3/31/2017

Agora nós ou nós na TV

nós aqui, agora nós.
Obrigada RTP




Agora Nós de 31 Mar 2017 - RTP Play - RTP

3/22/2017

10 anos de (quase) tudo

Já não acredito muito em coincidências. Dia 21 de Março é uma data impossível de sair das nossas vidas. Sim é o dia mundial da trissomia 21 (3.21), mas poucas pessoas sabem que neste dia há 10 anos atrás foi onde toda a nossa familia começou. Há precisamente 10 anos, na escura mas linda cidade de Bruxelas, aqui os Amados começaram a namorar. 
A Rosinha na altura disse que a guardar um dia, que fosse o 22 porque não gosta de números ímpares. Mal ela sabia toda a imparidade que dai vinha. Aposto que hoje, ainda que com o mesmo mau feitio, não trocava o 21 por nada.


Vi a Rosinha pela primeira vez no trabalho. Ela trabalhava no 4º andar e eu no 3º. Conheciamos pessoas em comum e resolvemos beber um café no seu 4º andar. Para o meu lado foi à primeira vista. Tanto que passei a beber cafés no 4º andar de aí em diante, por várias razões do destino que eu ia arranjando. Depois foi um mês e meio de corte, tentativas frustradas pela voz de periquito e profissional da viola guitarra e canto, poesias de amado(r). Enfim dei muito do que tinha; na verdade na altura estava um gordo balofo cheinho e pálido transparente com falta de sol, o que não ajudava; mas pronto, fui conseguindo passar algumas coisas que ficaram a fazer sentido do outro lado e pimba, assim começou a saga de los Amados.

Um ano em Bruxelas, com visitas por outras cidades europeias, cultura, romance, palhaçada, humor, amor, viagens, amizade, valores, compreensão, erros. Enfim, o inicio da receita que se ia repetir nos anos seguintes.


Fomos viver a vida e partimos em 2008 para Moçambique, entre aventura, voluntariado e necessidade de sol, fizemos amigos, conhecemos pessoas extraordinárias e experiências que nos ajudaram a crescer como pessoas. Até que no dia 8 do 8 de 2008 pedi a Rosinha em casamento porque não fazia sentido passar mais nenhum dia ser garantir que estava ali a minha mulher da minha vida. Voltámos para Portugal para casar e aí multiplicámos o nosso amor e fomos crescendo, 1 cão, 1 filho, outro filho, uma filha, outro filho e outro cão. A verdade é que sou um homem completamente mudado, adaptado, melhor mas ainda longe do que posso ser. A minha namorada de 10 anos foi quem muito fez por mim e por nós e sem ela nada faria sentido. Mas ainda há muito pela frente e só espero melhorar-me e a nós muito mais e todos os dias e pedindo ajuda quando assim não o é.


Toda a história da nossa família começa oficialmente no dia 21 Março de 2007,  há 10 anos atrás. 3650 dias depois (mais dia, menos dia), quatro filhos depois, 2 cães depois, depois de um ano na Bélgica, depois dum ano em Moçambique, depois de quase 8 anos de casamento, aqui estamos. 
Passando por altos e baixos (sim também passamos), aproveitando a montanha russa que é a vida, vamos andando para a frente, aproveitando as oportunidades que nos dão e aprendendo com os erros que vivemos. 
Aqui que ninguém nos ouve, sou muito melhor pessoa do que era há 10 anos e só tenho de agradecer à minha esponja, filhos e familia, que me\nos apoiaram nestes 10 anos cheios de cenas. Não foi sempre perfeito, nunca será mas como dizia alguém outro dia: o equilíbrio é feito de vários desequilíbrios. 

Dia bem escolhido este hein?

Obrigado por tudo minha namorada!


3/17/2017

alicenas à sexta ou o desespero de ir de fim de semana


quando vais à procura de uma capa para o telefone e te perdes em tudo o resto. 
links abaixo, não me deixem sozinha nesta hora.






3/16/2017

a magia de apresentar o namorado aos pais



Há pouco mais de um ano percebemos uma magia diferente no ar. É estranho de pensar (e acreditar) que os pais podem mesmo perceber estas coisas mas percebem, e é bem fácil de ver (sempre fui céptica).
Tinha voltado das missões e andava mais risinho-meio-parvo-meio-escondido do que o habitual, ou se calhar nem era isso mas sentia-se qualquer cosia no ar. Muitos amigos a entrar e sair lá em casa, como habitualmente (e que bom) mas reparei especialmente num deles. Jogava á bola com eles sem grande jeito para a coisa, mas talvez não fosse disso, era qualquer coisa.


Uma mãe não aguenta (mas devia) então decidi mandar mensagem de fumo a uma das queridas amigas da minha tanica a ver se sacava nabos da púcara. Vagos mas saquei. Realmente andava baleia na costa. Um misto de entusiasmo e falta de ar. Aos 20 era normal que isso acontecesse, claro. Sabia que ela sabia que primeiro queria ver o que queria e só depois de saber se atirava para um namoro. Sabia porque tínhamos falado disso várias vezes e sabia. Não sabia se já sabia o que queria, mas sabia que ela gostava qualquer coisa do rapaz que lá apareceu em casa a jogar à bola sem perceber nada daquilo.


Esperávamos mais ou menos pelo dia em que ela fosse "anunciar" até que sem saber nos pusemos completamente a jeito, sem claramente ter jeito nenhum. O que se passou de seguida foi só ridículo.
A malta (amigos dela) das missões queria fazer um jantar e não tinha sitio. Nós oferecemos acasa, super cool (o dia em que escrevemos como esvaziar a dispensa das compras do mês em segundos).

Começam a chegar um a um, depois outro e mais outro e já tens a casa cheia de malta. Um saca das colunas outro do icenas e já toca musica. Massa no fogão e jola na mão e tá montada a festa. Algures no caos vi a chegar o bicho e realizei que nos tínhamos enfiado na boca do lobo.
Ela especialmente nervosa e nós, mal sabia ela, pior ainda. Sento-me com o joka na ponta da mesa estrategicamente mais longe do ponto quente da noite. Fonix sabia que isso ia acontecer um dia mas não tava(mos) claramente preparados. Evitar levantar era o mote, ainda que a bexiga tivesse no limite.

João era menos resistente nesse campo vacilou e entre o prato principal e a sobremesa levanta a bunda e passa pela cozinha onde o caramelo estava a preparar a sobremesa com a tanica. Ainda tentou sair mas foi inevitável: "pai quero apresentar-te o meu namorado- o bernardo".. Hummm (silencio estanho) borra a cueca e balbucie-a qualquer coisa como: "olá bernardo estás bom?". Baza logo que pode e volta a sentar-se ao meu lado mas agora transparente. Respira e conta-me "ela apresentou-me", fiquei eu transparente a pensar que a próxima seria eu. Fi-lo prometer que não saltaria do meu lado para me ajudar nessa hora. Não sei bem se cumpriu ou se se levantou para ajudar um malta a resolver qualquer coisa da festa, sei que minutos depois veio ela com ele e se sentaram ao meu lado e aconteceu o (in)esperado: "Mãe queria apresentar-te o Bernardo". Respondo ridiculamente: "ahh acho que já o conheci há bocado ali ao fundo" (WTF.. Que resposta ridícula)

E pronto foi isto. A cena ridícula em que conhecemos o bernardo, o sr namorado da nossa tanica. O momento doloroso para o qual nunca nenhum pai/mãe está preparado. Depois disso foi sempre a melhorar e nada apontar ao raio do bicho, chega a ser irritante.


3/07/2017

meu querido mês de março e um desafio

Mês de março, meu querido mês de março, é também o mês de sensibilização para a trissomia 21.
Desde dia 1 que sinto o peso e a responsabilidade de vos dizer alguma coisa cheia de sentido sobre o tema mas a verdade é que não me surge nada. Não tenho nenhuma emoção especial sobre isto, nem nenhuma preocupação adicional (além das de igualdade que já descarreguei várias vezes). A nossa família é trissómica e não mudava nada nisso. Na verdade não sei bem como fizemos um filho com um cromossoma a mais mas fizemos e não foi por engano, foi como foi.

Assim sendo, e porque continua a ser muito importante desmistificar esta cena dos cromossomas a mais e velocidade de pensamento a menos, vinha sugerir fazermos uma coisa diferente: vocês faziam as perguntas todas que vos passasse pela cabeça e nós respondíamos com toda a honestidade. E esta hein?

As perguntas são anónimas, e não diremos a ninguém quem as fez para poderem vir sem medo. As respostas partilhamos para todos, há quem não tenha coragem de perguntar mas quer saber, até aposto.
perguntem por email ou mensagem privada no facebook


Bora nessa?