5/05/2016

Carta aberta ao Engº Tomé




Caro Engº Tomé:

Eu sei que não me conhece e que estranhará tal texto, mas senti a necessidade de o escrever já que graças a si passei 3 dias maravilhosos na barragem de Montargil que me renovaram o espirito e que me souberam a verdadeiras férias.

Queria-lhe agradecer porque a sua filha e respectivo cônjuge convidaram a minha família directa para experenciar toda uma panóplia de interacções e de tipos de descanso que o senhor claramente idealizou e vê-se que pensou e executou com toda arte e engenho. A simpatia latente e ajuda constante da sua filha e do seu genro tem certamente um dedo seu e por isso também lhe agradeço.

Agradeço o facto também de ter uma propriedade cujo portão não se costuma fechar. Certamente por ser uma aldeia segura e familiar, mas também porque permite a entrada e saída de pessoas... e de cães. A minha cadela Maria de Belém (é uma longa história mas poderei depois contar-lhe se estiver interessado), resolveu na primeira manhã ir passear pela nacional  2 adjunta a Montargil, provavelmente para conhecer os cães da região, e assim desapareceu da nossa vista. Não estava nos planos, mas digo-lhe, passei a conhecer todas as aldeiazinhas nas redondezas de Montargil. Fui passear ao Gavião, parei para amena conversa com os locais de Coutos, buzinei na terra do Telheiro, e fui imitando ladrar de cães desde Abertas de Cima até Abertas de Baixo. Gente boa que conheci nestas terras enquanto procurava por Maria de Belém. Boas pessoas, de coração, no entanto por vezes pouco perspicaz como a Dona Lúcia, com quem tive este diálogo:

- "Boa tarde minha senhora!

- "Boa tarde!"

- "Por acaso não viu um cão branco?"

- " Ah. Obrigado"

- "Espere aí moço! Eram dois cães?"

- Não. Só um.

- "Castanhos?"

- Não. Branco! É uma cadela branca...

- Pois... Não... Não vi cães castanhos por aqui...

Esquecendo este belo diálogo com D. Lúcia e depois de dar umas voltas por Montargil, fui para casa semi derrotado.

Tenho que lhe pedir desculpa Engº Tomé, pois acho que lhe bebemos uma ou duas garrafas da sua garrafeira que a sua filha (e genro) gentilmente ofereceram ao grupo. E que bela garrafeira Engº Tomé... Se pudermos visitá-la em conjunto seria uma honra.

Também tive o prazer de conhecer a Dona Manela, que amorosa e humildemente nos preparou refeições divinais, advindas da mestria e engenho da tia Zita. Creio ter engordado cerca de quilo, quilo e meio por refeição. Do melhor bacalhau que já comi. Depois acomodei-me num sofá para descansar a alma. É o que os homens de bem fazem depois do almoço. Foi um descanso glorioso. Vim a saber que descansei no mesmo sitio exacto onde sua excelência também descansa. Foi nesse momento que soube que tinha que lhe escrever. Fui molhar os pés à piscina. Depois optei por algo mais radical. Entrei no seu  Kart\Buggy e acelerei pelos montes fora. Admito que lhe gastei alguma gasolina, mas poderá ser uma razão para o conhecer pessoalmente. A adrenalina superou a sujidade de lama que me encheu o corpo. Foi extraordinário Engº Tomé. Rejuvenesci e graças a si.

No dia seguinte, fui beber o meu café matinal a Montargil e resolvi passar na GNR a perguntar pela Maria de Belém.

"Por acaso houve uma ocorrência canina ontem. Deixe-me falar ao meu colega".

Em dois minutos me passou o telemóvel ao agente Carlos que muito simpaticamente me disse que tinham recebido uma chamada duma senhora que tinha apanhado um cão branco (felizmente não eram nem dois nem castanhos) e que tinham levado para ponte de Sôr. Com esperança regressada fiquei a ouvir o agente Carlos dizer que estava "num" estaleiro da câmara municipal, em ponte de sôr, "lá em cima ao pé da Galp". Arrancámos com alegria para Ponte de Sôr, Lá estava a Maria de Belém a fazer companhia a um senhor toda cheia de m"$#$%  à sua volta e a comer ração de origem duvidosa.

Sem este peso na consciência e depois duma bela caça ao tesouro retomámos o modus operandis em sua casa. Beber, comer, descansar. Passeio no barco, banhoca na barragem.
Depois dediquei-me ao Ski aquático. Um desporto à maneira que eu consegui fazer à primeira. Não tem a parvoice do ski na neve dum gajo se cansar e magoar e no fim ainda vai a banhos. Que maravilha. Depois jantaradas e conversas de meia-noite.

Isto sim são férias, de qualidade e humanas. Tudo graças a si Engº Tomé.
Gostava de lhe poder agradecer pessoalmente, porque a sua visão, evolução, educação e tudo o mais fizeram de mim e dos meus pessoas mais felizes.

Já não tenho mais razões para escrever, um abraço deste humilde agradecido.

João Amado

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