". Não me preocupou o facto de ela não se ter lembrado de nos avisar a mudança de planos. Fiquei mais ansioso, por ter ir para um casamento ás 9 da manhã. Isso juntado ao facto de haver um cartório por trás do cemitério e o facto de ninguém saber onde ela era, começou a levantar-me a azia... Enfim, em Maputo sê Maputense e lá fui eu dormir a pensar: há-de se resolver. Combinámos aparecer mais cedso por causa das combinações da camera. E assim dormir e sonhar com o meu Belenenses...

Dia 4 agosto 2008:

O fatídico dia chegava, sem eu saber que seria uma personagem participativa na maior epopeia que alguma vez começava no 3º cartório de Maputo atrás do cemitério.
Acordo , um sábado de manhã, com o sono do costume e depois do meu café, dizia à Rosa: "despacha-te que estamos atrasados"!! Eram 8h42... O casamento era ás 9h00... Eis senão quando toca a campainha... DLin Dlong!! Eu mandei uma obscenidade para o ar pois realizei que não poderia nada de bom acontecer ás 8h43 num sábado de manhã em Maputo...
Desço as escadas e pergunto à porta um grande SIM?!?!? à espera de me irritar com mais um vendedor de caju que quisesse levar uma chapada matinal (equivalente a uma testemunha de jeová nos bater à porta naquele momento inconveniente..)

Resposta: " aqui é o noivo!!" Pronto... pensei eu... já me prejudicaram (aqui houve censura..)!!
Era o noivo da Elisa que vinha com o vizinho fotógrafo buscar a dita da máquina... Mas não te estás quase a casar? Como vais para o cartório? Vou de chapa(mini autocarro) diz-me ele confiante... Lol respondi eu... Nós temos carro , levamos-te... Ainda eram 8h52 senhoras e senhores!! A epopeia começava... heróis contra obstáculos a roçar com uma tragédia grega.
9h00 em ponto chegamos à porta do Cartório, onde estava tudo fechado. Ok, penso eu, isto tá bonito , está!! Fui beber uma coca cola no café do lado. O noivo, no minuto a seguir fez-me companhia. Passado segundos chegou um carro com quem? com a noiva lá está!!! Portanto , resumindo neste momento estava eu, a Rosa, o noivo, a noiva e o fotógrafo\cameraman desdentado com hálito a podre enjoativo. A Rosa lá convenceu um senhor a abrir o cartório e pôs-se tudo em posição. Só faltava o resto da malta que foi chegando de chapa. Entramos dentro do cartório qual igreja improvisada e vejo que falta o noivo. Vou buscá-lo pois ainda estava a beber a sua coca cola que não ia desperdiçar nem um golo. A noiva, não vou descrevê-la pois irão ver as fotos se se portarem bem. Só digo que tinha luvas à Michael Jackson, brancas de renda... uma pequena delicia.
Começa a cerimónia, muito séria, com cânticos de dois lados em batalha constante. Esquerda do noivo, direita da noiva. Parecia um Derby Português de futebol com adeptos confusos e desafinados. Passado uma hora de difícil passagem, um anel para um lado e outro para outro(confuso?) e lá saímos do cartório, onde ficámos outra hora a olhar para a estrada à espera do resto dos convidados. Lá chegaram as damas de honor (não eram madrinhas) e freneticamente se continuaram a maquilhar e pintar as unhas. Já eram 11 e eu pensava que ia ser muita difícil aguentar este ritmo. Fomos beber um café a casa e fomos ter com toda a trupe ao jardim dos namorados. Este jardim é tradicionalmente o sitio onde todas a noivas vão tirar fotos. Há um percurso, mete-se na bicha e espera-se que as outras noivas passem para ser a nossa vez. Qual casamento de santo António, esperou-se e tiraram as fotos mais pirosas da história da humanidade, incluindo com um tigre peluche que lá poisa que dizem ser o máximo!!

Próxima paragem: Pontão da praia. Diz que se tira fotos muito boas no pontão, onde parece que os noivos andam na água. fotos e mais fotos. Entretanto já tinha 5 tias da Elisa no carro a cantar e alto... O fotógrafo pergunta-me que sinal era aquele na camera, se era do calor. Não, era o fim da bateria... Fomos buscar o carregador e depois tínhamos encontro marcado na casa da noiva a 20 km de maputo, na zona de benfica, na zona verde , bairro Q, casa 213. Eram 13h45!!
Depois de atravessarmos areais, matos e provavelmente atropelado macacos e bambis, chegámos à dita casa onde fomos recebidos por toda a aldeia. Isto porque fomos os primeiros a chegar.. Entro dentro duma casa humilde, onde no pátio estão duas crianças nuas, já avantajadas (não há cá mitos) a serem lavadas freneticamente. Bonita vista... Tempo depois chegam os noivos. Canta-se, faz-se berros tribais e encaminham-se 200 pessoas para uma mês onde cabem 20. Eu e Rosa, branquinhos fomos convidados a nos sentar-mos na mesa dos noivos. Espectáculo penso eu. Tragam lá a jola e a chamussa!! Népias!! Faltava a cerimónia religiosa!!! Eram cristãos, mais que isso não sei... Leram o antigo testamento e depois traduziram para nós... Eu bem tentei dizer que não era necessário pois era conhecedor (imenso!!) mas nada os demoveu!! depois de duas horas a traduzirem que a mulher foi feita da costela do homem passou-se para a festa... Surge um "mestre" de cerimonias que explica o plano: discursos, corte do bolo, danças, comida e dádivas dos presentes. Um pormenor interessante foi que eles pensavam que o copo de água era literalmente um copo de água, pois foi a única coisa que nos serviram durante 2 horas.

Discursos. Muito honestos e humildes. mas quando começaram todos a olhar para mim, o tempo parou!!! depois ouvi.... : agora o patrão da Elisa!! Era mesmo aquilo que me apetecia!!! Espectáculo... Vá lá que até me safei, até invoquei Deus, não se o mesmo deles mas isso não interessa. Depois de tanta adrenalina quis-me ir embora. Era demais para mim. Deixámos os presente e fomos embora... Eram 4 e ainda não tínhamos comido nem bebido nada e sentíamos-nos a mais... mas fizemos o nosso papel!!!















5/06/2016

sexta feira à tarde e as compras online



aliexpress, aquele sitio onde encontras de tudo. muito lixo e depois coisas maravilhosas a preço de chinês. perdes tempo, mas confessem procurar faz parte da magia do shopping right?







[dicas: procurar em pt ou en não dá os mesmos resultados, por o preço máximo tipo 5 ou 10 euros para aparecerem só os mais baratos até pq eles têm os mesmos artigos a vários preços.]

e pronto matei o bicho. toca a trabalhar

5/05/2016

Carta aberta ao Engº Tomé




Caro Engº Tomé:

Eu sei que não me conhece e que estranhará tal texto, mas senti a necessidade de o escrever já que graças a si passei 3 dias maravilhosos na barragem de Montargil que me renovaram o espirito e que me souberam a verdadeiras férias.

Queria-lhe agradecer porque a sua filha e respectivo cônjuge convidaram a minha família directa para experenciar toda uma panóplia de interacções e de tipos de descanso que o senhor claramente idealizou e vê-se que pensou e executou com toda arte e engenho. A simpatia latente e ajuda constante da sua filha e do seu genro tem certamente um dedo seu e por isso também lhe agradeço.

Agradeço o facto também de ter uma propriedade cujo portão não se costuma fechar. Certamente por ser uma aldeia segura e familiar, mas também porque permite a entrada e saída de pessoas... e de cães. A minha cadela Maria de Belém (é uma longa história mas poderei depois contar-lhe se estiver interessado), resolveu na primeira manhã ir passear pela nacional  2 adjunta a Montargil, provavelmente para conhecer os cães da região, e assim desapareceu da nossa vista. Não estava nos planos, mas digo-lhe, passei a conhecer todas as aldeiazinhas nas redondezas de Montargil. Fui passear ao Gavião, parei para amena conversa com os locais de Coutos, buzinei na terra do Telheiro, e fui imitando ladrar de cães desde Abertas de Cima até Abertas de Baixo. Gente boa que conheci nestas terras enquanto procurava por Maria de Belém. Boas pessoas, de coração, no entanto por vezes pouco perspicaz como a Dona Lúcia, com quem tive este diálogo:

- "Boa tarde minha senhora!

- "Boa tarde!"

- "Por acaso não viu um cão branco?"

- " Ah. Obrigado"

- "Espere aí moço! Eram dois cães?"

- Não. Só um.

- "Castanhos?"

- Não. Branco! É uma cadela branca...

- Pois... Não... Não vi cães castanhos por aqui...

Esquecendo este belo diálogo com D. Lúcia e depois de dar umas voltas por Montargil, fui para casa semi derrotado.

Tenho que lhe pedir desculpa Engº Tomé, pois acho que lhe bebemos uma ou duas garrafas da sua garrafeira que a sua filha (e genro) gentilmente ofereceram ao grupo. E que bela garrafeira Engº Tomé... Se pudermos visitá-la em conjunto seria uma honra.

Também tive o prazer de conhecer a Dona Manela, que amorosa e humildemente nos preparou refeições divinais, advindas da mestria e engenho da tia Zita. Creio ter engordado cerca de quilo, quilo e meio por refeição. Do melhor bacalhau que já comi. Depois acomodei-me num sofá para descansar a alma. É o que os homens de bem fazem depois do almoço. Foi um descanso glorioso. Vim a saber que descansei no mesmo sitio exacto onde sua excelência também descansa. Foi nesse momento que soube que tinha que lhe escrever. Fui molhar os pés à piscina. Depois optei por algo mais radical. Entrei no seu  Kart\Buggy e acelerei pelos montes fora. Admito que lhe gastei alguma gasolina, mas poderá ser uma razão para o conhecer pessoalmente. A adrenalina superou a sujidade de lama que me encheu o corpo. Foi extraordinário Engº Tomé. Rejuvenesci e graças a si.

No dia seguinte, fui beber o meu café matinal a Montargil e resolvi passar na GNR a perguntar pela Maria de Belém.

"Por acaso houve uma ocorrência canina ontem. Deixe-me falar ao meu colega".

Em dois minutos me passou o telemóvel ao agente Carlos que muito simpaticamente me disse que tinham recebido uma chamada duma senhora que tinha apanhado um cão branco (felizmente não eram nem dois nem castanhos) e que tinham levado para ponte de Sôr. Com esperança regressada fiquei a ouvir o agente Carlos dizer que estava "num" estaleiro da câmara municipal, em ponte de sôr, "lá em cima ao pé da Galp". Arrancámos com alegria para Ponte de Sôr, Lá estava a Maria de Belém a fazer companhia a um senhor toda cheia de m"$#$%  à sua volta e a comer ração de origem duvidosa.

Sem este peso na consciência e depois duma bela caça ao tesouro retomámos o modus operandis em sua casa. Beber, comer, descansar. Passeio no barco, banhoca na barragem.
Depois dediquei-me ao Ski aquático. Um desporto à maneira que eu consegui fazer à primeira. Não tem a parvoice do ski na neve dum gajo se cansar e magoar e no fim ainda vai a banhos. Que maravilha. Depois jantaradas e conversas de meia-noite.

Isto sim são férias, de qualidade e humanas. Tudo graças a si Engº Tomé.
Gostava de lhe poder agradecer pessoalmente, porque a sua visão, evolução, educação e tudo o mais fizeram de mim e dos meus pessoas mais felizes.

Já não tenho mais razões para escrever, um abraço deste humilde agradecido.

João Amado

5/03/2016

sequência perfeita


primeiro veio o né 
tudo como manda a regra, bebé fácil. bebeu biberão à primeira, leite deste ou daquele estava sempre bem. dormia e aos 8 meses já bebia o biberão sozinho a meio da noite quando queria. 
não ficou doente com dentes nem tinha rabo assado com nada. um pequeno mogli na selva da vida estava bem com tudo.
Foi para a escola cedo mas nem por isso ficou mais doente. teve um ou duas bronquiolites como manda a regra mas nada de grave. dormia onde fosse e comia sopa fria até entrar na escola aos 9 meses.
tinha só uma cena não fazia cocó sozinho, tomou cenas e aos 2 anos deixou de precisar.
pequenino nunca passou do percentil 15%. 
andou com um ano e 1 mês e falou tarde e trapalhão.

era o bebé perfeito e depois disso todos me rogavam a peste no próximo.

veio o zé com um potencial gigante para ser tudo ao contrário, mas não
tudo como manda a regra, bebé fácil outra vez. bebeu biberão à primeira, leite deste ou daquele estava sempre bem. dormia e aos 8 meses já bebia o biberão sozinho a meio da noite quando queria, desta só lhe demos água porque vimos que o manel virou addicted do leite a noite.
não ficou doente com dentes nem tinha rabo assado com nada. um pequeno mogli na selva da vida estava bem com tudo, contra todas as prometidas probabilidades.
Foi para a escola cedo mas nem por isso ficou mais doente. teve um ou duas bronquiolites como manda a regra mas nada de grave, numa delas ficou internado para testar a resistência da mãe mas sempre num registo tranquilo. nariz sempre ranhoso mas nada que ele não conseguisse assoar na boa.
dormia onde fosse e comia sopa fria até entrar na escola aos 12 meses, antes disso ia lá todos os dias mas só lamber tapetes e brincar às terapias.
tinha só uma cena não fazia cocó sozinho, tomou cenas e aos 2 anos deixou de precisar.
era pequenino como o mano, sempre no percentil 5-15% e um cabeção de 50%. 
foi espetacular poder ver que apesar da trissomia era em tudo igual ao manel. 
fora andar e falar foi é é mais trapalhão, ainda é.

[no meio veio uma tanica já sem cenas de baby mas muito importante para nos dotar de perspectiva, paciência e mais amor]

depois veio o xavier estragar as estatísticas todas
veio estragado como digo a brincar. nem biberão nem chucha, a mãe para tudo. adormecer ao colo, papa e leite quentinhos. rabo assado com qualquer variação de nabiça.
mimado do pior. rabugento. com 8 meses já faz birras de ficar amuado a bater com as mãos no chão. 
não faz truques de macaquinho de circo como os manos e faz cara feia quando lhe pedes.
tem cara séria e estranha todas as pessoas que lhe são estranhas. não é maria vai com as outras como os outros.
faz cocó como um pombo, 5 por dia e parecia que ia contrariar os manos e ser gingantone mas afinal não, é percentil 15% como os outros e já goza.
é mais diferente dos manos é mais mana ou mãe ou qualquer outra coisa.
a mana diz que vai ser o mimado, talvez. para já tem só um feitio lixado.


tivemos uma sorte gigante na sequência, o zé com o feitio de xavi tinha trazido uma percepção completamente diferente do que seria uma trissomia. ou um xavi antes de um zé, porque seria tão diferente. a sequência foi perfeita, conseguimos ver que cada um eles são o que são porque são sem mais nada. cada um tem as suas cenas, feitios e manias. e no conjunto, ou individualmente são perfeitos.

por isso a ir, é ir sem medo que eles são o que são e não vale a pena pensar muito nisso. é aproveitar e gozar ao máximo.