3/27/2018

respirar entre vagalhões de alma


Fugimos no fim de semana para respirar.

A verdade é que os dias não têm sido fáceis. As noticias não são obrigatoriamente más, acho até que são surpreendentemente boas, mas tem sido duro.
A mãe tem muitas dores e nós podemos fazer muito pouco para ajudar. É duro de assistir. queria muito ter um plano e que soubéssemos para onde estávamos a ir. Encho a agenda com tudo o resto à procura de me sentir útil mas a verdade é que não consigo resolver o que mais me preocupa e são muitos meses disto.
Parece que o cansaço vem em ondas, há alturas de calmaria entre os sets e depois há outras em que sentimos um ondão e quase não conseguimos respirar entre vagalhões.

Estou cansada. Olhando para a minha mãe sei que não me posso queixar.

Já ultrapassamos a dúzia de dias que ficaria no hospital e sabemos hoje que vai ficar muitos mais. tem uma infeção na coluna e ainda não descobriram que bicho traz tanto caos. Eles andam na busca e nós esperamos uma solução. Entretanto o xavier faz anos e temos de festejar mais uma vida sem grande mood. E depois vem a páscoa. O manel anseia por uma caça aos ovos que lhe traga kilos de vitórias em chocolate e está a destruir-me a alma não saber como dar a volta ao coelho. Até lá arranjaremos uma solução que não seja tão triste como a que agora parece.
Se há alturas em que acho que ter uma família grande tem das suas coisas nestas tenho a certeza que nunca é grande o suficiente quando precisamos uns dos outros. Quando precisamos de ser levados ao colo.

Conto que o set passe até 5a feira. Preciso de boiar uma noite a olhar para as estrelas e 5a corremos mar a dentro para começar festejos.

Boa Pascoa a todos desse lado. Que seja mágica.


 






3/02/2018

ir e não ir

o combinado era irmos no fim de semana todos juntos e o entusiasmo era mais que muito.
não estamos todos juntos naquela casa de férias desde que descobrimos que a mãe estava doente.
esta época nem chegámos bem a estar, ainda estavam uns a chegar e assentar quando rebentou a bomba.
íamos este fim de semana. está mau tempo mas não fazia mal. os habituais jogos de tabuleiro e as cartadas substituíam as tardes de lagarto ao sol. cozidos por gelados e lareiras por mergulhos.

acontece que hoje a mãe acordou com muitas dores e não está em condições de ir. sabemos que as dores têm de ser muitas para ela desistir assim. andava a planear isto há dias, tinha tudo alinhado. esta mudança de planos parte-nos a todos o coração. pelo que não acontece e pelo que não podemos fazer para melhorar a situação. 

esta impotência de ver alguém de quem tanto gostas sofrer é uma aprendizagem que não queria ter. nem hoje nem nunca. não percebo bem como isso me vai tornar uma pessoa melhor. 
será que vai? tenho tentado com muita convicção ver um lado bom em tudo.
tenho visto muito amor mesmo na dor. mas será isso em si uma aprendizagem que valha a pena?

não sei. sei que não me é dado a escolher.
o que escolho é continuar por perto e tentar não perder uma oportunidade de minimizar o difícil.