12/28/2016

Doidos por chegar a ti- Rita

conheci a rita na faculdade. era uma fixe. eu não ia muito ás aulas (tanica tapa os olhos) e tinha poucos "amigos" de lá mas ela tinha qualquer coisa de mágico, sempre gostei dela.

no verão depois de ter ido fazer voluntariado a moçambique voltei às aulas em setembro e lá a encontrei de sorriso estampado: perguntou-me onde tinha andado, que estava com um ar super feliz. Contei-lhe o que tinha andado a fazer- na era em que não havia nem facebook nem instagram e as pessoas contavam as histórias ao vivo-, ela adorou o esquema. na semana que vinha seria a reunião de lançamento do ano seguinte, disse-lhe, ela ficou entusiasmada, depois disse-lhe que era um movimento católico e torceu o nariz- não era muito dessas cenas. mas arriscou, e quando achei que já tinha desistido, lá estava ela com a filipa - também da faculdade- sentada na primeira fila. foi nesse ano, e penso que no seguinte. no terceiro ficou responsável de todos os voluntários e na visita que fez ao terreno ficou em nossa casa- foi a ultima vez que a vi. já lá vão sete/oito anos.

um ano ou dois depois recebi um email dela a dizer que ia entrar numa congregação, queria ser freira. escreveu linhas e linhas de texto em que o sentimento que passava era o de uma enorme alegria e libertação. fiquei meio surpreendida e quase em choque, tinha passado algum tempo sem saber nada dela- sen dúvida que tinha. Fui ao Facebook  (4 anos depois já havia) ver fotos dela numa de perceber se tinha pirado, se estava bem. Parecia estar incrível, fotos de sorrisoes era o que continuava a aparecer- tal como me lembrava nela. Escrevi-lhe de volta e foi esse o registo entre o dia desse email e os dias de hoje: eu ia sabendo noticias dela à distância e ela minhas, às vezes trocávamos mais emails sobre algumas curiosidades levantadas pelas novidades recentes.

O ano passado quisemos fugir no fim de ano para fazer voluntariado em família, não conseguimos. As possibilidades que encontramos eram muito longe e não tinhamos dinheiro para irmos todos, não queríamos deixar ninguém em terra. Falei com a rita, que vivia na colombia na altura, e ela foi uma das pessoas que me deu alternativas de projectos que adoraríamos fazer, mas longe e por isso caros.

Ela não se esqueceu disso e quando em agosto veio para mais perto, mandou-nos mensagem para a irmos visitar. Férias contadas que nem tarefeiros e não deu para irmos. O bicho ficou.

Amanhã partimos para salamanca, vamos todos ter com ela e dedicar uma semana à causa dela e que tanto queremos conhecer. A fazer a mala percebi que tou mesmo entusiasmada e até entusiasmada de a ver. Fonix quero tanto saber dela, da vida que escolheu e poder estar outra vez ao pé daquele sorrizão.

Ritinha estamos doidos para aí chegar. Cheios de mini sonhos para sonhar convosco.

Até jaaaaa

12/20/2016

O Camões Natalício

O nosso filho Manel tem 6 anos. Tem virtudes que vai buscar a avós ou bisavós porque em nada se aproximam de mim e da Rosa. É arrumado, organizado, disciplinado e tem uma memória de fazer inveja a muitas pessoas. É sempre boa onda, e apesar de muitas vezes ser excessivamente sensível, arranja maneira de ser traquina mas um traquina bem educado.

Apanhei esta pérola espalhada pela casa. Uma carta muito honesta ao pai natal e que vale a pena analisarmos, qual composição de escritor em que forma e conteúdo se unem de forma perfeita.



Original:

Eseta | vola | é | do | Manuel

Pai Natal tás bõe | Eu | tanho | coizas | para | te | izere | ce | eu | sefasfavoure | podes | dare | uma | cadreneta | de | a | Liga | 2016 |2017 | e cromus.

Tradução:

Esta folha é do Manuel

Pai Natal, tás bom? Eu tenho coisas para te dizer, se fazes favor. Podes dar-me uma caderneta da Liga 2016\2017 e cromos?

Análise macro

1) O jovem Manuel tem um sentido apurado de posse e não quer que hajam possíveis enganos. Aquela folha é dele e não há maneira de haver falcatruas ou poder pensar-se que seria outro menino a fazer o pedido

2) Na escola do jovem Manuel, existe um método para separar palavras que se o ajuda a ele, não ajuda ao leitor

3) O Manuel no segundo trimestre deverá melhorar a caligrafia e a ortografia e eventualmente a estrutura de frases, apesar de haver textos do Pessoa ou do Saramago de pior sintaxe ou mesmo que literalmente não fazem sentido ao comum dos mortais

Análise de conteúdo:

1) O Manuel tem uma relação de "tu cá, tu lá" com o pai natal. Parece-me bem. Também é um gajo que responde pouco e não merece um tratamento de "você". 

2) O Manel como manda a boa educação permite a introdução dum diálogo com possível resposta, mostrando interesse real em saber como está de facto o pai natal.

3) Depois o Manel torna-se ligeiramente arrogante e quiçá agressivo. "Tenho coisas para te dizer" é claramente quem tem problemas por resolver e que vai de forma assertiva abordá-los com o pai natal, ficamos a pensar que o tom da carta vai ser negativo.

4) Ao mesmo tempo que parece ameaçar o pai natal, continua a demonstrar boa educação, já que assertivamente avisa que tem coisas para dizer, mas depois pede licença para as dizer. Um pouco ao estilo de Pessoa, parece que, Manel Amado possa padecer de bipolaridade, ainda que esperemos seja só na escrita.

5) Depois de confundir o leitor com um misto de boa educação e avisos inquietantes, Manel remata com a verdadeira razão da carta. Quer uma caderneta. Já o pedido aqui vem muito completo contrariando a falta de pormenor anterior na carta. Agora quer uma caderneta, e tem que ser a da liga 2016\2017. E tem que ter cromos. Não vá o pedido ser pouco especifico e aparecer uma caderneta qualquer em casa e sem cromos.

6) Manel Amado depois de dizer o que quer, pára de escrever. Não sabemos se foi interrompido, se foi preguiçoso ou se ficou sem a boa educação, porque não agradece nem se despede nem assina a carta. Poderia ser redundante se de facto já indicou que a folha era dele, mas ficava-lhe bem. 

Conclusão:

Claramente o escritor tem sentido de posse e sabe bem o que quer e demonstra-o de forma inequívoca e assertiva.Por estas razões certamente receberá o que pede, já que não me parece um pedido descabido e em muito alegra o pai dele, o seu amor por futebol e cromos.

Agora a sério, a vida existe para estas "cartas" existirem. Não há conforto maior cá dentro do que ler isto, sentir uma alegria imensa e ainda pensar que este miúdo tem potencial. Que este post fique eternizado pois muito me alegrou poder escrevê-lo. És o maior Manel Amado!

12/18/2016

Natal partilhado

Como prometido enviaram um email com as características da familia que nos tinha calhado na rifa, e que rifa.
Uma mãe de 33 como eu, um bebe de 8 meses e outra de 6 anos, mais uma sogra e três filhos de 6 anos (da mesma idade da sobrinha), de 18 e 25. Encaixava bem nas idades dos nossos. Tudo entusiasmado.

Uns trataram dos presentes, outros do cabaz e sábado tudo alinhado para os  conhecermos. E foi tão nice.

Tinham bolo e chá para nos receber e em menos de 5 segundos o zé estava à mesa. Um dos presentes era o bingo e deu bingo a hora inteira. Foi so ver saltar números e sorrisos, ja tudo integrado.

Eu e as "donas da casa" conversamos sobre coisas que se conversam com amigos, como vai a vida, o trabalho, as coisas da casa, os filhos e tudo. Acompanhadas de chá do bom.

Agradeceram muito as coisas que levamos e contaram sobre as saudades do natal em s. Tomé. Uma semana antes já anda tudo em rebuliço e as praças cheias de gente, depois dia 24 ficamos todos juntos, comemos e bebemos e conversamos até ser outro dia. No dia 25 - quase sem ter dormido- fazemos o mesmo e é tão nice. Está calor, tudo na rua à mesa.

Aqui podia ser assim mas ta frio e as condições são mais dificies. Mas vai ser bom na mesma, disse ela - concordo eu.

E fizemos mais uma família amiga.

Obrigada Apoio à Vida, foi mágico.


12/14/2016

Há 155 semanas atrás

Esbarrei na fotografia de há 155 semanas atrás, do momento em que chegamos a casa de um jantar e tavas no sofá enrolada no zé a dormir.

Era uma coisa recente a vossa, a nossa nem tanto. Conheço-te desde pequena, e nessa altura perdemos as duas tempo para nos conhecermos- conheço-te bem.

Não te via há uns anos quando naquele dia me mandaste uma mensagem a saber se eu estava bem. Podia não ter estranhado, mas estranhei e pedi-te que viesses ter comigo. Foste no mesmo dia, a rua castilho; Trocamos números para afinarmos a esquina e lá nos voltamos a encontrar. E foi tão bom ver-te.
Tinham passado prai três anos, a última vez que te tinha visto antes disso foi no dia do nosso casamento.
Lá estavas tu com a cara de sempre e essa tranquilidade de alma - mas desta vez triste; e quando fomos a ver a alma não tava nada tranquila.
Chegamo-nos uma à outra em conversa de circunstância e voltamos ao que era, no ponto de intimidade que tínhamos deixado anos antes. O amor tava todo lá e nesse dia, já depois em nossa casa e como pai e os manos - dia em que os conheceste- tive a certeza que o teu lugar era ali conosco. Devia ter sido desde o principio, mas pegariamos devagarinho por ali e ia ficar tudo bem.

Começámos com jantares para perceber até que ponto querias tanto como nós ser família. muito pouco tempo depois (diria 2 semanas) de tudo isto surgiu-nos na agenda um jantar e lembrei -me de te pedir se ficavas com eles- por eles e por ti.

Não era preciso saber a história toda entre os pontos de tempo que não nos tínhamos visto, eras aquilo que sabia seres, e confiava de coração em ti.
Nenhum de vocês conhecia quase nada uns dos outros mas não foi preciso deixar dicas, a coisa aconteceu com naturalidade - como tinha de ser.

O jantar durou, e quando chegamos a casa tava uma calma instalada e tu enrolada no zé ia a dormir.

Não tinha sido precisa a confirmação mas ainda assim estava ali - há 155 semanas.

Mais sobre esta historia aqui.


12/11/2016

o grande dia da Lisa

Dizia no convite às 13h, afinal era às 14h, erro de typo; acabou por ser às 15h45 com uma noiva que se perdeu no cabeleireiro e um noivo que ia perdendo o juízo com tudo isso.

era o dia de sonho deles, e foi. começou duas horas depois mas isso não tem importância, as noivas podem quase tudo e a Lisa conseguiu safar-se por milagre. O sitio escolhido foi a conservatória do marques, a conservadora Sónia foi santa e conseguiu celebrar com emoção e velocidade super-sónica.

e foi a emoção esperada; Isac foi o primeiro a chorar, mas a lisa não tardou. esperavam há muito por este dia. Foi casamento civil, falou-se de igualdade, respeito e fidelidade, depois eles trocaram votos e acabaram com amén. O stress da festa foi à vida e seguiu a festarola por tarde a dentro.

Algures na pontinha, na fonte santa -mais precisamente entre o cabeleireiro e o stand de automoveis- aconteceu magia. páteo acolhedor, sala com luzinhas da moda, DJ na mesa de mistura e tudo a preceito. mesa dos noivos com padrinhos e para todos os outros mais à vontadinha. e foi tão bom ver um casamento com menos protocolo e mais de espontaneidade. Comida na mesa à mão de todos e dança pelos pés. cachupa, caril, bacalhau, massala (?!) e um role de sobremesas sem fim. O Xavier estava completamente em casa, tudo aquilo era natural nele e estava feliz da vida. um croquete em cada mão e kizomba na bunda.

A pista abriu com um número dos noivos e depois seguiram vários pares, joka padrinho e liza noiva também dançaram balada.

quando já não dava mais para os segurar nas canetas viemos embora. a festa seguiu e eles acabaram numa noite de nupcias em cima do mar como presente de padrinho.

não foi o nosso primeiro casamento Africano, já tinha corrido no sangue esta emoção, mas desta foi ainda mais especial.
A lisa é das minhas e quando é para dar dá de coração todo e isso vê-se. que seja assim no casamento, e que sejam muito felizes para sempre; nos dias em que não for que não desistam de tentar, e vai correr tudo bem.




































12/08/2016

Sagrada Barcelona

Mandou o destino que tivesse que passar uma semana em trabalho em Barcelona. Estranhamente, nunca tinha ido a Barcelona. É daqueles sítios que uma pessoa diz que é perto e vai adiando uma visita. A verdade é que a primeira noite soube a mel. Dormir 8 horas seguidas sem interrupções é um luxo raro nos dias de hoje e de facto ganha-se uma energia diferente.

O meu trabalho não era no centro e estando sozinho e chegando ao final do dia cansado não me apetecia visitar a cidade, que naquela altura me parecia uma metrópole. Quis o destino que a minha querida mulher, me tivesse oferecido pelos anos, a sua companhia nesta missão de trabalho, por dois dias. Assim, iria ter 4 dias de trabalho e dois dias de namoro a visitar uma Barcelona desconhecida.

No entanto, a partir do segundo dia, já começavam as saudades. Surpreendentemente eram saudades do caos, de ver os miudos à tareia, de poder agarrá-los e atirá-los ao ar ou para cima do sofá, naquele limite entre amor e risco de se partir a cabeça. De acordar à noite sem saber qual chorava, se tinha que ir buscar leite, àgua ou uma fralda seca. Chegar a um quarto de hotel e ouvir o silêncio duma parede que não responde é de facto um acto solitário que já não me acompanhava há algum tempo, apesar de ter vivido 4 anos sozinho.

Passados os dias de trabalho, chegou finalmente a hora de receber a minha mais que tudo e irmos à aventura. Tinhamos duas noites e um dia para aproveitar e conhecer a cidade como nós gostamos que é basicamente atravessá-la de ponta a ponta a pé, parando aqui e ali, passar pelos marcos mais importantes, mas sobretudo experimentar os conselhos que amigos nos deram como indispensáveis estando em Barça. Assim foi, Ramblas e Avenidas principais na primeira noite, com uma passagem por fora pela Sagrada familia e pelas casas do Gaudí e acabar num jantar de montaditos e tapas na Ciudad Condal. 

No segundo dia começámos pelo parque Guell e fomos com um apetite voraz a pé até à Sagrada Familia. Não tinha noção da riquez, imponência e arte sagrada daquele monumento. Fiquei assoberbado com a sua magnitude e história. Fomos com um audioguia para não perder um milimetro da sua história. Até subimos a uma das torres (de elevador) e descemos a mesma a pé com um ligeiro pânico pela ausência de corrimão (sim, sou um mariquinhas). Foi top do principio ao fim. Quando as obras acabarem em 2026, ano do centenário da morte de Gaudi, voltaremos lá sem dúvida com os nossos filhos.

Depois seguimos viagem a pé até ao mar, num dia de verão em Dezembro. Barceloneta, bairro gótico e acabámos no Born num restaurante fusão sul americano com japonês que nos soube a pato. Depois um descanso merecido e fazer um ponto de situação da visita.

Apesar de ter uma sorte gigante em conhecer muitas cidades deste mundo, Barcelona tem um charme original, diferente e muito acolhedor. O tempo ajudou, o namoro também, mas de qualquer forma, Barcelona fica no meu top 5 de cidades europeias. Adorámos. Acabou no entanto com uma saudade louca de familia e um reencontro que mais parecia uma ausência de meses. E foi assim que eu conheci a Sagrada Barcelona....... Muchas gracias!




12/04/2016

para realizar sonhos

este natal vamos para uma coisa diferente. já temos dado coisas feitas por nós, já temos dado coisas personalizadas a cada um, mas este ano vamos dar para sonhos.

não queria dar brinquedos, porque recebem imensos e acabam por ser demais para o que precisam e de menos para o que podemos gastar; ou ao contrário de menos para o que precisam e de mais para o que podemos gastar.

por isso, e depois de termos ouvido tanta coisa sobre focar no essencial e apostar na felicidade, vamos apostar em porcos. porcos mealheiros. porcos que realizam sonhos. porcos que vais construindo e depois partes para fazer aquela coisa que querias mesmo, e caiba no porco, está claro.

bati olaria atras de olaria e chegaram, 22 porcos para os meus queridos e numerosos sobrinhos. para as professoras da escola e para todos os que me for cruzando e fizer sentido.
é um presente baratinho, mas o tema essencial nem era esse. o tema é dar alguma coisa sobre a qual possas construir e que isso realize quem recebe.

manhã de badalhoquice a preparar os porcos para a matança. os ajudantes de pai natal, a fazer porcos para cada um.


para os crescidos a linha vai ser a mesma mas não conto já. é de aproveitar que os sobrinhos ainda não leêm blogs mas não vamos exagerar com os crescidos, right?