expressão talvez redutora mas claramente gráfica e percebida.
aquela fase em que tens tantas coisas a acontecer que podes esquecer-te do essencial. podes gastar toda a energia e paciência com tudo o que é urgente e deixas o pior para o teu marido. ele está no mesmo estado de cansaço, porque tem a mesma carga que tu distribuída por pesos comuns e outros diferentes. numa dinâmica quase de empregada a dias e guarda nocturno em turnos complementares que não se cruzam.
não deixa de ser uma fase incrível e com o experiências únicas e insubstituíveis.
é assim esta fase e nada a fazer para diminuir o volume de trabalhos que temos em mãos mas nunca nos podemos esquecer de não nos esquecermos de nós. de mesmo no caos não nos esquecermos que estamos juntos e estamos a construir e a viver esta cena maravilhosa juntos. que às vezes pode parecer que o outro desajuda ou é pouco eficiente mas na verdade devemos mesmo tentar não viver um sem o outro.
Ela falou em pontos de contacto, ou qualquer coisa semelhante, que a minha cabeça e a distancia de uma semana assimilaram como momentos só de conversa a dois. coisas que devemos fazer mesmo que em formato de rotina para nunca perdermos a linha de comunicação entre nós, que nunca a passagem de turno seja o único momento de comunicação. e às vezes é e não vale a pena fingir que não.
o cansaço e a lista de to do's pela frente fazem-nos passar por cima do mais importante. o darmos-nos como garantidos e a falta de investimento que às vezes temos porque tudo o resto parece mais prioritário. o filho de caganeira, o prazo apertado no trabalho, a amiga em desespero, tudo isso é relevante mas não devemos deixar que passem sempre à frente. disse ela e eu concordo, mas nem sempre aplico.
e a sociedade anda tramada no que toca a casamentos ou só relações. esta mania que a vida é sempre do melhor e cabe sempre numa moldura espectacular a por no instagram é tramada. a juntar à quantidade de programas fora de série e chats sempre importantes a piscar. sabemos que não é o mais importante mas achamos que dá para tudo. eu acho sempre que dá para tudo e se encaixa sempre mais qualquer coisinha.
o casamento deve ser das coisas mais tramadas de manter para a vida. esta jiga joga de conjugar duas personalidades ainda que super apaixonadas em programas suficientes que os completem e que lhes dêem a liberdade de ser exactamente o que querem ser, sem ter a sensação que nos estamos muitas vezes a comprometer ou a perder alguma coisa melhor. que na verdade não estamos, porque se todos os dias me perguntassem qual o melhor sitio para dormir tenho a certeza que seria sempre sempre ao teu lado.
não me quero esquecer nunca que no principio éramos só nós, que isto tudo que temos é nosso e que daqui a uns anos começam eles cada um por si a ter a vida deles e depois voltamos a estar nós os dois. exactamente como sonhámos e ainda sonhamos. um amor e uma cabana como no principio de tudo. e vai ser espetacular, imagino que com dias muito maus mas espetacular no geral. a aproveitar tudo o que de espetacular temos no mundo e mesmo que sendo um mundo deles será sempre também nosso.
[não isto não é uma crise conjugal, até porque se fosse não teria alma para escrever aqui. é só a consciência de que quero ser melhor e dar o meu melhor ao meu marido. porque ele merece e nem sempre o faço]