quando a mãe Natal desce pela chaminé

não adoro falar do estado da minha mãe porque pareço louca. há 3 dias uma das médicas dizia que ela não ia a casa no natal. há 15 dias outra garantia que sim. hoje é um dia bom porque dizem as duas que sim mas a verdade é que até sexta tudo pode acontecer e os "ses" improváveis podem passar a ser. ou não.
nunca sabemos, tem sido um caminho aos zigzags desde que entramos há quase 5 meses.

costumo ir contra corrente. sou o contramestre que acredita em tudo quando o médico dá más notícias e que fica de pé atrás quando o médico diz que tá tudo bem. esquizofrenia marada do desassossego de quem se preocupa em gerir expectativas e corações desfeitos.

há 5 meses quando entrou para fazer uma biópsia à nêspera que tinha no meio do cérebro acreditei que íamos sair desta sãos e salvos. acredito hoje também mas tem sido um caminho de tormentas e as principais são nos maus detalhes do dia a dia. as dores, as tristezas, as solidões e tudo aquilo que ninguém conta mas toda a gente sabe que acontece a quem está com a mãe internada no hospital.

vai ser bom te-la connosco mais uma vez em casa, a última antes de voltar para sempre. vai ser óptimo e espero não estar o tempo todo a pensar nos riscos e máscaras. é que a falta de máscaras tira-me a respiração ao mesmo tempo que ve-la por lá pode tirar fôlego. a tal ambiguidade que tem pautado todo este tempo.

tudo o que queríamos este natal era te-la connosco e idealmente que isto tudo tivesse resolvido, não vai estar ainda mas vai estar em casa.

mais de 80% do problema está resolvido. os 20% que faltam parecem os mais duros. e depois é ajustarmos-nos ao que somos depois do turbilhão e fazer de tudo para que não volte nunca mais.

obrigada a todos por todo o apoio. peço desculpa pelas caras feias sempre que me perguntam status, é que como digo vária e preciso de não falar disso a toda a hora para aguentar todas as horas em que só penso nisso.

o Natal compõe-se e tudo se orienta para nos aproveitarmos bem uns aos outros.



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