9/10/2018

Mais de um ano em festa. Onde vamos daqui?


Passou mais de um ano desde que passamos da ideia de realizar sonhos, a quem tem poucos, e pusemos a mão na massa, enchemos balões e lançámos foguete.
Comecei eu, juntei mais 4, depois mais 4 e 40 voluntários por cima e fomos crescendo. Hoje é um bicho grande controlado pela boa vontade de todos e com mãos de todos o que continuam a ajudar.

Se assim não fosse não tínhamos conseguido, nem as primeiras nem estas destes últimos meses em que por voltas e viravoltas da vida tem sido mais difícil.

Com o tempo vamos aprendendo. Vamos entrando mais nestas realidades de quem não tem uma família estável o suficiente para poder viver com ela. É mais fácil de digerir mas não devia ser, pomos menos coisas em causa, devíamos pôr ainda mais. realizamos que para eles somos um escape e uma lâmpada do Aladino e isso dependendo de cada miúdo pode ser bom e honesto ou pode ser egoísta e mal agradecido. É difícil saber como travar algumas frustrações deles, alguns limites impostos por nós. Se por um lado é certo que sendo a única festa que tiveram na vida (e se calhar a ultima) por outro devia ser garantido que não nos tratam como meros serventes à mercê de sua vontade. Queremos que o sonho não se restrinja aos bens materiais mas não podemos negar a realidade de que podendo pedir tudo se estiquem e peçam demais.
Alguém me dizia que devemos limitar isto aos agradecidos, percebo, mas não me faz sentido. A vida já lhes fez tantas maldades que não pediram que se calhar só não sabem pedir e aceitar coisas boas. São caminhos muito duros e não há ali ninguém com uma vida fácil e não foi escolha deles.

De qualquer maneira sabemos que este caminho tem de se ir ajustando. Já demos a volta completa a todos os miúdos de 3 instituições, alguns entretanto saíram para suas vidas autónomas e chegaram outros de corações desfeitos. Temos um total de 7 instituições, outras em fila de entrada, algumas ajudam-nos mais outras menos. Umas mais e outras menos alinhadas, ou alinhadas de outra maneira. Temos de nos ajustar uns aos outros, e sabermos que isso é bom mas tem às vezes seus desafios.

Às vezes dou por mim a pensar no tamanho da empreitada e fico assustada. Outras penso: fazemos o que podemos e desde que não falhemos a ninguém está tudo bem. Só isso parece fácil, só isso é às vezes a coisa mais difícil do mundo.

E é isto. O caminho faz-se caminhando e este caminho não é diferente. Todos os dias aprendemos e queremos ser melhores e pelo caminho festejamos muito. Festejamos e sonhamos, os sonhos deles e nossos.

Obrigada a quem quer saber, a quem ajuda, a quem mete a mão na massa e quem dá o coração.
Temos uma sorte imensa de não estar no lugar de nenhuma daquelas crianças e só isso devia dar energia para lhes fazer o dia.



Sem comentários:

Enviar um comentário