3/21/2016
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3/20/2016
Sobre ser pai de alguém por quem se dá a vida sem se lhe ter dado vida. Escrito para os Amigos prá vida
Esta é a história de uma família onde chegou uma filha já adolescente. As palavras são do pai João, que nestes dias em que se celebra o amor entre pais e filhos nos conta como aconteceu este encontro.
"Os irmão praticamente nasceram com ela. Não sabem o que é ter uma vida sem a Tanica. E nós pais também já não (...) Cada filho que tenho faz-me ser uma melhor pessoa e querer ser melhor pai"
Aqui fica o testemunho do amor que juntou os pais João e Rosa à filha Tânia, Tanica, como é carinhosamente chamada.
E porque o dia do pai é quando se quiser... Feliz dia do Pai :)
"Quando namorávamos, a Rosinha e eu sempre concordávamos que queríamos ter mais de 3 filhos.
Sempre gostámos da ideia de que um dos filhos fosse adotado, porque pelos países onde passámos havia sempre crianças que não tinham oportunidade de ter uma família normal.
Eu conheci a Tânia pela primeira vez em 2007, uns meses depois de começar a namorar com a Rosinha.
A Rosinha fez-me entender a importância que o voluntariado tinha na vida dela e que acompanhava miúdos de instituições, para que acreditassem que as pessoas pudessem ficar na vida delas a longo prazo, seja como amigos ou mesmo mentores.
Marcou-me imenso conhecer a Tânia porque tinha uma genica encantadora apesar de ter um feitiozinho difícil. E quando vi o bem que a Rosa fazia e a felicidade que ela trazia aos miúdos, deu-me vontade de ser como ela e sugeri mesmo na altura, após uns meses de namoro, que devíamos adota-la e que ela também tinha direito a uma família.
Isto foi em 2007. Mal sabia eu o que viria a acontecer mais tarde.
A mesma família para sempre
O que fala sempre mais alto é saber que podemos melhorar a vida de alguém. Obviamente que há sempre um lado egoísta que nos faz sentir melhor. Mas o raciocínio era sempre o mesmo: Porque é que as pessoas não têm direito, com a idade que seja, a ter uma família que esteja lá para quando seja preciso?
Sinceramente nem pensámos muito nos receios. Só depois, quando percebemos que de facto íamos ter uma aventura desconhecida pela frente, mas sempre com uma ansiedade feliz, como com qualquer outro filho.
Nesse aspecto, fizemos questão de que desde o primeiro minuto fossemos a mesma família e para sempre.
4 filhos e um sono mais leve
A Tanica e os irmãos é uma felicidade constante e gigante. Para ela ter irmãos mais novos que pode ajudar a moldar foi um desafio que abraçou e encarou com responsabilidade desde o primeiro dia.
Os irmãos praticamente nasceram com ela. Não sabem o que é ter uma vida sem a Tanica. E nós pais também já não.
Admito que, como pai, fez-me confusão ter uma filha que já era adolescente. Mas tive a maior sorte do mundo porque a Tânia é das pessoas mais responsáveis que conheço. Só perde o norte quando se trata de ajudar pessoas e nisso sai à Rosa.
Eu sou mais o chato lá em casa, a perguntar para onde vai, com quem vai, etc. Mas foi giro num dia só ir buscar miúdos a creche e no outro passar a ir buscar a Tanica a uma festa à noite. Passei a ter um sono mais leve, digamos assim...
Lições de vida
A Tanica deu-me o que qualquer outro filho dá a um pai: Um acrescento gigante à minha vida, com uma visão diferente e melhor.
Basicamente, cada filho que tenho faz-me ser uma melhor pessoa e querer ser melhor pai. Se calhar ainda temos que ter mais um ou dois para chegar ao ponto certo.
Mas não tenho dúvida que todos nós somos mais felizes e melhores por ter a Tanica na nossa família para sempre.
Uma mensagem
Existem sempre barreiras, opiniões ou constrangimentos que fazem as pessoas duvidar ou hesitar.
Eu digo sempre às pessoas que só com informação e testemunho é que se consegue perceber o que se pode fazer e o que se quer fazer, e que há pessoas e instituições que nos ajudam a misturar as duas coisas.
O projeto "Amigos p'ra vida" é uma iniciativa que permite fazer exatamente isso.
Há que ter bom senso mas também abrir o coração. E aí cada um terá as suas regras e as suas maneiras de viver a vida.
Obrigado."
Obrigado a ti, pai João, por este testemunho único de uma família tão especial e com uma história tão bonita.
Entrevista dada pelo João para os Amigos pra vida
Também os podem seguir na página do Facebook deste projecto espetacular - Amigos pra vida: https://www.facebook.com/amigospravida/
3/18/2016
Dia de avaliações
3/16/2016
Parada
Sentei-me, pedi um hambúrguer e parei a olhar para cima na esperança que o tempo parasse.
Tentar não pensar em nada. Não sentir nada. Não nada.
Limpar a cabeça do caos de tudo e de nada. Perder tempo a não fazer nada.
Ficar ali só a aproveitar o sol entre nuvens. Estranhar quando demora muito a aparecer e aproveitar quando fica.
Querer nada. Muito de nada. Nem sequer que o hambúrguer chegue para não estragar.
Tanta coisa para não pensar. Tantas coisas por desorganizar na cabeça. Querer que isso tudo fique lá quietinho.
Nada de trabalho, nada de miúdos, nada de graúdos. Nada de nada.
Vento na cara e o sol volta.
Tenho de fazer mais vezes disto. Isto do nada faz falta para tudo.
Fechar os olhos. Tentar não adormecer, adormecer só um bocadinho e pedir um café.
Beber devagarinho. E ficar mais um bocadinho.
3/11/2016
Um pico para ti um camião tir para mim
Um piquinho de febre para ti um camião tir para mim.
Veio devagarinho dores de garganta, depois no corpo e quando dei por mim sentia-me pior que a meredith depois da sova que levou.
Eu doente. Aquela que não apanha nada de ninguém, tão ruinzinha que nenhum bicho lhe pega. A que normalmente fica impec a tratar da malta toda péssima . Desta o bicho pegou. Apanhou um pico baixo de defesas ou alto de cansaço e não pensou duas vezes.
Depois de uma noite em claro arrastei-me para o médico e a minha cara devia ser tão boa que ela também achou que eu tinha alguma coisa grave. Análises, rx e saí de lá com uma amigadalite viral. Nome meio banal para a destruição que estava a fazer. A médica explicou que tinha de dormir dormir dormir e passava. Eu expliquei-lhe que tinha 4 filhos, três deles bebés e uma crescida com dois amigos americanos a dormir cá em casa. Não me podia dar ao luxo de ficar doente.
É nesse momento que joka saca da sua capa de superpoderes e toma conta da situação. Trata de todos e de mim com tudo o que é preciso. A minha mãe aparece com jantar e tudo se resolve sem eu sair da cama.
24horas depois já sem febre. A caminho de nova e com a certeza de que afinal me posso dar ao luxo de ficar doente. Dispenso bem mas se bater a bota eles orientam-se e isso deixa-me tranquila.
Obrigada joka, yourock.
3/09/2016
Pico de febre do zé
O xavi teve um ontem. 39 de febre um benuron, bochechas a arder, água e mais água, fruta e passou.
Lembrei-me hoje a caminho do trabalho que o zé ia também teve um igual mas foi bem mais assustador.
Acabados de aterrar em São Tomé, hotel top e depois de um dia na piscina ainda a aterrar tivemos uma noite aterradora. Sabíamos que ir a São Tomé era arriscado por não ter sistema de saúde fiável, sabíamos porque o pediatra nos tinha dito e até desaconselhado. Sabíamos que haviam doenças diferentes das de cá e que não sabíamos bem os sintomas. Sabíamos tudo isto mas também sabíamos que as probabilidades de apanhar alguma coisa eram reduzidas, íamos prevenidos e afinal lá também há crianças e que está tudo bem.
Sabíamos isto tudo, sabichões, até que ao princípio da noite do primeiro dia em que o zé ia começa com um febrão. Não era coisa habitual nele, tinha um ano acabado de fazer e já tinha tido febre na vida mas nada disto. De repente 39 e sem mais sintomas.
Benuron supositório com ele e deitámo-lo no meio de nós na cama de baixo do mosquiteiro. Ele ardia. Olhávamos um para o outro com aquele ar "uii que isto vai dar cocó". Toalhas molhadas na testa e minutos depois tavam a ferver. Um voo semanal na altura para ir e voltar para portugal, saía no dia seguinte de madrugada e ponderamos em ir lá suplicar um lugar para nós. Qualquer coisa também tínhamos o telefone do médico, o tal que nos tinha aconselhado a não ir. Paí 3 horas neste cenário. Os três agarradinhos a rezar para que passasse o que quer que fosse que ele tinha. Ele dormia e nós olhávamos para ele. Nunca fomos galinhas mas na ilha deserta a história era mais complicada. Milhões de cenarios mirabolantes e três horas depois ele tava melhor, mais uma e tava óptimo.
Dormiu bem e acordou perfeito. Bem disposto e animado delirante de estarmos lá todos juntos.
Decidimos ficar, na verdade o dificil seria decidir outra coisa sendo que só tínhamos bilhete para uma semana depois. Decidimos continuar os planos de percorrer a ilha, voltávamos a correr se ele tivesse mais um grau.
Não teve. Não sei o que lhe deu naquela noite mas depois disso tava perfeito. Tal como o xavi ontem às tantas.
Foi a melhor viagem das nossas vidas, foi espetacular. Fora essa noite que foi só assustadora.
3/08/2016
E tu? Queres ser voluntário?
A margarida logo depois do post das papas veio falar comigo e disse que achava uma grande ideia essa de personalizar qualquer coisa para miúdos que vivem em instituições. Top esta margarida. Disse-lhe que faríamos qualquer coisa mesmo qua a coisa não avançasse. E assim será! Quem alinha?
Páscoa à porta pensamos que era giro personalizar ovos. Boa ideia achei eu mas a margarida acrescentou com razão, mas depois os ovos comem-se, e se dermos canecas com os nomes de cada um com ovos lá dentro? Perfeito margarida, you rock.
Em menos de nada estava ela a ligar a pedir orcamentos e eu a ligar para instituições a ver quem alinhava. Feito. Eles contentes e nós radiantes.
E como vai ser?
Sexta feira santa, porque é feriado e é mais fácil para nós irmos e para eles estarem porque estão de férias. São entre 20 e 30 miúdos, dos fixes.
Juntamos alguns voluntarios e vamos todos. Famílias bem vindas.
Primeiro pintamos ovos todos juntos.
Distribuímos as canecas a cada um e começa a caça aos ovos.
Clássico da páscoa e sempre divertido.
E depois beijinhos, abraços, conversas e o que for para nos despedirmos e quem sabe voltarmos a ver-nos um tempo depois.
Quem alinha?
Estamos a abrir para mais 10 adultos (casais ou não) e respectivos miúdos (ou não).
Aos voluntários vamos pedir uma contribuição para as canecas (quem quiser muito mas não puder arranjamos maneira) e ovos de chocolate para escondermos e caçarem.
Bora nessa?
Como não há maneira justa de escolher sugiro fazer como já fizemos: os interessados comentam este post no Facebook e os donos dos comentários com mais votos serão os voluntarios, deal?
3/07/2016
E agora, Maria de Belém...?
As presidenciais já lá vão. É por isso óbvio que estou a falar de Maria de Belém, membro mais recente da família Amado, com as devidas vénias e pêlo à mistura. Quem tem cão sabe que é difícil. Mas há difíceis e depois há a Maria de Belém...
Não sei se será da idade mas a paciência para cães está a passar para valores negativos. Então vejamos:
Acontecimentos quase diários:
1) O problema digestivo. Passeias a cadela 20 minutos, faça chuva ou faça vento. Ela cheira, ela corre, ela ladra, ela senta-se e olha para ti. Não aguentas mais o frio e o facto de não estares a fazer nada. Ela entra em casa e 5 minutos depois já sentes o cheiro nauseabundo dum cocó espumoso acabadinho de fazer. Limpas a coisa com ligeiro vómitos, disciplinas como possível e simpaticamente a cadela. Passas a esfregona, afastas a criançada. Quando já arrumaste o material de limpeza, observas noutro canto um laguinho de xixi. Contas até 10 e vais buscar o material de limpeza. Disciplinas a cadela. Limpas a coisa. Mal acabas, vês que já cheira outra a vez a cocó. Duvidas por te parecer impossível. Vais ver os rabos dos míudos, um a um, para ver se foram eles. Não foram. Assumes que o cheiro já se entranhou em ti. Vais arrumar o material de limpeza ligeiramente mais animado, sensação de dever cumprido, quando o último passo que dás antes de encerrar o processo culmina num pisar de lama, que te apercebes quase instantaneamente que é cocó. Eu que até gosto de falar de cocó, já não aguento mais. De notar que isto já aconteceu de madrugada. Sim, quando eu estava descalço. Já pensei em ir a um psicólogo por causa da cadela. Mas depois tenho medo que ela descubra e se vingue ainda mais. Sim já pensei em maneiras de "perder a cadela", ou de acontecer um "acidente", mas tenho medo que a coisa corra mal e me saia do bolso.
2) O fetiche do abat-jour. Nenhum animal tem fetiches destes. Nenhum! Obviamente que a nossa cadela tem um fetiche por abat-jours (já devia haver uma palavra portuguesa para esta treta). Mal se vê sozinha, a Maria de Belém procura abat-jours pela casa. Arranca-os e lentamente come ou rói a maldita coisa. Porquê?? Para se iluminar? Porque faz lembrar ração? Não faz sentido mas acontece. Já pensei em levar a cadela a um psicólogo canino. Mas imagino que não exista. E se existir deve ser caro...
3) O ser cega, surda e muda. Apesar de não demonstrar nenhum deste problemas, tenho para mim que a Maria de Belém tem ataques de cegueira, surdez e mudez.
Muda é porque não ladra, não gane mas sobretudo porque não responde às perguntas que lhe faço.
A cegueira instala-se quando de repente está ao meu lado a roer uma peça de roupa, um abat-jour, um brinquedo de bebé, panos, caixas, tupperwares, ou qualquer outra coisa da lista dos proibidos. Eu estou mesmo ao lado e ela comete estes crimes como se nada fosse! Só pode ser cega! Eu estou aqui!! Era como se eu, ao lado do meu chefe, fizesse como se ele não existisse e fosse ao cinema em horário de trabalho enquanto dizia que estava a trabalhar.
Surda porque não ouve nada do que eu digo. Nem quando chamo pelo nome ela se vira ou olha para mim. Deve estar à espera que eu a trate por doutora, princesa belém. Ou então não gosta do nome que lhe pusemos e está à espera que lhe chame pelo nome de origem: "Cidra"
4) O jogo da apanhada. Quando eu a chamo de forma mais impaciente, seja para ir passear, comer, zangar ou simplesmente quando lhe peço para ir de quarto A para quarto B, a Maria de Belém desloca-se para a mesa da casa de jantar. É aqui que eu percebo que ela não é estúpida. Quando se apercebe da urgência na minha voz, posiciona-se estrategicamente no lado oposto da dita mesa. Quando a tento apanhar pela direita, ela dá a volta pela esquerda. Começo a correr para a apanhar e ela mais corre para fugir. Dou por mim e estamos a correr à volta da mesa da casa de jantar e passam pelo menos 10 minutos antes que fique perto de a apanhar. Porque aí começo a ficar cansado, ligeiramente asmático e com fumo a sair da cabeça. Já passei por cima da mesa e mesmo assim não a apanho. Parece um filme cómico do qual eu saio quase a chorar. Fazemos esta brincadeira muitas vezes. Eu era bom a jogar a apanhada, mas encontrei uma digna adversária.
Portanto, estou disponível para receber conselhos e ajuda. Grátis de preferência. Se alguém quiser passar uma semana com ela, está perfeitamente disponível. É uma cadela excpecional. De excepção. Como nunca vi. Mas agora vou estar motivado para ganhar a guerra.
E Agora, Maria de Belém?
PS - You can't Win, Maria de Belém!!