10/25/2016

um orgulho inesperado

Queridos leitores deste texto (a Rosa disse-me que eu era impessoal quando escrevia caríssimos, tou a tentar mudar):

Há poucas coisas que me fazem mais orgulhoso do que quando tenho que explicar que tenho uma filha de 21 anos. Admito que quando estou em conversa forçada e há pouco tempo e me perguntam quantos filhos tenho e depois que idades tento não falar das idades. Digo sempre: "há a mais velha e depois os 3 terroristas rapazes". Mas quando conto a história que hoje faz parte da minha vida como sempre tivesse feito, fico sempre com um orgulho pateta espelhado na minha tromba cheia de olheiras na minha cara.

Foi em 2007 que conheci a Rosa e apenas 3 meses depois conheci a Tânia. Foi claramente o melhor ano da minha vida. Era uma miúda que representa a definição de reguila e que olhava para mim com cara de má como se eu lhe tivesse a roubar a melhor amiga dela, quando a Rosa me apresentou como namorado dela. Tirou-me a pinta num instante e num silêncio ensurcedor e sem falar avisou-me que eu teria que tratar bem da Rosa... or else... O que também foi óptimo foi que a Tânia conheceu a minha mãe e tem uma memória dela, mesmo que muito ligeira.
Na verdade, quando percebi que a Rosa fazia uma diferença na vida da Tânia, até sugeri que deveríamos, quando pudessemos,  adoptá-la. Fazia sentido dar uma familia a quem não tem. Mas na verdade eu e a Rosa eramos uns miudos apaixonados há 3 meses e não fazia sentido.

Os anos foram passando e iamos vendo a Tânia de vez em quando. No nosso casamento, no concerto dos Xutos no Restelo, e, pequenos programas que iamos promovendo, e iamos acompanhando o seu progresso, o seu caminho, o seu vôo.

Há 4 anos, quando nada o fazia esperar, voltou às nossas vidas. O seu caminho, o seu voo, não estava a correr bem. Tanto potencial, tanto amor que havia ali para trocar. Era já uma rapariga crescida a tornar-se mulher. Tão querida, tão simpática, disponível, meiga, altruista. Vinha a nossa casa cada vez mais vezes, até ao dia em que já fazia parte da casa, parte da familia. E assim, sem que os sons do tempo nos chamassem, tinha nascido a nossa filha mais velha. Foi há 21 anos, foi há 4 anos, foi ontem. É hoje, é amanhã e será na eternidade.

E assim seguimos todos o nosso bom caminho, o caminho dos Amados. E não há melhor orgulho do que ter os 4 filhos que tenho, e é um orgulho ter uma filha como a Tânia.

 [Foto tirada pelo manel no porto]

10/23/2016

Com o Porto no coração

Fomos ao porto atrás de pessoas.

Vimos as vistas enquanto não as víamos a elas. Saímos de onde ficámos, na cedofeita, e voltámos sempre melhores.

Sábado, que o sol estava de fora, fizemos o que ainda não tinha sido feito [por nós] e andámos pela baixa inteira entre estações, castelos de princesas e ruelas. Por recomendação [da marta] fomos almoçar ao bolhão. Obrigada Marta. Seguimos para Serralves atrás do Miró e levados pelas mãos do Leites. Sr. Leites lá em casa. Amigo querido da tanica que encaixa tão bem connosco. Tão bem que descobriu que somos família, coisas de tetravô, mas que servem mais do que desculpa para gostarmos tanto dele. E levou-nos pela mão pelos jardins fora. Conhecemos a querida mãe e o irmão Domingos. Ela partilhou histórias de vida de quem teve cinco filhos e ele, o Domingos, levou o manel a ver os aviões [de papel, que lhe fez]. E depois Sr. Leites, que de incrível tem tudo, levou-nos a casa de seu pai. Uma vista para o mar de perder a chuvada e uma coragen de jo para, num sábado de lareira e manta, encher a casa de mini Amados estafados. Tive muito medo naquela hora, medo de enfernizar a vida ao pai Leites, tão querido, mas no fim a família arranja sempre lugar e foi um serão muito agradável. 

Chuvada nas trombinhas só para dormirmos melhor e estava o sábado feito. Chegou domingo e o almoço prometido. 

Queríamos muito conhecer a Joana e a sua família de seis como a nossa, em tantas coisas como a nossa. Queríamos perceber com eles possibiliades de voos futuros e trouxemos na manga a rita e o tiago para não falharmos a mira. A joana e o miki saíram-nos melhor do que a encomenda e, não so nos fizeram sentir em casa como trouxeram muitos mais amigos, montou-se ali uma tarde de conversa bem nice. 

Sobre o projecto de fim de ano que tanto procuramos ficou a nota que sendo difícil, bem ajeitadinhos ainda há espaço para sonhar e as tantas é mesmo desta que realizamos o tal sonho de voluntariado em família. 

Depois agarrar uma Lira e um Lipe antes de deixar o porto fugir. Porque não ha porto sem estes dois amigos do tempo de bruxelas. 

E se tentarmos isto nalguma das fotos vai ser dificil. Acontece que sempre que a cena estava cheia de gente gira e interessante largamos o digital e ficámos só uns com os outros, uma cena mais analógica.
Obrigada querido porto. Foste incrível.











10/13/2016

o meu zé ia de outubro

está de birras e de cabelo mal amanhado.
Tirou as fraldas e tem corrido quase sempre bem. Ontem para chatear não pediu e fez nas cuecas, estava tão empenhado na terapia que quase tinha desculpa.
Continua homem de poucas palavras mas devagarinho já conjuga duas. Adora cantar, à maneira dele, e a musica preferida de todas é dos ornatos violeta.
Adora a natacinha. Este ano vai com a escola e na mesma com o manel.

Tem ciumes doidos do xavier, sempre que pode dá-lhe uma arrochada, se o tenho ao colo persegue-me para lhe dar colo a ele também. Já os dois se habituaram a isso. por isso ou tudo mais anda mais pai que nunca. pai para tudo.
Se se magoa ainda resulta dizer aiaiaia ao objecto mau e rematar com um beijinho. Se não está ninguém à mão ele próprio de beija.
Está viciado em desenhos animados ao fim da tarde, especialmente a patrulha pata e o "duto", urso para os pouco entendidos.

A idade e a fase têm desafiado bastante. Tem 4 anos mas parece 2,5/3, sabíamos que isso ia acontecer um dia e ainda é do que mais me custa dizer em voz alta, essencialmente porque não quero lá por isso que o tratem como bebé. Apesar disso não é uma coisa que me chateie, é assim e pronto.

Qualquer dia o xavier apanha-o e esperemos que o leve com ele. Ainda que mais devagar ele depois vai seguindo, como os outros, o seu caminho. Sem stress,

O meu zé ia tá um crescido. Com birras mas crescido









10/12/2016

lili a brincar aos bonecos











10/11/2016

9 pontos e 7 virgulas

Dia de consulta no pediatra para o zé e xavier e de mais um milhão de coisas, entre elas a greve dos táxis e o treino do Manel no belém.
Sair em modo maratona, agarrar os três, dois de banho tomado e janotas e o outro pronto para a javardice. Chegada ao treino em cima da hora e, para não deixar dois ao abandono no carro, ou para não acartar com eles, suplico gentilmente a uma outra mãe desconhecida se me leva o meu ao mister. Deu-me um seguro sim e fiquei a segui-la do carro.
O pior ainda estava para vir. Hospital da luz para a consulta, dois miúdos e uma mãe cansada, uma hora de espera e acabaram com a sala das criancinhas. Génios.
No fim de tudo o zé está impecável aumentou 2 quilos num ano e tudo o resto como devia. Xavier não aumentou porque como expliquei que está de caganeira desde que começou a escola.




Exercício 1 de escrita criativa: criar um texto em que usemos apenas (serão esses os únicos sinais de pontuação) sete vírgulas e nove pontos finais. 





10/10/2016

around here

. o zé ia levou uma trinca direita e acho isso fixe. 1¤ porque sei que com certeza provocou. 2¤ fico contente de saber que na escola não andam sempre em cima dele e o deixam viver. 3¤ porque os miúdos não fazem cerimónia para lhe dar trincas, não ha cá protegidos ou special ones. E 4¤ a loucura que é ouvi-lo a tentar explicar o que fizeram, priceless.

. manel o mr organização esqueceu-se da mochila na escola. escandalo para o meu filhofax que dizia em choro desvairado que sexta o dia lhe tava a correr mesmo mal, especialmente por isso. tempos modernos tem disto e a mae do santi mandou-me fotos dos trabalhos, copiámos à mão [trabalhos de casa foram meus no fundo] e lá se resolveu. onde andas tu meu né? a tanica diz que o estragámos, raios deve ter sido isso.

. o xavier conseguiu fazer fullhouse de asneirada num jantar em casa de amigos, ontem. desde cuspir em cima do sofá, fazer cocó por fora da fralda em cima do mesmo já menos imaculado sofá, ligar aspirador automático e berrar até mais não. 

. a tanica quase que tem a carta. tem sido um processo de vida de que falarei um dia, para já digo apenas: aproveitem agora para sair de casa.

. a liza vai casar e o joka vai ser padrinho. e esta hein? dezembro toca a chegar que temos casório.

. euzinha comecei a fazer um curso de escrita criativa. parece-me uma boa maneira de estruturar ideias, não que esteja perdida mas já tenho idade para dizer menos asneirada.

. belém, essa vadia, conseguiu destruir o meu quarto em 15 minutos enquanto eu, na calma, estava a dar jantares à malta. Belém, pequenota, espero que saibas que és completamente louca.







10/09/2016

Viver para momentos que não se põem em palavras

Era a frase que precisava para tentar fazer o que diz na frase ser impossível.

Foi o mote da semana que passou. Um caos de emoções boas e más que faziam com que não conseguisse estruturar nem uma legenda para uma foto.

Maior preocupação da semana foi o tal amigo no hospital e tentar de tudo para diminui o desconforto* de todos com isso, principalmente da família dele, sendo que a ele não podíamos ajudar tanto. Sabemos que os amigos são para os bons e maus momentos mas dá mais preguiça dar o litro nos maus. Não é por mal mas, sendo difícil adivinhar o que o outro quer ou precisa, deixamos de tentar. Desta vez levámos isso com uma missão de família e foi giro ver como para todos nós isso era o mais importante da semana, sem nunca ter sido muito combinado éramos os backups uns dos outros para ajudarmos o melhor que sabíamos. Nós e tantos outros amigos.

Outra coisa que vai ficar na lista de coisas a repetir é levar a sério coisas pequenas como surpresas à janela do quarto do hospital, para nós é meia hora de tempo para quem tá do outro lado é uma força que pode fazer a diferença. Mentirinha porque para nós afinal não é só meia horinha, é uma alegria do caneco ver que ficam tão contentes com uma coisa tão básica, e quase choramos de emoção.
Se tiverem amigos no hospital toca a fazer surpresas giras para lhes animar o dia.

E para completar tudo o que se vive e não tem descrição possível nada como um molhão de clichês como "os amigos são a família que escolhemos", "o que não nos mata torna-nos mais fortes", when the going gets though, the thought gets going [passou a ser um cliche agora], fia-te na virgem e não corras [deixa-te estar quietinho que ela não dorme e vai resolver], "um por todos e todos por um" à moda do dartanhã e o "tudo está bem quando acaba bem".

Para rematar so a importantissima nota que é tambem nestas horas que se descobrem os verdadeiros herois, aqueles que mesmo sem capa seguram o mundo e nos fazem continuar a acreditar.

*desconforto que pode ser substituído por dor, impaciência, saudades e tristeza de o ver mais em baixo.