11/21/2018

Sobre jantares incríveis em casa sem mexer uma palha

Há alturas na vida que temos de reconhecer que não damos para tudo. Não dá para ter um mini baby, mais outros 3, mais outra. Tratar de todos, que andem bem alimentados e felizes e no fim de tudo ter disponibilidade para fazer jantarada para os anos do marido. 

Acontece que mesmo nessas alturas (ou até especialmente) há coisas para festejar e é bom, muito bom, ter amigos por perto. Este ano a maneira que arranjei para solucionar tudo em um foi o @supperstars. É certo que gastei mais dinheiro que se tivesse sido eu a fazer mas é também certo que nunca conseguiria fazer aquilo e é um preço mais que justo para a qualidade do que comemos.

O Sérgio apareceu de surpresa, vinha atrás o Manel seu assistente de cozinha. Trazia ja o bolo de chocolate na mão com as caras de todos desenhadas, surpresa que magicou sem sabermos. Viu os miúdos de avental e aceitou de bom grado a "ajuda". Todos enfiados na cozinha com sons de boa vida e nós a brindar na sala.

Puseram a mesa a preceito e apresentaram 4 pratos de seguida. Não sem antes cozinhar uma bolonhesa com os meus vagabundos e lhes encher o bandulho.

Prato extra surpresa do chef metia consumé de ervilhas e ovo escalfado ao ponto. Depois Camarões com pêra abacate e um molho incrível. Para terceira iguaria uma perna de pato estaladiça e tenra com laranja puré e cenas. A acabar entram os miúdos o bolo e parabéns por todo o lado, volta à mesa empratado aquele super bolo com sorbet de framboesa, framboesas e natas.

Enquanto conversamos entre amigos a cozinha é magicamente arrumada pela dupla


Sérgio, Sérgio: obrigada por esta noite incrível. Sem jantar não tinha sido a mesma coisa, muito menos com este requinte.
Sempre bem vindo cá em casa.





















tudo sobre este chef aqui


11/20/2018

Making a lista, checking it twice e tentar que seja uma coisa mais de emoções e menos de coisas

Falar sobre a Black Friday, sobre a lista de natal que não tem fim e sobre os presentes que acho que eles têm a mais.


Esta frase se calhar resumia. Mas sou chatinha vou aprofundar. Que eles têm coisas a mais ja todos sabemos a grande questão é como minimizar danos. Como dizer a família mais querida que não queremos mais brinquedos? Como podemos nós dar coisas com sentido sem acrescentar ao problema dos outros ou sem deixar um rim na estrada?


Ao longo dos anos fui tendo ideias, umas melhores que outras, acrescento ainda as deste ano. É ler e contribuir para nos ajudarmos boa?


- tshits/camisolas com nome/número para a família toda. Resulta claramente melhor para crianças, adoraram vale a pena repetir.


- mealheiros para realizar sonhos. Adorei dar mas não adoraram receber. Compramos brancos e pintamos cada um a pensar em cada um. Foi muito giro mas eles tinham preferido outras cenas.


- livros. Always a win para os meus. Os outros não sei bem mas os meus adoram. O ano passado pedi para que dessem só livros e foi mesmo bom. Este ano acho que vou repetir. Todos os dias escolhem histórias e contam até entre eles.


-- filhos crescidos: dar coisas que fiquem é o moto. Um ano demos um faqueiro que comprei numa leiloeira a pensar no bom que vai ser um dia dar jantaradas e usar as nossas ferramentas de vida. O ano passado demos, com os avós, um curso de inglês em Londres. Tudo o que seja construir felicidade  futura está a valer.


-- workshops para fazer com eles: o grande presente deste ano. Aquele que queria dar a todos se pudesse. Passar tempo com cada um a fazer alguma coisa que nos acrescente  e crie mais momentos a 2. A ideia não é manda-los para uma cena, é fazer com eles. Aprendermos juntos. Darmos do nosso tempo que é hoje o recurso mais escasso.


-- para crescidos a coisa é mais complicada. Fiz mini quadros para um irmão com casa nova, demos livros, tshirts e coisas do género. A verdade é que não podemos dar nada de grande e por isso tudo o que damos parece pouco, parece muito pouco de pensar o que me dão a mim o ano inteiro e aos meus filhos para tornar tudo mais mágico. Continuo à procura da solução milagrosa. Tenho uma ideia nova este ano mas se vos conto eles ficam a saber. Nada feito.


-- professores e malta da vida deles: pote com bolachas, imans a reforçar o espetacular que são, crachás na mesma linha, agendas e é isso. Tentar não ser muito muito pessoal porque podem não gostar e afinal os nossos filhos (muito amados) não são filhos deles, são um dos vinte e tal muito queridos muidos que provavelmente não vão ver para o ano 😅


-- pais e avós. Fins de semana é o que mais gosto de dar. Este ano vou ter de contornar e não sei onde vai para a volta. Sei que merecem o mundo, mundo que não vou conseguir nunca dar. Black Friday pode ajudar, há uns anos compramos goproa bom preço e demos à mãe.


-- maridão. Normalmente concordamos em não dar nada grande sendo que o maior é podemos proporcionar aos outros qualquer coisa melhor. Às vezes escrevemos num papelinho com o que dariamos se ganhassemos o euromilhoes e se o que conta é a intenção esta ganha tudo. Mas fica   bem uma graça para os miúdos verem que o pai Natal não os que comem a sopa com espinafres todo o ano. Tenho uma ou outra ideia mas lá está: teria de vos matar depois para o João não saber.


E desse há dicas?






11/18/2018

A festa que ainda não sabe a festa

A festa de anos do manel aproxima -se e só me apetece chorar.

Coitadinho do meu né não tem culpa nenhuma. Espero que não de por isso.

A verdade é que a maior parte dos dias está tudo bem a vida continua e foi "só" mais um dia em que não nos vimos.

O ano passado o plano era o "mesmo": convidar o mundo e jogar futebol. Desenrasquei um campo podre à última a hora, coisas para as miúdas e foi isso. Não foi nada de especial mas ele tava feliz. A mãe não pode ir, tava na reclusa dos primeiros 6 meses de internamento, tava mesmo triste com isso ela (e eu), mas intretivemos-nos nos pormenores. Como faria o bolo, e as equipas, o que vestiam. O lanche, não esquecer os palmiers partidos do careca e os pãezinhos enfarinhados. 

Planeamos tudo ao detalhe, mesmo que no dia tenha corrido tudo ao lado de alguma maneira senti que estava lá connosco. Facetime trapalhao pelo meio e tava feita a festa.


Este ano o plano é o "mesmo" mas só de pensar em pensar nisto tudo sozinha escorrem-me lágrimas em silêncio. O João está por aqui mas na verdade não quer saber  dos detalhes, idealmente nem conta com eles e é normal. A minha tanica vai querer mas mais em cima quando as coisas tiverem alinhadas, agora está ocupada e muito bem a viver tudo o resto que há na vida. Alegra-me que o faça e nem quero que perceba a minha atrapalhação para não estragar.

E é isto. A vida continua, a maior parte dos dias normais e felizes mas depois outros que não descem da garganta.

Não sei o que fazer às miudas na festa e hei de descobrir sozinha. Repetir a receita foi a única coisa que me ocorreu, repetir até ao infinito, mas se não funcionou antes não vai funcionar depois. De repente já não acredito em nenhum dos ingredientes. Umas luzes de cima às tantas podem dar-me uma solução.

Raios estes filhos de inverno que não deixam ver a luz do sol.


Que ele não dê por isso e continue feliz por ter no seu belenenses todos os amigos e amigas desta vida.


E lá vamos nós a caminho dos 8 meu manel mais querido. Nem tu sonhas o quanto a avó quereria estar aqui contigo, nem a falta que me faz.


Amigos, molhada e um campo a cair de podre.


11/12/2018

da nossa vida em maputo

uma querida amiga foi agora a moçambique e passei estes dias a lembrar a nossa vida lá.

que bom que foi podemos ter passado por isso. à parte da pobreza que nunca se deseja a ninguém há uma magia incrivel naquela terra. a simplicidade com que se leva uma vida quase só focada no essencial. não havia grandes cenas "super importantes que não podiamos faltar", havia imenso tempo para estarmos: sozinhos, a dois e com amigos bons.

quando conheci o joão em bruxelas disse-lhe que não se entusiasmasse muito que eu dali ia para africa e a relação não ia ter grande futuro (isto com 1/2 semanas de uma suposta paixão). pois ele respondeu que achava optimo, tinha morado grande parte da vida em africa e por isso vinha comigo tranquilo. fiquei pasmada e entre a loucura dele e a minha 8 meses depois estávamos de partida. a ideia era ir fazer voluntariado, ajudar no que fosse aproveitar a vida. a realidade foi muito para além disso, quase sempre vai.

tinha estado em moçambique a fazer voluntariado com a equipa de africa, depois de pensarmos vários destinos aquele parecia o melhor. tive no norte, agora maputo seria a nossa casa. foi aterrar e tratar de descobrir uma casa para nós. foi aterrar e ser absorvido pela tranquilidade daquela vida. ser feliz lá parece a coisa mais fácil do mundo. fomos logo apresentados a portugueses incríveis que nos fizeram sentir em casa. tinham famílias grandes, cheias de filhos giros e com terra até as orelhas de tanto brincar na rua. a natureza tem uma beleza incrível e acho que do ano que lá estivemos quase não repetimos destinos de fim de semana e conhecemos sempre sítios incríveis.
parte do objectivo era entrar na cultura, conseguimos em parte e foi das partes melhores de todas.
contratamos um "segurança" porque era uma maneira de ajudar, a verdade é que não precisávamos muito mas dar dinheiro sem nada em troca não parecia certo. ele lá estava, jantava o que jantávamos e passava a noite a tomar conta de nós. de dia ajudava-mo-lo nós a tentar uma cura para a mulher que tinha dores de cabeça sem fim, uma filha frágil e outra que já tinha morrido. levamo-los à melhor clínica mas ele acreditava mais nas coisas tradicionais e daí tirámos grandes lições. a de respeitar as escolhas do outro e de aceitar que podemos não ser nós a saber tudo foi uma das importantes para o alto dos nossos 25 anos.

de dia tínhamos a elisa que nos ajudava. lava a roupa à mão e era uma rapariga simples. ficou noiva quando lá estávamos, ajudamos com o vestido de noiva e sem razão de especial fomos convidados de honra no casamento. honra foi a nossa entrar naquela que foi a festa deles e fazermos parte dum dia tão especial.

depois as aventuras com o nosso vizinho sr joão, o mecânico do nosso carro que se estragava dia sim dia não.

tivemos visitas de muitas pessoas que vinham de portugal, muitas das quais não conhecíamos mas oferecíamos a casa e saíamos todos a ganhar. a loucura era de tal ordem que um dia demos casa a uma rapariga americana que encontramos perdida na fronteira, uma personagem. aventuras que nunca vamos esquecer.

fizemos amigos muito bons e é bom ver que anos depois quando nos vemos ainda há ali uma qualquer coisa em nós que nos transporta à simplicidade de toda aquela vida cheia de sentido.

a visita da minha querida sogra, do Lourenço, de tantos amigos.

ficámos noivos. fizemos as nossas mini missões sabendo sempre que no fim do dia não iamos mudar nada, só a nós. e que bom que assim foi (fora o sofrimento que há claro, mas também há cá de outras formas e não sei bem o que é pior na verdade).

podia ficar dias a contar aventuras, ficou aqui o registo de algumas.
agora daqui voltar parece outra vez completamente louco. sentir que os de cá podem precisar tanto de nós ainda, ou se calhar nós deles, ou os dois.

não sei bem e talvez não valha a pena explorar, até porque os tempos de gastar poupanças ficaram em 2007, mas é sempre bom voltar a eles.

que bom que fomos e que bom que passamos por tudo isto. muita sorte esta a nossa.


















10/18/2018

a velocidade a que cai uma ficha ou temperatura a que o coração mirra

ontem a pi perguntava-me se já nos tinha caído a ficha. não sei, acho que vai caindo disse eu. não sei o que se espera quando ela cai nem quando ela vai caindo por isso é difícil perceber em que ponto estamos.

estamos tranquilos, as vezes um bocadinho tristes mas no geral a voltar à vida habitual. (ui que até rimou).

contar-vos que contámos aos miudos no fim das festividades para podermos estar presentes e segurar aqueles corações com medo. que afinal até decidimos antecipar para antes de irmos todos juntos deitar as cinzas ao mar para que, principalmente o manel, pudesse ver qualquer coisa acontecer e não ser só um vazio. contar-vos que respirei fundo para não chorar a dizer-lhe e expliquei que a avó estava cansada demais, com muitas dores e muito fraca e pediu para ir para ao pé do pai de da mãe dela no céu. que ele ouviu com atenção e perguntou claramente se tinha morrido, disse que sim e ficámos só abraçados 30 minutos que me pareceram milhões.

aos outros explicamos o mesmo mas com o detalhe mais afincado que era agora uma estrela no céu, diz que facilita a concretização. o zé olhou para nós e constatou que a sua avó já não estava doente, foi à moldura e deu um beijinho. o xavi foi desde logo a janela procurar a avó no céu, em formato de estrela ou o que fosse que tivesse uma cara conhecida, voltou indignado que não estava e o manel rematou com um "quando olhas tens de ver dentro do teu coração". derreteu o meu, o manel percebe e verbaliza o que torna tudo mais facil. talvez ajude a cair a tal ficha com maior velocidade.

a tanica tem focado toda a sua energia em garantir a minha. acho que fiz o mesmo quando morreu a minha avó, depois sozinha chorei. não sei se o faz mas imagino que sim, e que tenha medo como tive mas a vida vai ensinando que se segue e se continua feliz.

achava meio que injusto estar triste quando morreu a minha sogra, o que era a minha tristeza ao lado da do joão que tinha ficado sem mãe?! o espaço que havia era mais para garantir que ele se encontrava naquilo tudo. esse processo tão duro dele e nosso ajudou muito neste meu e nosso processo agora. não era o que queríamos, nem o que desejávamos, nem o que às tantas esperávamos mas foi o que foi e não podíamos ter feito mais e por isso estamos tranquilos e de volta à vida que queremos e nos faz feliz.

vem aí um novo baby, este fenómeno simultâneo de nesting e grieving é meio marado mas de alguma maneira obriga a saber o caminho. a minha mãe era fortíssima no nesting e era uma coisa muito nossa. ela tratava de todas as roupas e quase que inventava listas para prepararmos as duas e temos tudo pronto para os receber. tudo lavado à mão, passado com o rigor do melhor casamento e arrumado em gavetas perfumadas que eu achava que não tinha mas acabávamos por descobrir sempre espaço. nestes últimos meses fomos falando de onde por isto e aquilo e berços e tudo mais. faltava lavar os quilos de roupa que trazíamos de gerações: o cueiro feito pela avó amarelo porque não sabíamos o que aí vinha (eu), ou verde água, coisas dos manos, coisas de todos que a mãe guardou, a primeira camisola que cada um vestiu, a conjugação de kits e no fim era sempre preciso mais collants que não se sabe como desaparecem ou alargam ou ficam velhos. detesto arrumar roupa mas gostava de alegria que isso lhe trazia e sendo que fazia tudo ficava ao lado a adorar.
desta feita deixei tudo isso para ultimo, porque continuo a não gostar menos ainda quando me lembro da alternativa. mandei tudo para casa da minha mãe, sua empregada rigorosa ia repetir o ritual longe dos meus olhos e depois eu de coração lavado arrumava nas tais gavetas forradas numa cómoda comprada pela mãe por poucos escudos na feira da ladra.

ontem fui ver o estado da coisa, até porque as tantas preparamos roupas de festim mas precisamos de ter um desenrasca para se ele decidir nascer daqui a nada. dei comigo e a liliana tinha posto tudo o que eram lãs na maquina de lavar e secar. coração mirrado como aquela roupa que não cabe a ninguém. tudo amassado. tudo pelo cano abaixo. sobram coisas menos boas ou com menos historia, e coisas de linha de verão que não são tão sensíveis a altas temperaturas.

por isso ou pela ficha chorei horas a fio. pelo que sei que não vou ter mais. todo este caminho que faziamos juntas faço agora sozinha, está tudo bem, é a vida mas custa não ter mais ninguém que conheça a dimensão das contrações quando elas surgem (as enfermeiras saberão mas sendo que também são elas que fazem o toque podemos considerar meio que inimigas naquela fase), que explique que o tenho não é vontade de ir à casa de banho é uma cabeça no caminho de saída e que no fim perceba o misto de alegria e exaustão com a pequena grande vida da qual nada sabemos mas vale tudo em nossos braços.

e é isto. a roupa está de molho em amaciador a ver se desmirra. a roupa e o meu coração. ele vai nascer nú na mesma e está tudo bem. nesse mesmo momento sentirei com todas as certezas que não estou sozinha.




10/11/2018

o fim da historia que nunca terá fim

contei-vos o caminho. não tenho obrigação mas por tanto apoio e amor que recebi desse lado quero partilhar as reviravoltas que levaram ao inesperado.

em janeiro tivemos as noticias que o cancro tinha espalhado e por isso iamos perder a nosssa querida mãe em 6-9 meses.
em março soubemos que afinal o que parecia ser cancro pela coluna abaixo era uma infecção lixada que dum bicho que apanhou nos primeiros dias que teve em Sta Maria. uma tal de Eklipsela (ou como se chama). 
mudámos do fim do mundo para o mundo afinal tem cura e por isso vamos apostar tudo nisso. a mãe tinha esta infecção nas costas há sei lá quantos meses, ninguém nos sabia dizer mas sabiam que tinham já ido 3 discos à vida. foi operada 2 vezes, tudo para acabar com a bicha. em paralelo fazia antibioticos aos litros, mesmo quando teve em casa maio e junho fazia 1x ao dia intravenoso.

em junho tivemos ok para ir para espanha fazer autotransplante e rematar a historia do linfoma, aquele a que chamavamos por brincadeira fenisga.* fomos de armas e bagagens, achámos que prontos para o que aí vinha. acontece que quando chegámos as costas continuavam piores e eles não quiseram arriscar sem confirmar mais uma biopsia à possibilidade de ainda ter a tal eklipsela. o cenário que menos queriamos confirmou-se e foram precisos mais 9 semanas de antibiotico para acabar com ela.

9 semanas de internamento, em isolamento. o que significa que cada vez que entrávamos no quarto tinhamos de por bata, luvas e mascara. deixamos de por rapidamente mas os médicos faziam-no religiosamente. não podia circular livremente no hospital e tinha tudo "com pinças". era a última a fazer rx para limparem a sala por exemplo.
a meio de junho começou a ver em double e ninguém dormiu bem até fazer no PET e não se ver nada. passou a ser só um efeito colateral de algum remédio e respirámos. no fim de julho num dos exames de rotina aparece um risco marado no cerebrelo, nada a ver com o sítio do linfoma original, linfoma esse aparentemente curado. dias depois de colheitas de líquidos raquidianos e mil exames viemos a saber dia 6 de agosto que não passava de mais um susto, diziam eles, não sabiam ao certo o que era mas estava estável e parecia não interferir no estado geral da mãe. assumiram um mini avc ou trombose ou cicatriz de guerra e voltamos a respirar.

continuamos com o plano do antibiotico com vista a um autotransplante que, apesar de assustador, nos parecia um sonho, a luz ao fim do túnel.

a meio do mês novos exames e a cena no cerebrelo tinha aumentado contra todas as expectativas. os médicos mais xptos do mundo não sabiam o que seria e toca a fazer mais uma batolada de exames. dia 21 de agosto chega o veredicto e de entre as 3 opções dizem-nos que deverá ser a mais fácil (a melhor e a que tinha tratamento): inflamação (descartamos cancro e infecção). voltamos a respirar mas por poucos dias sendo que o tratamento para a tal inflamação era de uma agressividade imensa. a mãe levou com doses cavalares de corticoides durante 5 dias, estava num misto de exaustão e excitamento pelo remédio. foi uma sova, coitadinha.

esperámos os dias que manda a receita (quando fomos a San Sebastian e biarritz) e novos exames para ver o que se passava com a tal cena. surpresa das surpresas: aumentou. ficou tudo sem saber o que pensar nem dizer. os médicos estudaram tudo o que sabiam e não tinham a certeza de nada. as costas pareciam finalmente limpas da tal bicha e essas eram as boas noticias que nos agarravam ao suposto autotransplante e tentávamos não pensar no resto até que tivessem uma solução. no meio de tantas curvas já não dava para perceber bem a gravidade do que poderia ser.
Para confirmar que a infecção tinha acabado precisávamos de 15 dias sem efeito de antibiotico.

assim foi, a mãe precisava mesmo de vir a casa recuperar energia e a sanidade que a vida intensa de hospital tava a levar. veio para lisboa os prometidos, 15 dias de pausa. todos os dias estava melhor da cabeça em termos de baralhação e exaustão de hospital, mas todos os dias ia perdendo mais movimentos e coordenação. era difícil de assistir, o coração não queria acreditar. ao mesmo tempo fizemos de tudo para que aproveitasse o tempo em casa, que tanto desejou.

teve com tantos amigos, familia e tudo o que é bom em casa voltou. 9 horas de viagem e chegou muito muito fraca. muito mais fraca do que qualquer médico esperaria, fomos directos à urgencia sabendo que não viriam daí boas noticias. os dias seguintes foram de muito medo e ansiedade, a mãe ficou entretanto inconsciente. ao mesmo tempo que era bom pensar que não estava a sentir nada daquilo era horrivel imaginar que nunca mais iriamos poder falar com ela, não nos iamos poder despedir. O manel fez anos dia 24 e ela por milagre acordou com o maior sorriso e pudemos falar e trocar sorrisos. dia 25, nos meus anos, soubemos que depois de tudo sabiam agora que era um novo cancro (impossivel de saber qual por ser numa zona impossivel de biopsar), que não havia solução, havia só pouco tempo. foi o dia mais triste do ano, o dia em que todos me mandavam mensagens de parabéns. ao mesmo tempo a minha ritinha lutadora voltou a abrir os olhos e festejar comigo e connosco. e assim foi até lisboa e depois em lisboa nos seus ultimos 2 dias. 

agora quando me lembro assim de repente desta história lembro-me da cara assustada da mãe há um ano e 2 meses quando soubemos que tinha um linfoma. lembro-me de ver nos seus olhos que não sabia como ia ser, que tinha medo mas que ia lutar. essa mesma cara e todo o amor que nos deu e nos fez querer estar e ser presentes com ela neste caminho que inevitavelmente fez tantas vezes sozinha.

foram meses de muito sofrimento e dor para ela, para todos, mas principalmente ela. 
foram meses em que nos agarrámos a todas as alegrias e que ela sempre tentou aligeirar com humor. demos o nosso melhor para que sentisse sempre a nossa companhia e o nosso amor. não acabou como queriamos mas a vida é assim e não acontece só aos outros. há que aceitar. tivemos a sorte de ter muitos anos muito bons.

os médicos todos foram incriveis a explicar como não podiam saber que o resultado seria este. todos choraram na sua despedida de espanha. 20 estrelas para a clinica universitária de navarra, não conseguiram acabar com o problema mas deram de facto o seu melhor e deram tudo o que podiam pelo conforto da minha querida mãe. na altura em que começou a ver a dobrar já devia ser isto mas não havia como saber: as imagens estavam limpas. depois o primeiro risco no fim de julho foi avaliado de todas as maneiras possíveis e deu sempre negativo. o mesmo para meio de agosto. resta aceitar que há limites para o que conseguimos mudar e viver bem com isso.

e foi assim a história da doença da mãe. não foi nem será o mais marcante da sua vida. ficam as tantas pessoas que tocou no caminho, os milhares de amigos, a família grande e nós os filhos, netos e querido marido.

daqui seguiremos sempre no caminho de ser feliz, alegres e aproveitar a vida como ela tão bem sabia: cheia de amor! 

*porque era preciso o autotransplante se já nao tinha linfoma? para não reincidir. estava em paralelo a tomar imbruvica para prevenir reaparecimento e estava tudo top em termos de indicadores.

9/14/2018

food for thought #1

muitas das noitadas este verão foram a falar de tendencias, de consumidores e dos ditos "influencers" e impacto. lá em casa trabalhamos todos em áreas diferentes mas a verdade é que esta área impacta a todos e me interessa imenso pelo fenómeno social que é, parece ser cada vez mais, ou cada vez menos. não sei.

é estranho pensar que queremos ser todos super originais mas depois vamos a correr comprar o que a sra não sei quantas "postou". ou é estranho que essa mesma pessoa pessoa esteja a promover um creme numa semana e outro na outra... e no fim do dia acabe com um escaldão. qual dos cremes que era tão bom é que não resultou? 
a verdade é que diz que resulta. e que há pessoas a viver disso, muitas.

é caricato que pensar que passamos décadas a lutar por liberdade de expressão, isenção e tudo mais e no fundo acabamos seguir modelos de quem é pago por fazer elogios ou referencias a marcas. marcas que compraria se não lhe pagassem? que recomendaria na mesma?
no fundo todos somos pagos para fazer o que gostamos e acreditamos, em parte, e muitas vezes o que tem de ser feito. quando trabalhamos numa empresa não é diferente.

de qualquer maneira tenho imensa dificuldade como consumidora em acreditar que funcione mas adoro perder horas a pensar no assunto e discutir opiniões, mesmo que no fim do dia não leve a lado nenhum.

hoje dei por mim a pensar nisso, como noutros dias. é aproveitar que tenho tempo para pensar (mesmo que isso não leve a lado nenhum ou que não tenha o cérebro por inteiro 😜).

encontrei este artigo bem estruturado https://medium.com/crobox/under-the-influence-the-power-of-social-media-influencers-5192571083c3
alguém se quer juntar à discussão comigo?

deste lado continuarei a viajar na maionese. tenho feito muito disso, isso e companhia à mãe.

#ésextafeira
#tudoporumlike?
#likevende?
#likewhat?

9/10/2018

Mais de um ano em festa. Onde vamos daqui?


Passou mais de um ano desde que passamos da ideia de realizar sonhos, a quem tem poucos, e pusemos a mão na massa, enchemos balões e lançámos foguete.
Comecei eu, juntei mais 4, depois mais 4 e 40 voluntários por cima e fomos crescendo. Hoje é um bicho grande controlado pela boa vontade de todos e com mãos de todos o que continuam a ajudar.

Se assim não fosse não tínhamos conseguido, nem as primeiras nem estas destes últimos meses em que por voltas e viravoltas da vida tem sido mais difícil.

Com o tempo vamos aprendendo. Vamos entrando mais nestas realidades de quem não tem uma família estável o suficiente para poder viver com ela. É mais fácil de digerir mas não devia ser, pomos menos coisas em causa, devíamos pôr ainda mais. realizamos que para eles somos um escape e uma lâmpada do Aladino e isso dependendo de cada miúdo pode ser bom e honesto ou pode ser egoísta e mal agradecido. É difícil saber como travar algumas frustrações deles, alguns limites impostos por nós. Se por um lado é certo que sendo a única festa que tiveram na vida (e se calhar a ultima) por outro devia ser garantido que não nos tratam como meros serventes à mercê de sua vontade. Queremos que o sonho não se restrinja aos bens materiais mas não podemos negar a realidade de que podendo pedir tudo se estiquem e peçam demais.
Alguém me dizia que devemos limitar isto aos agradecidos, percebo, mas não me faz sentido. A vida já lhes fez tantas maldades que não pediram que se calhar só não sabem pedir e aceitar coisas boas. São caminhos muito duros e não há ali ninguém com uma vida fácil e não foi escolha deles.

De qualquer maneira sabemos que este caminho tem de se ir ajustando. Já demos a volta completa a todos os miúdos de 3 instituições, alguns entretanto saíram para suas vidas autónomas e chegaram outros de corações desfeitos. Temos um total de 7 instituições, outras em fila de entrada, algumas ajudam-nos mais outras menos. Umas mais e outras menos alinhadas, ou alinhadas de outra maneira. Temos de nos ajustar uns aos outros, e sabermos que isso é bom mas tem às vezes seus desafios.

Às vezes dou por mim a pensar no tamanho da empreitada e fico assustada. Outras penso: fazemos o que podemos e desde que não falhemos a ninguém está tudo bem. Só isso parece fácil, só isso é às vezes a coisa mais difícil do mundo.

E é isto. O caminho faz-se caminhando e este caminho não é diferente. Todos os dias aprendemos e queremos ser melhores e pelo caminho festejamos muito. Festejamos e sonhamos, os sonhos deles e nossos.

Obrigada a quem quer saber, a quem ajuda, a quem mete a mão na massa e quem dá o coração.
Temos uma sorte imensa de não estar no lugar de nenhuma daquelas crianças e só isso devia dar energia para lhes fazer o dia.



9/03/2018

mestrados de vida

ter uma filha crescida tem-me ensinado muito, muito mais do que imaginava. muito mais que um baby.

ora eis se não quando chegou ao fim a licenciatura e um futuro infinito pela frente. a tentação de o condicionares para tudo o que consideras melhor é imensa, fazes de tudo para que isso não aconteça. passamos os dois serões a falar do que seria melhor e pior, sabendo que nenhum dos dois nunca saberá, nem ela provavelmente.

então fica decidido que o que ela decidir é o que está certo (como se isso não fosse já uma premissa).
depois começas a ver os resultados e panicas. como assim só te candidataste a dois? como assim esses (sejam eles quais forem)? tralhar um ano? mas e se decide nunca mais estudar e acabar o que para nós era a licenciatura de 5 anos? que futuro existe nesse cenário nem ponderado?

do lado dela existem milhares de medos e incertezas de certo maiores que as nossas. andamos de tal medo presos no futuro dela que nem consideramos isso tanto como se devia. 

e o pânico é geral. é pânico em silencio para ninguém assustar ninguém. vamos atrás de mais candidaturas na tentativa de abrir caminhos sem ferir susceptibilidades. medo de fazer de mais ou de menos (qual o pior?).

pensas que se fosses tu farias diferente, depois realizas o óbvio: não és tu e diferente não é pior.
shit, isto de deixar um coração crescer fora de ti é mesmo tramado (e com esta carga de hormonas pior).

todas as noites sonho com isto, algumas vezes pesadelos. 
confio e sei que será brilhante, mas como contornar esta cena de querermos (e acharmos e que sabemos) o que é melhor para eles?

é deixar ir sem medo? e se espatifam à nossa frente?

achei que era boa na arte deste livro que não consigo dizer o nome em alto. foi lido por todos e olhei quase orgulhosa a achar-me mestre nesta cena, confirmo hoje e agora que o tenho de ler todo, todinho e rápido.



8/18/2018

férias de tudo ao molho e fé em Deus


passar férias em família é das melhores coisas da vida. há tempo para voltar ao que era, falar de tudo o que está para ser e divertirmo-nos com o melhor de cada um.
São tempos que deixam memórias para sempre e renovam.

são também tempos em que o nossos tempos têm de se coordenar com os dos outros e temos de nos ajustar para que funcione para todos. mesmo que implique  mudar coisas (quase instaladas) em nós.

com crianças a coisa é ainda mais divertida. temos muito mais ajuda, muito mais estímulos e muito mais diversão que é tudo extraordinário nao viesse agarrado a mais cansaço mais birras e mais saco cheio para essa gestão. queremos que sejam tão divertidos e espontâneos como as crianças são mas que saibam ser adultos e crescidos quando estamos fartos e queremos almoçar sossegados. ora isso é utópico, sabemos em teoria, na prática tudo é possível com mais impaciências, vontade de que não chateiem os outros e peso/trabalheira a conseguir esse equilíbrio. é que as crianças não devem ser ouvidas ao almoço dos crescidos, não podem pedir tv nem atenção à hora da bola (que cada vez há mais), dormem quando der jeito a todos e se não couberem no programa que não se dê por elas. se meter caminhadas têm boas pernas para andar e se for de piscina o volume quer-se baixinho para ler aquele livro ou artigo super interessante.
isto não é imposto por ninguém é só preocupação de mãe com feras fora da jaula. faz parte e acho mesmo que lhes faz mesmo bem ajustarem-se aos outros. a vida faz-se disso mesmo.

ainda assin gerir isso tudo pode levar a alguma loucura. em casa deixamos andar até ter energia para mais, aqui isso não dá porque obviamente chateia o vizinho e também não me parece justo ter de impor uma criança a chorar de exaustão.

isto não é uma história deste ano, é a mesma história de sempre mas chegou hoje o dia de os levar ao monte e partilho. achei que babysitter ia ajudar a verdade é que com família por perto é muito dificil que uma babysitter consiga ser a preferida do seu coração, consiga gerir emoções e ser colo em exaustão. no nosso caso acabou por ser mais uma preocupação: a querer ajudar a ajuda que achamos que iamos ter. 
a tanica nisso (e em muito mais) é um privilégio imenso. ela sabe quase como nós que não é má criação é um bicho de 3 anos a pedir atenção, ou água ou qualquer coisa marada. sabe também quando é e aperta o gasganete.

hoje foi então dia acalmar hostes. de os obrigar a uma caminhada. de parar para respirarmos todos e voltarmos mais sincronizados. de explicar ao manel que tem de aprender a brincar sozinho sem estar sempre a pedir aos tios companhia, atenção e aprovação. que há paus no caminho para fazer cabanas, que pode apanhar amoras basta avisar a mãe e que está tudo bem. dar descanso ao ze e xavi e reforçar a etiqueta, que não podemos fazer a toda a hora para não encher a cabeça dos demais. [e principalmente porque não sou a favor de raspanetes em haste publica].

dia de subir ao monte, sentá-los a aproveitar o silêncio, deixa-los gritar e ficar o resto do dia com os mais novos nas rotina só deles a reforçar que estamos aqui, nem sempre temos mãos nem disposição, mas somos o equilíbrio uns nos outros. treinamos 10 passos em silêncio, respiração pelo nariz e pela boca, cantamos as músicas do panda para matar saudades e renovamos a pilha do ajuste a uma realidade entre a nossa e a de todos os outros.

não sei se somos os únicos, mas reforçando o enorme privilégio que são as ferias em família e que não trocava por nada, depois tudo o que me apetece é voltarmos a ser só os 6 (e meio) na loucura e certeza dos nossos. os nossos filhos são, e devem ser, só prioridade nossa.

obrigada manos, avós e todos por tudo o que lhes dão e paciência aos quilos. por todas as noites alombarem com eles para a cama e dividirem garfadas ao pequeno-almoço, almoço e jantar. obrigada por aturarem o barulho de fundo dos desenhos animados irritantes e gerirem ranhos com o papel que têm à mão. tudo isto é incrível, mas mãe não deixa de ter a preocupação de estar a chatear quem ainda não decidiu pôr 4 no mundo e queria só descansar uma beca. ou de impor o feitio dos nossos ao cansaço dos que já gerem outros (no caso dos outros cunhados).

venham mais férias e mais dias loucos. estarei deste lado com a mesma dedicação quando forem os vossos.






8/10/2018

Primeiros dias e impressões


Chegámos ao tão esperado destino: perto da mãe.
Chegámos com tudo e prontos para tudo, mas esperando sempre que não seja preciso quase nada. Que ela melhore a olhos vistos, quase todos os dias até que volte connosco.

Ficou muito contente de nos ver e estamos todos muito contentes de aqui estar. O plano é dar-lhe a sensação de casa o máximo possível, mais ainda do 12h às 16h entre as horas do antibiótico e que podemos planear a fuga.
Todos os dias planeamos almoços que goste a ver se engorda e ganha forças para esta batalha. Está fraquinha porque a infeção tem sido brutal a acabar com a força nas costas, e consequentemente nas pernas e por todo o lado.

Chega a casa e temos o circo montado. Os miúdos têm historias, musicas e aventuras. Dão mergulhos e fazem todos os truques da manga para fazer esquecer todas as dores de quem tem de se levantar sem forças.

Depois há os remédios que toma. Quase todas as avós tomam remédios e os netos estão habituados mas estamos todos saturados dos efeitos destes. A mãe tem levado com doses muito fortes durante muito tempo e isso tem afetado às vezes a sua consciência. Esses são os momentos mais assustadores que temos tido, mas juntos tratamos de todas as manobras de distração para podermos reduzir os remédios das dores. As de falta de estrutura, a de movimentos e as de quem tá muito saturada.

À tarde quando a avó volta com o avô à clínica para descansar e continuar o tratamento nós fugimos à procura de mais aventuras e historias para o dia seguinte. Diz que há cascatas magicas, praias de sonho e caminhadas entre montes e vales. Temos muito que descobrir e aprender. É muito disto que tem sido feito o caminho, é certo que juntos o caminho parece muito mais fácil e com muito mais sentido.







temos ainda tido armas muito poderosas que são pessoas boas que entram na nossa vida só para nos resolverem temas do caminho. mas só isso dava um grande post. fica prometido.

7/19/2018

fotos de momentos bons devem ser congeladas por anos

antes das férias, antes das barriga rebentar e do motor cair.

estávamos contentes com tanta aventura em mãos, muito contentes de poder passar tempo todos juntos.
a Sandra sugeriu e como recusar congelar estas emoções numa moldura para a qual olharemos infinitos meses seguintes e sentir aquela cena panorâmica do caos e sonho antes de irmos todos juntos para o mundo?

adorei todas. queria mais mil. queria voltar, e volto um bocadinho sempre que vejo estas fotos.

em podendo é fazer uma sessão de férias, ou várias. para que durem o ano todo, vários anos.

Fotos Feelings 4 Ever











7/17/2018

entourage de uma pamplona

trago de pamplona o amor que há em tratar do outro. a dedicação na ajuda a cada uma das tarefas mais básicas do ser e de ser. roupa que se lava na casa de banho com sabão e dedicação. fadas do lar que se revelam e de repente sabem voar melhor que a sininho. levantar de manhã para chegar a horas de a ver acordar, comprar jornal para saber do mundo e café para que ela acorde para o mundo. depois chegamos e abrimos ansiosamente a porta para perceber como vai ser o dia: completamente adormecido, acordada com dores ou cheia de pica para tentar sentar, andar ou alguma coisa deste género.

custa ver a minha ritinha cheia de vida feita numa boneca de trapos. a fragilidade duma coluna exige colete para sentar levantar e dar uns passos. cada movimento brusco é um choque ou caimbras ou os dois. e um medo terrivel das tais dores.

toda uma entourage para sair umas horas. entre vestir levantar e artimanhas perdemos na boa 1 horita. mais coisa menos coisa para alinhar remédios das 2 horas seguintes. tanta parafrenália para sair de um sitio que não é casa mas parece grudado à vida.

mas conseguimos isso e vamos conseguir tudo o resto. os trapos vão voltar a ganhar músculo e teremos tudo de volta. tudo o que tínhamos menos o que não precisamos. 

um carro que vem de surpresa para ajudar a entrar nos 60 e arranca com ele o melhor sorriso do dia. festa, festa, festa que não precisa de foguetes para ser alegria do dia.

em lisboa a entourage é de outras lides mas igual em amor. sou menos uma a ajudar na logistica de 6 ou 8 pernas a correr. hoje ze tinha terapia de choque às 8h30, manel workshop de codigo às 10h. depois zé acaba às 10h30 e manel à 13h. pai trabalha, mana espera por isso e ajuda e xavier contribui com mau feitio. tudo em trabalho de equipa e é de amor maior só de observar.

sabemos nestas alturas que estamos e somos uns para os outros. e isso dá trabalho mas é o que faz sentido. se há razão na vida para fazer das tripas corações que sejam sempre estas. e um copo de vinho no fim para rematar.