quando a vontade é pegar no telefone e ligar

Diziam que as festas iam ser duras, não achei tão mau. Mas quando se vão os foguetes e a poeira acalma bate uma saudade do tamanho do mundo.

Dou por mim à procura de qualquer coisa que dê para ligar e falarmos. As conversas de sempre. Contar da agitação do Natal e dos presentes que recebemos. Um por um. As novidades destes e daqueles que acabamos por saber quando estamos todos juntos e dos ânimos. Aqueles que pareciam mais tristes ou cansados e dos outros cheios de planos para casar e ter filhos. Contar que tantas amigas e amigos seus me mandaram mensagens e ligaram. Que foram tão queridos. A tia Madalena encher-nos de presentes nem imagina o amor. Contar dos dias de troia e da passagem de ano. Que não percebia bem porque queria tanto aquela casa mas agora percebo tudo. Que tivemos com os seus amigos e nossos também. Que foi calmo e tranquilo mas muito bom. Caseiro diz o tio, foi perfeito. O Lourenço acabou por se juntar e que tomaram banho no primeiro dia do ano. 
Contar que a casa continua com remendos mas já tiramos notas para melhorar tudo o que estava pendente. Que os miúdos adoram aquilo e têm lá os amigos como a mãe pensou. Contar que o tio tá bem, deve ter umas saudades infinitas mas está bem. Veio morar para perto de nós e estamos muito muito contentes. Trouxemos tudo da outra e parece uma mini réplica à dimensão certa. Com vista para este jardim e para a árvore da avó que tem crescido mesmo bem mãe. Que parece tudo alinhado e estamos contentes com isso. Não quero ser a vizinha chata mas gosto mesmo de estar perto.

Contar que fomos à consulta dos 2 meses do martim e está finalmente tudo bem. Que quando o médico disse que tinha sido mesmo atribulado quase me ri por não ter sido a única a achar. Ele que vê tantas coisas e tão complicadas acabamos a concluir que realmente só nos calham especialidades. Mas está tudo bem. E apesar dos sustos temos muita sorte.
Contar dos manos. Aqueles nossas conversas semanais em que falávamos 20 minutos sobre o que nos preocupava em cada e o que fazer. Agora não sei bem como continuar essa parceria, tenho falado com a tanica. É difícil saber se estão mesmo mesmo bem mas vamos seguindo, sabemos que no fim o caminho é deles e vai correr bem. Puxando uns cordelinhos daí acho que pode ficar descansada.

Dizer-lhe que o xavi andou uns dias muito preocupado que tínhamos de ir ao céu salvar a avó de planetas e monstros. Que ela não podia ficar lá morrida tínhamos de lá ir. Que é tão querido ver a falta que lhes faz e o quando a querem aqui mas ao mesmo tempo sou pequenina como ele e me custa realizar que não vai voltar.
Que voltaram à escola e o João ao trabalho e estamos na vida de licença que achei que passaríamos juntas. Amanhã desfazemos as últimas coisas da casa velha, temos de tirar tudo e levo tanta roupa sua. outras demos às suas amigas e ficaram tão contentes. Temos de falar desta quantidade de coisas ritinha. O João diz que não vai caber la em casa mas há coisas que quero mesmo guardar para sempre, mesmo que não me fiquem tão bem. 
Queria perguntar como fez quando morreu a avó, sabendo que não se preenche este vazio, gostava mesmo de saber das suas estratégias. Escreveu no.livro que lhe dei para me deixar conselhos mesmo importantes para a vida? Já virei tudo e não o encontro. Onde estava?

Tenho saudades mãe. No fundo é isso. 

Ah e acho que este Martim vai ser a sua cara. Já achava gravida. É claro que na eco 3d que viu não se via nada ainda mas eu acho agora. Se calhar não é mas eu gosto de acreditar que sim.

Vamos falando.

Comentários

  1. Um beijinho grande querida.

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  2. Tia, que super mulher que a sua filha se tornou!! imagino o orgulho enorme que deve ter da família maravilhosa que ficou aqui a arrumar o que faltava arrumar!

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