11/12/2018

da nossa vida em maputo

uma querida amiga foi agora a moçambique e passei estes dias a lembrar a nossa vida lá.

que bom que foi podemos ter passado por isso. à parte da pobreza que nunca se deseja a ninguém há uma magia incrivel naquela terra. a simplicidade com que se leva uma vida quase só focada no essencial. não havia grandes cenas "super importantes que não podiamos faltar", havia imenso tempo para estarmos: sozinhos, a dois e com amigos bons.

quando conheci o joão em bruxelas disse-lhe que não se entusiasmasse muito que eu dali ia para africa e a relação não ia ter grande futuro (isto com 1/2 semanas de uma suposta paixão). pois ele respondeu que achava optimo, tinha morado grande parte da vida em africa e por isso vinha comigo tranquilo. fiquei pasmada e entre a loucura dele e a minha 8 meses depois estávamos de partida. a ideia era ir fazer voluntariado, ajudar no que fosse aproveitar a vida. a realidade foi muito para além disso, quase sempre vai.

tinha estado em moçambique a fazer voluntariado com a equipa de africa, depois de pensarmos vários destinos aquele parecia o melhor. tive no norte, agora maputo seria a nossa casa. foi aterrar e tratar de descobrir uma casa para nós. foi aterrar e ser absorvido pela tranquilidade daquela vida. ser feliz lá parece a coisa mais fácil do mundo. fomos logo apresentados a portugueses incríveis que nos fizeram sentir em casa. tinham famílias grandes, cheias de filhos giros e com terra até as orelhas de tanto brincar na rua. a natureza tem uma beleza incrível e acho que do ano que lá estivemos quase não repetimos destinos de fim de semana e conhecemos sempre sítios incríveis.
parte do objectivo era entrar na cultura, conseguimos em parte e foi das partes melhores de todas.
contratamos um "segurança" porque era uma maneira de ajudar, a verdade é que não precisávamos muito mas dar dinheiro sem nada em troca não parecia certo. ele lá estava, jantava o que jantávamos e passava a noite a tomar conta de nós. de dia ajudava-mo-lo nós a tentar uma cura para a mulher que tinha dores de cabeça sem fim, uma filha frágil e outra que já tinha morrido. levamo-los à melhor clínica mas ele acreditava mais nas coisas tradicionais e daí tirámos grandes lições. a de respeitar as escolhas do outro e de aceitar que podemos não ser nós a saber tudo foi uma das importantes para o alto dos nossos 25 anos.

de dia tínhamos a elisa que nos ajudava. lava a roupa à mão e era uma rapariga simples. ficou noiva quando lá estávamos, ajudamos com o vestido de noiva e sem razão de especial fomos convidados de honra no casamento. honra foi a nossa entrar naquela que foi a festa deles e fazermos parte dum dia tão especial.

depois as aventuras com o nosso vizinho sr joão, o mecânico do nosso carro que se estragava dia sim dia não.

tivemos visitas de muitas pessoas que vinham de portugal, muitas das quais não conhecíamos mas oferecíamos a casa e saíamos todos a ganhar. a loucura era de tal ordem que um dia demos casa a uma rapariga americana que encontramos perdida na fronteira, uma personagem. aventuras que nunca vamos esquecer.

fizemos amigos muito bons e é bom ver que anos depois quando nos vemos ainda há ali uma qualquer coisa em nós que nos transporta à simplicidade de toda aquela vida cheia de sentido.

a visita da minha querida sogra, do Lourenço, de tantos amigos.

ficámos noivos. fizemos as nossas mini missões sabendo sempre que no fim do dia não iamos mudar nada, só a nós. e que bom que assim foi (fora o sofrimento que há claro, mas também há cá de outras formas e não sei bem o que é pior na verdade).

podia ficar dias a contar aventuras, ficou aqui o registo de algumas.
agora daqui voltar parece outra vez completamente louco. sentir que os de cá podem precisar tanto de nós ainda, ou se calhar nós deles, ou os dois.

não sei bem e talvez não valha a pena explorar, até porque os tempos de gastar poupanças ficaram em 2007, mas é sempre bom voltar a eles.

que bom que fomos e que bom que passamos por tudo isto. muita sorte esta a nossa.


















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