3/28/2016

O programa era o prometido mas e como foi?

Segunda sobre sexta.

O desafio estava lançado. O programa era o prometido. Quem alinhou?
Pedimos a cada uma das 6 famílias que foram se podiam partilhar afinal o que se tinha passado. E assim contamos pelas mãos deles.

A história começa contada pela Mafalda: 

Devagarinho fomos chegando. Entrando naquela grande casa com um grande jardim. Uns com ovos brilhantes em sacos, outros com miúdos envergonhados nas mãos. Meios arrastados pela vergonha, mas curiosos.
Mesas postas, tintas abertas e foi-se desafiando moradores da casa, miúdos e graúdos a pintar os fantásticos “ovos” feitos pela Rosa. Os meus filhos pintavam animadamente os ovos, e as mãos, a roupa, a boca, pois claro. Para o mais pequeno era uma novidade mexer num pincel daquela maneira. Ao meu lado uma jovem da casa dizia “eu não pinto porque não me quero sujar”, eu rindo-me disse: “estás no sítio errado porque estes dois estão animados” e a resposta foi um sorriso aberto e, permaneceu no mesmo local!
As canecas foram um sucesso, entregues numa roda alargada, as palavras eram poucas (não falemos do “cheira mal” ) mas as gargalhadas já eram muitas.
Daí partimos para a caça aos ovos de chocolate. Pequenos e grandes apareciam do meio das ervas com papeis brilhantes e coloridos. Mãos sujas de chocolate, prontas para atacar o lanche.
A tímida da minha filha quando cheguei ao refeitório já estava sentada na mesa de pão na mão. Integrada. No meio de todos aqueles que eram, na sua maioria, maiores que ela. É significativo de uma casa acolhedora, com colaboradores a transmitirem a confiança, o carinho e o conhecimento de quem cuida e ajuda crianças a crescer e com jovens e crianças disponíveis para estas maluquices de mãos cheias de chocolate. Tarde cheia. Que melhor para uma sexta feira-santa?


Depois pelos olhos da Catarina:

Como seguidora atenta desta família que me inspira e com o bichinho para o voluntariado, de outros tempos nos Grupos de Jovens da Verbumdei, não fiquei indiferente a este desafio e achei que era a altura certa para o fazer em família, e voluntariei-nos mesmo sem perguntar a ninguém!
Entretanto surgiram outros programas, outras ideias também aliciantes para esta Sexta feira à tarde, mas nada podia ser mais importante do que passarmos uma tarde juntos a fazer algo pelos outros, e mostrar às nossas filhas que podíamos levar um pouco de nós a outros meninos que tal como a Carolina (7) e a Francisca (4) só querem e merecem ser felizes e ter dias especiais, que os marcam e enchem o coração.
Levamos connosco um saco com ovinhos e coelhinhos de chocolate para esconder, levamos também um bolo de chocolate ainda quente para a o lanche (o bolo que não falta nos nossos dias especiais).
Chegamos e vimos um grupo, um grupo grade onde não se sentia que havia os da casa e os outros. Todos estavam a pintar ovos, havia sorrisos, gargalhadas, tinta muita tinta, ovos que ganhavam vida à medida que eram coloridos.
Numa roda foram oferecidas as tais canecas com a alcunha de cada um aos meninos da casa, e estes apresentaram-se uns aos outros, e fizeram perguntas a quem quiseram! Os nomes eram alcunhas desde “monstro das bolachas” a “blue eyes chocapic”, delicioso.
Todos juntos correram pelo jardim fora à caça dos ovos, todos juntos grandes e pequeninos entreajudaram-se a encontrar mais ovos, mais smartis, mais surpresas! Deram-nos também uma lição, os que tinham mais estavam atentos aos que tinham menos, ou que ainda não tinham encontrado e partilhavam e dividiam, os sorrisos cresceram, os brilhos nos olhos contagiavam-nos.
Todos juntos lanchamos, adorei ver o bolo desaparecer num instante! Todos juntos brincamos, no parque infantil, no campo de futebol.
No fim da tarde o nosso saco vazio de ovos e de coelhinhos de chocolate vinha cheio e pesado.
No caminho para casa percebemos que o saco estava cheio de pequenos momentos que cada um dos 4 contou, que a cada um marcaram, cheio de vontade de repetir e de voltarmos a sair de nós para nos darmos aos outros. Sabemos que não temos tanto quanto gostaríamos para ajudar, mas percebemos também que com pouco damos muito e recebemos ainda mais.
Dar tempo é receber sorrisos, dar atenção é receber histórias, dar colo é receber amor. O nosso saco vinha agora mais doce do que quando estava cheio de ovinhos de chocolate.
A tarde de ontem transformou-nos aos 4!


Depois conta o Fernando que foi no tour de conhecer a casa, os quartos e tudo mais. Conhecer os meandros e perceber melhor como vivem os miúdos. E diz cheio de sentido:

Antes de mais começo por vos dar a definição de irmão: título de fraternidade que os homens podem dar-se mutuamente; pessoa muito amiga da outra; igual; semelhante.
A Margarida, os miúdos e eu só temos de vos agradecer. Agradecemos-vos por serem uma família forte, unida, solidária, amiga. Sentimos que estava entre uma grande família onde os mais velhos e os mais novos se entre-ajudam.
Muitos de nós pensamos: "- Mas eu não escolhi esta família!"
Ninguém escolhe...
O mais importante são aqueles que acompanham o nosso crescimento, são eles que definem a nossa maneira de ser, que nos ajudam a criar e a preparar o nosso futuro, ajudam-nos a ser compreensivos, mestres e professores da escola da vida.
Fiquei contente por ver que alguns de vós regressa à casa que vos acolheu, sabendo que vão sempre encontrar um lugar na mesa e o mesmo sentimento de irmandade à vossa espera.
Mais uma vez obrigado a todos por nos mostrarem que os irmãos nunca são demais!

E a Sofia que levou três mini que nem os meus diz:

Que tarde maravilhosa a de sexta-feira, era dia Santo e, foi um Santo dia para nós. 
Mudámos a nossa tradição deste dia e em vez de mexilhões para encher a barriga enchemos o coração, o nosso e principalmente o dos nossos filhos. Viemos com a sensação de termos recebido MUITO mais do que demos, será?

E acabando em beleza a Madalena remata:

Acho que não foi a presença de cada um que fez a diferença mas a de todos juntos, como se fosse uma festa surpresa para todos os jovens do centro de acolhimento. Foi muito bom poder fazer parte.


E concordo Madalena, o segredo esteve no conjunto. Obrigada a todos por terem vindo. Começar e sair de casa é sempre o que custa mais. Depois chegar e aquele misto de excitamento e nervosismo do “será que vai correr bem?”.
Correu. A tal magia aconteceu e agora não largam as canecas. Diz-nos a Soraia monitora de lá que nem querem usar com medo de as estragar.


Pró ano há mais, ou quem sabe antes.


















e acabar com o desenho maravilhoso da Francisca sobre o que foi para ela o dia.



3/27/2016

Páscoa 2016

Parar. Arrancar.
Carregar no ensopado de borrego que a mãe fez e estava top. Pão de ló aos molhos. Chá e vinho.
Filmes. Passeios. Caça aos ovos. Overload de chocolate.
Colo e mais colo.
Estar e aproveitar o melhor que a vida tem.

3/21/2016

3.21



21 de março, dia mundial da trissomia 21. Esse bicho de sete cabeças ou de olhos em bico.

Ainda antes do nosso zé ia nascer já esse dia dava cartas. Na verdade foi o dia em que começámos a namorar, dia sem dúvida único.
Dois anos depois foi o dia em que ficou tudo bem, em que soubemos que vinha o zézão cheio de cromossomas e escrevemos aqui.


Depois disso os anos vão passando e este é sempre um grande dia. É um dia importante, um dia em que nos orgulhamos de saber mais sobre o assunto e um dia que gostávamos que mais um ou outro soubessem que a vida das pessoas com t21 é uma vida extraordinária para eles e para os que vivem com eles. Dia em que contámos como foi saber, como foi amniocentese, como o cromossoma quase se adivinhava na magia dos números.

Hoje o dia começou normal, fraldas, ranhos, torradas, café, uns na escola outros não sei onde. Tudo ao molho, belém aos saltos arrancar para o trabalho e só lá para as 11h realizei que é dia 21. O dia.
Este ano mais que os outros ando um bocado a fugir à trissomia. Cena que adoro e pessoas pelas quais defenderei direitos até ao fim dos meus dias, mas sim nós pais também nos fartamos de falar a toda a hora do tema. É sempre conversa, há sempre tanto a dizer, faz parte da nossa vida e faz parte de nós, mas este ano sinto que não tenho muito mais a acrescentar que isso. Que é um extraordinário mundo que não se explica, que se vive intensamente.



Mas deixo um desafio. Se nestes dias (ou algures nalgum dos 365 que se seguem) virem trissómicos por aí falem-lhes. Digam olá e um ou dois beijinhos da praxe. Se não tiver idade para falar ou perceber façam isso à mãe, pai ou irmão que estão com eles. Não tenham medo que eles também não. Estão habituados que as pessoas olhem e até comentem, porque a curiosidade não matou só o gato também gera algum alarido. E não faz mal se não tiver maldade. Por isso saquem do vosso melhor sorriso ou abraço e dêem-no a algum trissómico, dito assim meio à bruta parece só parvo mas acreditem que vai melhorar em muito o vosso dia. E para alguém que não ouve elogios com tanta frequência vai ser espetacular.

3/20/2016

Sobre ser pai de alguém por quem se dá a vida sem se lhe ter dado vida. Escrito para os Amigos prá vida

Esta é a história de uma família onde chegou uma filha já adolescente. As palavras são do pai João, que nestes dias em que se celebra o amor entre pais e filhos nos conta como aconteceu este encontro.

"Os irmão praticamente nasceram com ela. Não sabem o que é ter uma vida sem a Tanica. E nós pais também já não (...) Cada filho que tenho faz-me ser uma melhor pessoa e querer ser melhor pai"

Aqui fica o testemunho do amor que juntou os pais João e Rosa à filha Tânia, Tanica, como é carinhosamente chamada.

E porque o dia do pai é quando se quiser... Feliz dia do Pai :)

"Quando namorávamos, a Rosinha e eu sempre concordávamos que queríamos ter mais de 3 filhos.
Sempre gostámos da ideia de que um dos filhos fosse adotado, porque pelos países onde passámos havia sempre crianças que não tinham oportunidade de ter uma família normal.
Eu conheci a Tânia pela primeira vez em 2007, uns meses depois de começar a namorar com a Rosinha.
A Rosinha fez-me entender a importância que o voluntariado tinha na vida dela e que acompanhava miúdos de instituições, para que acreditassem que as pessoas pudessem ficar na vida delas a longo prazo, seja como amigos ou mesmo mentores.
Marcou-me imenso conhecer a Tânia porque tinha uma genica encantadora apesar de ter um feitiozinho difícil. E quando vi o bem que a Rosa fazia e a felicidade que ela trazia aos miúdos, deu-me vontade de ser como ela e sugeri mesmo na altura, após uns meses de namoro, que devíamos adota-la e que ela também tinha direito a uma família.
Isto foi em 2007. Mal sabia eu o que viria a acontecer mais tarde.

A mesma família para sempre

O que fala sempre mais alto é saber que podemos melhorar a vida de alguém. Obviamente que há sempre um lado egoísta que nos faz sentir melhor. Mas o raciocínio era sempre o mesmo: Porque é que as pessoas não têm direito, com a idade que seja, a ter uma família que esteja lá para quando seja preciso?
Sinceramente nem pensámos muito nos receios. Só depois, quando percebemos que de facto íamos ter uma aventura desconhecida pela frente, mas sempre com uma ansiedade feliz, como com qualquer outro filho.
Nesse aspecto, fizemos questão de que desde o primeiro minuto fossemos a mesma família e para sempre.

4 filhos e um sono mais leve

A Tanica e os irmãos é uma felicidade constante e gigante. Para ela ter irmãos mais novos que pode ajudar a moldar foi um desafio que abraçou e encarou com responsabilidade desde o primeiro dia.
Os irmãos praticamente nasceram com ela. Não sabem o que é ter uma vida sem a Tanica. E nós pais também já não.
Admito que, como pai, fez-me confusão ter uma filha que já era adolescente. Mas tive a maior sorte do mundo porque a Tânia é das pessoas mais responsáveis que conheço. Só perde o norte quando se trata de ajudar pessoas e nisso sai à Rosa.
Eu sou mais o chato lá em casa, a perguntar para onde vai, com quem vai, etc. Mas foi giro num dia só ir buscar miúdos a creche e no outro passar a ir buscar a Tanica a uma festa à noite. Passei a ter um sono mais leve, digamos assim...

Lições de vida

A Tanica deu-me o que qualquer outro filho dá a um pai: Um acrescento gigante à minha vida, com uma visão diferente e melhor.
Basicamente, cada filho que tenho faz-me ser uma melhor pessoa e querer ser melhor pai. Se calhar ainda temos que ter mais um ou dois para chegar ao ponto certo.
Mas não tenho dúvida que todos nós somos mais felizes e melhores por ter a Tanica na nossa família para sempre.

Uma mensagem

Existem sempre barreiras, opiniões ou constrangimentos que fazem as pessoas duvidar ou hesitar.
Eu digo sempre às pessoas que só com informação e testemunho é que se consegue perceber o que se pode fazer e o que se quer fazer, e que há pessoas e instituições que nos ajudam a misturar as duas coisas.
O projeto "Amigos p'ra vida" é uma iniciativa que permite fazer exatamente isso.
Há que ter bom senso mas também abrir o coração. E aí cada um terá as suas regras e as suas maneiras de viver a vida.
Obrigado."

Obrigado a ti, pai João, por este testemunho único de uma família tão especial e com uma história tão bonita.

Entrevista dada pelo João para os Amigos pra vida
Também os podem seguir na página do Facebook deste projecto espetacular - Amigos pra vida: https://www.facebook.com/amigospravida/

3/18/2016

Dia de avaliações

Do manel e do zeia. 

se houve alturas em que me preocupei e quase não dormia a pensar nas cruzes fora de sitio. agora nem penso nisso.

fui ouvir e decidi não ligar a cruzes de não adquirido, em aquisição ou adquirido. faz parte e não tenho medo delas mas prefiro aproveitar o que têm para me dizer e depois vejo o resto em casa.

o zé continua um bicho social, o rei da cocada. está integradíssimo. tenta agora falar muito mais e como bom macaquinho de imitação repete tudo o que lhe dizem. tem optima capacidade de concentração e gosta de fazer trabalhos manuais mas qb. a cena das cuecas já teve piores dias esperemos que daqui para a frente tenhamos cada vez menos acidentes.

o manel está fixe também. acompanha bem tudo e mostra interesse em todas as actividades. às vezes diz que tá cansado quando não quer fazer [sabes muito sr né]. é líder e é liderado e acho bem que saiba ser os dois que isto da vida crescida tem muito que se lhe diga. no recreio não é dependente do zé como em casa, vai lá ter com ele de vez em quando mas a maior parte do tempo quer e jogar futebol. o seu amor pelo belém entra pela escola dentro e quando é altura de pedir musicas pede o hino, já todos na escola conhecem. isso e tudo o resto. não diz bem os "Ls" e por isso vai fazer avaliação da fala que me parece perfeito, não fosse um custo adicional. apesar de para ele não ser nada complicado adoro a ideia de também ter terapia para saber que não é nenhum bicho papão e que não faz mal calhar a todos.

depois no quentinho da noite lá me perdi nas cruzes. têm os dois na mesma proporção a coluna do em aquisição, depois o manel tem mais da direita de adquiridos e o zé da esquerda não adquiridos. às tantas são tendências politicas. não me preocupa, estão fixes e isso é o que interessa, o resto vamos gerindo.


3/16/2016

Parada

Fui almoçar sozinha na esperança que o tempo parasse.
Sentei-me, pedi um hambúrguer e parei a olhar para cima na esperança que o tempo parasse.

Tentar não pensar em nada. Não sentir nada. Não nada.
Limpar a cabeça do caos de tudo e de nada. Perder tempo a não fazer nada.

Ficar ali só a aproveitar o sol entre nuvens. Estranhar quando demora muito a aparecer e aproveitar quando fica.
Querer nada. Muito de nada. Nem sequer que o hambúrguer chegue para não estragar.

Tanta coisa para não pensar. Tantas coisas por desorganizar na cabeça. Querer que isso tudo fique lá quietinho.
Nada de trabalho, nada de miúdos, nada de graúdos. Nada de nada.
Vento na cara e o sol volta.
Tenho de fazer mais vezes disto. Isto do nada faz falta para tudo.
Fechar os olhos. Tentar não adormecer, adormecer só um bocadinho e pedir um café.

Beber devagarinho. E ficar mais um bocadinho.


3/11/2016

Um pico para ti um camião tir para mim

Um piquinho de febre para ti um camião tir para mim.
Veio devagarinho dores de garganta, depois no corpo e quando dei por mim sentia-me pior que a meredith depois da sova que levou.

Eu doente. Aquela que não apanha nada de ninguém, tão ruinzinha que nenhum bicho lhe pega. A que normalmente fica impec a tratar da malta toda péssima . Desta o bicho pegou. Apanhou um pico baixo de defesas ou alto de cansaço e não pensou duas vezes.

Depois de uma noite em claro arrastei-me para o médico e a minha cara devia ser tão boa que ela também achou que eu tinha alguma coisa grave. Análises, rx e saí de lá com uma amigadalite viral. Nome meio banal para a destruição que estava a fazer. A médica explicou que tinha de dormir dormir dormir e passava. Eu expliquei-lhe que tinha 4 filhos, três deles bebés e uma crescida com dois amigos americanos a dormir cá em casa. Não me podia dar ao luxo de ficar doente.

É nesse momento que joka saca da sua capa de superpoderes e toma conta da situação. Trata de todos e de mim com tudo o que é preciso. A minha mãe aparece com jantar e tudo se resolve sem eu sair da cama.

24horas depois já sem febre. A caminho de nova e com a certeza de que afinal me posso dar ao luxo de ficar doente. Dispenso bem mas se bater a bota eles orientam-se e isso deixa-me tranquila.

Obrigada joka, yourock.

3/09/2016

Pico de febre do zé

O xavi teve um ontem. 39 de febre um benuron, bochechas a arder, água e mais água, fruta e passou.

Lembrei-me hoje a caminho do trabalho que o zé ia também teve um igual mas foi bem mais assustador.

Acabados de aterrar em São Tomé, hotel top e depois de um dia na piscina ainda a aterrar tivemos uma noite aterradora. Sabíamos que ir a São Tomé era arriscado por não ter sistema de saúde fiável, sabíamos porque o pediatra nos tinha dito e até desaconselhado. Sabíamos que haviam doenças diferentes das de cá e que não sabíamos bem os sintomas. Sabíamos tudo isto mas também sabíamos que as probabilidades de apanhar alguma coisa eram reduzidas, íamos prevenidos e afinal lá também há crianças e que está tudo bem.

Sabíamos isto tudo, sabichões, até que ao princípio da noite do primeiro dia em que o zé ia começa com um febrão. Não era coisa habitual nele, tinha um ano acabado de fazer e já tinha tido febre na vida mas nada disto. De repente 39 e sem mais sintomas.

Benuron supositório com ele e deitámo-lo no meio de nós na cama de baixo do mosquiteiro. Ele ardia. Olhávamos um para o outro com aquele ar "uii que isto vai dar cocó". Toalhas molhadas na testa e minutos depois tavam a ferver. Um voo semanal na altura para ir e voltar para portugal, saía no dia seguinte de madrugada e ponderamos em ir lá suplicar um lugar para nós. Qualquer coisa também tínhamos o telefone do médico, o tal que nos tinha aconselhado a não ir. Paí 3 horas neste cenário. Os três agarradinhos a rezar para que passasse o que quer que fosse que ele tinha. Ele dormia e nós olhávamos para ele. Nunca fomos galinhas mas na ilha deserta a história era mais complicada. Milhões de cenarios mirabolantes e três horas depois ele tava melhor, mais uma e tava óptimo.

Dormiu bem e acordou perfeito. Bem disposto e animado delirante de estarmos lá todos juntos.
Decidimos ficar, na verdade o dificil seria decidir outra coisa sendo que só tínhamos bilhete para uma semana depois. Decidimos continuar os planos de percorrer a ilha, voltávamos a correr se ele tivesse mais um grau.

Não teve. Não sei o que lhe deu naquela noite mas depois disso tava perfeito. Tal como o xavi ontem às tantas.

Foi a melhor viagem das nossas vidas, foi espetacular. Fora essa noite que foi só assustadora.

3/08/2016

E tu? Queres ser voluntário?

A margarida logo depois do post das papas veio falar comigo e disse que achava uma grande ideia essa de personalizar qualquer coisa para miúdos que vivem em instituições. Top esta margarida. Disse-lhe que faríamos qualquer coisa mesmo qua a coisa não avançasse. E assim será! Quem alinha?

Páscoa à porta pensamos que era giro personalizar ovos. Boa ideia achei eu mas a margarida acrescentou com razão, mas depois os ovos comem-se, e se dermos canecas com os nomes de cada um com ovos lá dentro? Perfeito margarida, you rock.

Em menos de nada estava ela a ligar a pedir orcamentos e eu a ligar para instituições a ver quem alinhava. Feito. Eles contentes e nós radiantes.

E como vai ser?
Sexta feira santa, porque é  feriado e é  mais fácil para nós irmos e para eles estarem porque estão de férias. São entre 20 e 30 miúdos, dos fixes.

Juntamos alguns voluntarios e vamos todos. Famílias bem vindas.

Primeiro pintamos ovos todos juntos.
Distribuímos as canecas a cada um e começa a caça aos ovos.
Clássico da páscoa e sempre divertido.

E depois beijinhos, abraços, conversas e o que for para nos despedirmos e quem sabe voltarmos a ver-nos um tempo depois.

Quem alinha?

Estamos a abrir para mais 10 adultos (casais ou não) e respectivos miúdos  (ou não).
Aos voluntários vamos pedir uma contribuição para as canecas (quem quiser muito mas não puder arranjamos maneira) e ovos de chocolate para escondermos e caçarem.

Bora nessa?
Como não há maneira justa de escolher sugiro fazer como já fizemos: os interessados comentam este post no Facebook e os donos dos comentários com mais votos serão os voluntarios, deal?

3/07/2016

E agora, Maria de Belém...?

Caríssimos,

As presidenciais já lá vão. É por isso óbvio que estou a falar de Maria de Belém, membro mais recente da família Amado, com as devidas vénias e pêlo à mistura. Quem tem cão sabe que é difícil. Mas há difíceis e depois há a Maria de Belém...

Não sei se será da idade mas a paciência para cães está a passar para valores negativos. Então vejamos:

Acontecimentos quase diários:

1) O problema digestivo. Passeias a cadela 20 minutos, faça chuva ou faça vento. Ela cheira, ela corre, ela ladra, ela senta-se e olha para ti. Não aguentas mais o frio e o facto de não estares a fazer nada. Ela entra em casa e 5 minutos depois já sentes o cheiro nauseabundo dum cocó espumoso acabadinho de fazer. Limpas a coisa com ligeiro vómitos, disciplinas como possível e simpaticamente a cadela. Passas a esfregona, afastas a criançada. Quando já arrumaste o material de limpeza, observas noutro canto um laguinho de xixi. Contas até 10 e vais buscar o material de limpeza. Disciplinas a cadela. Limpas a coisa. Mal acabas, vês que já cheira outra a vez a cocó. Duvidas por te parecer impossível. Vais ver os rabos dos míudos, um a um, para ver se foram eles. Não foram. Assumes que o cheiro já se entranhou em ti. Vais arrumar o material de limpeza ligeiramente mais animado, sensação de dever cumprido, quando o último passo que dás antes de encerrar o processo culmina num pisar de lama, que te apercebes quase instantaneamente que é cocó. Eu que até gosto de falar de cocó, já não aguento mais. De notar que isto já aconteceu de madrugada. Sim, quando eu estava descalço. Já pensei em ir a um psicólogo por causa da cadela. Mas depois tenho medo que ela descubra e se vingue ainda mais. Sim já pensei em maneiras de "perder a cadela", ou de acontecer um "acidente", mas tenho medo que a coisa corra mal e me saia do bolso.

2) O fetiche do abat-jour. Nenhum animal tem fetiches destes. Nenhum! Obviamente que a nossa cadela tem um fetiche por abat-jours (já devia haver uma palavra portuguesa para esta treta). Mal se vê sozinha, a Maria de Belém procura abat-jours pela casa. Arranca-os e lentamente come ou rói a maldita coisa. Porquê?? Para se iluminar? Porque faz lembrar ração? Não faz sentido mas acontece. Já pensei em levar a cadela a um psicólogo canino. Mas imagino que não exista. E se existir deve ser caro...

3) O ser cega, surda e muda. Apesar de não demonstrar nenhum deste problemas, tenho para mim que a Maria de Belém tem ataques de cegueira, surdez e mudez.
Muda é porque não ladra, não gane mas sobretudo porque não responde às perguntas que lhe faço.
A cegueira instala-se quando de repente está ao meu lado a roer uma peça de roupa, um abat-jour, um brinquedo de bebé, panos, caixas, tupperwares, ou qualquer outra coisa da lista dos proibidos. Eu estou mesmo ao lado e ela comete estes crimes como se nada fosse! Só pode ser cega! Eu estou aqui!! Era como se eu, ao lado do meu chefe, fizesse como se ele não existisse e fosse ao cinema em horário de trabalho enquanto dizia que estava a trabalhar.
Surda porque não ouve nada do que eu digo. Nem quando chamo pelo nome ela se vira ou olha para mim. Deve estar à espera que eu a trate por doutora, princesa belém. Ou então não gosta do nome que lhe pusemos e está à espera que lhe chame pelo nome de origem: "Cidra"

4) O jogo da apanhada. Quando eu a chamo de forma mais impaciente, seja para ir passear, comer, zangar ou simplesmente quando lhe peço para ir de quarto A para quarto B, a Maria de Belém desloca-se para a mesa da casa de jantar. É aqui que eu percebo que ela não é estúpida. Quando se apercebe da urgência na minha voz, posiciona-se estrategicamente no lado oposto da dita mesa. Quando a tento apanhar pela direita, ela dá a volta pela esquerda. Começo a correr para a apanhar e ela mais corre para fugir. Dou por mim e estamos a correr à volta da mesa da casa de jantar e passam pelo menos 10 minutos antes que fique perto de a apanhar. Porque aí começo a ficar cansado, ligeiramente asmático e com fumo a sair da cabeça. Já passei por cima da mesa e mesmo assim não a apanho. Parece um filme cómico do qual eu saio quase a chorar. Fazemos esta brincadeira muitas vezes. Eu era bom a jogar a apanhada, mas encontrei uma digna adversária.

Portanto, estou disponível para receber conselhos e ajuda. Grátis de preferência. Se alguém quiser passar uma semana com ela, está perfeitamente disponível. É uma cadela excpecional. De excepção. Como nunca vi. Mas agora vou estar motivado para ganhar a guerra.

E Agora, Maria de Belém?

PS - You can't Win, Maria de Belém!!

[aqui numa tentativa quase suicida quando a deixamos sozinha na varanda. Ainda que com rede, dribla a cena para a adrenalina do abismo. lá está a necessidade de psicólogo]

3/04/2016

enchia-vos de presentes

Sou de presentes, saio à minha mãe nisso.

Adoro dar presentes mais até do que receber, mas claro adoro receber também. Quando dou adoro pensar em todos os detalhes, nem sempre dá mas tenho impressão que podia ser profissional disso.

É para mim uma maneira de mostrar o amor que tenho pelos outros. É mais fácil para mim do que dizer ou mostrar o quanto gosto deles. Também o faço mas menos. 

Dou abraços e beijinhos mas mais ao joão e aos mais pequeninos depois menos. Não sei bem porquê, não há uma razão. Por um lado não os quero deixar desconfortáveis no tempo ou na intensidade dos abraços ou beijos e por isso evito. Coisa estúpida. Dizias-me que não existe tempo ou intensidades erradas para beijos e abraços, mas existe. Vou para o inferno mas a verdade é que às vezes acho que podia ter sido mais ou menos. Aguento e não digo, está claro, apesar de calhau com pernas sou educada.


Fora isso adoro comprar presentes, a todo o lado que vou vejo coisas que seriam boas para este ou aquele. Vou ao supermercado e acabo com calças para o joão [que ele nem sabia que queria], ou brinquedos para a Belém. Tento controlar os impulsos para não estragar os mais pequenos mas não se escapam a coisas mais aspiracionais como animais ou legos do olx. Para a tania já percebi que não sei escolher roupa [apesar de ela me roubar das minhas] e por isso compro brincadeiras como lâmpadas fashion. Que no fundo não é uma brincadeira sendo que a Belém lhe come todos os candeeiros e ela anda a velas.

Aos amigos houvesse mais dinheiro e mais coisas compraria. Minhentas vezes me cruzo com coisas que acho a cara deles [as tantas não são nada] e compraria caso vivesse à larguinha.
Para amigos, para tios, para primos, mais que um abraço saía com mais jeito um presente, presentinho ou presentão.



Mas não devia bem sei. Abraços e beijos não se medem aos palmos nem às palmadas. Entretanto e enquanto não melhoro nisso sai uma wish list para cada um, directa do coração e cheia de amor. Constantemente, o que da um jeitão para quem quer controlar custos.


3/02/2016

E tu? O que farias?

Nunca vais saber o que farias sem passar por isso. Nunca vais perceber o que se sente se não sentires, mas não faz mal pensar no que farias. como seria.


Não sei bem o que eu diria que faria antes de ter passado por isso mas sei o que digo às muitas pessoas que vão falando comigo e que passam por isso.


Digo que não se preocupem que vai correr tudo bem, digo que as probabilidades são pequenas e que não vai acontecer. Digo que é assustador e eu sei mas que tentem distrair-se e não estar sempre a pensar nisso enquanto não vem o resultado. Digo que depois for positivo falamos mas para já tentem ter calma, procurem informação e sejam amigos um do outro.


E o tempo passa e na maior parte dos casos os resultados vêm negativos e nessa altura fico genuinamente contente por eles e eles ficam aliviados. Aproveitam melhor a gravidez depois disso.

Também ficaria genuinamente contente se o resultado fosse positivo, não porque sou sádica ou porque lhes desejo mal mas porque sei que eles tal como nós ião aprender e sentir que afinal o que era assustador é só espectacular. É assustador também ás vezes (muitas) mas na perspectiva da montanha russa de quem sobe a alta velocidade e depois lá em cima fica meio nervosa na descida. Não é uma comparação linear mas é exactamente o que me vem à cabeça e a sensação é essa. é das coisas que valem a pena na vida.


Não gosto mais nem menos deste filho do que dos outros, nem quero mais nem menos para ele do que para os outros e isso eu só sei agora porque o tenho. É meu e eu adoro. Não dá para explicar a quem tá de fora, como não dá para explicar a angústia de esperar pelo resultado.


Por isso não sei o que diria que faria se não soubesse o que era mas sei hoje o que não tinha duvidas que faria e fiz.

E tu? O que farias?



[não sei o que fez a sra do filme nem sei se quero saber. não condeno nenhuma decisão mas tenho a opinião vivida de que quem decide não avançar terá para sempre um buraco gigante difícil de ocupar. talvez esteja errada. às vezes cruzo-me com pessoas na rua que ficam de lágrimas nos olhos a olhar para o zé, uma tristeza gigante dentro deles. perguntam se podem dar um beijinho e no fim dizem que de certeza que vai ser muito feliz. meio descabido sendo que não nos conhecemos e eles não sabem que isso não é uma preocupação que tenho mas percebo que vem de alguma coisa deles e não nada meu ou nosso]


2/24/2016

Fim de semana no Porto com amigos

Quinta à noite foi jantar com os amigos. Às 10 liga, apanhou o buraco de rede entre a sala e a cozinha onde fui beber  água e deu desligado. Ainda nem tinha recebido a mensagem de tentativa de contacto e já tinha aparecido o João com tanica ao telefone para falar comigo.

Queria dizer-me que sabia que era em cima da hora, e que percebia se disséssemos que não mas queria muito muito ir ao Porto com os amigos das missões e que os outros estavam todos a combinar. Meio baralhada com aos molhos disse que sim. Que tinha de garantir as responsabilidades delas como avançar com a carta e resto das coisas mas que podia. Disse-me logo que passaria o dia na escola antes de ir e todos os seguintes quando voltasse. Então podes ir, com juízo, podes ir a desliguei o telefone ainda com o copo e água por beber na mão.

E pensei melhor. Ela é responsável, os amigos são gaijos fixes, ela trabalha para estas coisas e está de férias. Faz todo o sentido ir. Enviei mensagem a reforçar a responsabilidade e dizer o que nos disseram a nós nessa altura "não te esqueças de quem és" e o "podes ir com juízo e desde que voltes sempre". Feito.

Avisei o João que concorda mas vive sempre melhor quando está por perto. Já  não a íamos ver. Ia com os mesmos do jantar para o Porto mas não era por isso que o jantar acabava mais cedo e nós cá temos que trabalhar. No dia seguinte claro que não as horas de trabalho eram diferentes.

À hora envia mensagem a dizer que vai e quando chega avisa.
Orgulhosa contava às amigas num jantar de como tava crescida a autorizar idas ao Porto quando uma delas me pergunta onde é que ela vai dormir lá. Boa pergunta realmente. Fuck não perguntei, importante realmente.
Imaginei que em casa de amigos à molhada mas não  faço ideia. Ou será que ela disse? Claramente tenho de fazer uma check list de dormidas fora de filhas universitárias. O melhor é nem lembrar esse ponto ao joka.

Máxima liberdade, máxima responsabilidade. Isso disse.
Lá chegou inteira e em tom de "claro que sei mas relembra lá" perguntei onde dormiram. Respondeu o esperado, onde nos deram dormida, as raparigas aqui e os rapazes ali em casa da Pia e de uma outra. Poucos banhos mas muita diversão.

Prova superada. Dela e minha. Isto de ser mãe de jovens adolescentes tem que se lhe diga.

2/22/2016

Terrible 3

Há quem diga que é aos dois mas cá em casa vem aos três. Com o Manel foi o mesmo.

Dizemos que em bebé dão trabalho e noites mal dormidas, tudo queixas válidas mas nada ao lado das birras dos três.

Se tem o pai quer a mãe, se vê sopa quer o resto, se é para sair quer ficar, se é para brincar a isto quer brincar àquilo e por aí fora. Quer fazer tudo sozinho e isso é bom e desejável mas o ritmo alucinante ou a paciência nem sempre abundante podem complicar a cena.

O Manel dá-lhe a volta como ninguém e todos treinamos a mestria sabendo bem que na volta quem manda somos nós. Aquele  equilíbrio entre dar a volta e mostra quem manda. Tudo isto sem fazer dos dias uma guerra. A guerra dos dias.

Num destes dias saímos da escola e fui com os dois ao supermercado. Abrindo parentesis de contexto o zé não podia com uma gata pelo rabo, tinha tido terapia e foi depois para a escola com a lisa de autocarro. Tudo bem e na mudança para o segundo autocarro que nunca mais vinha decidiram ir a pé. Teimosia era tal que não queria ir ao colo nem sequer com mão dada. Bonito o menino teimoso foi pela mão mas em guerra dois quilómetros. Nisto demorou tanto que perdeu o timming da sesta.
Fechados os parêntesis voltamos ao supermercado. Dois dentro do carrinho e toca a comprar básicos. No lidl compro sempre as coisas a acabar o prazo, tão  impecáveis e valem menos 30% por isso tá a valer. Iogurtes foi o achado do dia, a perdição do ze ia. Agarrou-se a eles com a vida e queria come-los todos. Expliquei que pagavamos e comia depois do jantar em casa. Foi querido da minha parte mas ele na sua teimosia queria pouco saber. Savana.

Continuava eu no saca saca das prateleiras e ele furioso a querer comer o raio dos iogurtes. Zanguei-me.
O supermercado parou porque hoje em dia não nos podemos zangar com crianças em sítios públicos. Chega a ser mais criminoso do que os ter mal criados, mais ainda se for trissomico. És assaltada por olhares matadores de violência doméstica. Não sou de armar cena mas também não sou de permitir birras, eles sabem que se há birra temos o caldo entornado. Mas aqueles iogurtes pareciam deliciosos e a fome, e o sono e os terríveis três.

Testa-se a loucura e a paciência ao limite. Ao mesmo tempo que se tenta não chatear os outros e educar. Esta nova experiência com trissomico tem mais um grau de dificuldade de acharem que ele não percebe e que a birra na verdade é da mãe. Essa mãe criminosa.

Não é fácil, nada fácil esta idade maravilhosa.
Contrariado lá deu os iogurtes à senhora para pagar e agarrou-os com a vida até à hora da sobremesa. E depois derretido comeu-os numa alegria misto de gozo e sabor.

Fica prometido que não voltamos ao supermercado nos dias de cansaço externo, fica também assente que no amor e na guerra não se ganha nem se perde sempre, mas quem manda é  a mãe.

Maravilhosos estes três.

2/18/2016

para mim a melhor história de 2015

Numa das quintas feiras que faz voluntariado a tania chega a casa meio triste. Contou-me que foi bom o que fizeram mas que um dos miúdos a preocupava. Faz voluntariado com a Candeia numa instituição onde até já teve. Um dos miúdos que lá está precisava de mais apoio diz ela, tem dificuldades de aprendizagem mas com ajuda de alguém de certeza que a vida dele vai melhorar e poder falar e ser melhor percebido. Também precisava de alguém que o ajudasse a aprender a ler melhor porque isso o atrapalha e os outros miúdos gozam. Tem uma historia de vida complicada e é triste. Ela sabia isso tudo e estava triste porque sabia que nesta fase não o pode ajudar como ele precisa, ele tem aulas de manhã e ela à tarde, os fins-de-semana são confusos para os dois e por isso ia ser complicado.


Percebo muito bem a angustia dela e também já me aconteceu. Fico contente que ela queira ajuda mais mas também é importante ela cumprir com os seus próprios objectivos. Disse-lhe que a vida é assim e não podemos chegar a todo o lado que queremos, não podemos fisicamente mas podemos tentar arranjar alguém ou alguém amigo de alguém que possa às tantas até está lá ao lado e ajuda. Ela aceitou mais ou menos e a vida seguiu.


Um mês depois liga-me a Ana com quem já tinha trocado uma roupa. Disse-me que tinha visto um post que escrevi sobre os amigos para a vida e que toda a vida teve vontade de um projeto deste género e achava que agora podia ser a altura. Generosidade incrível e loucura à mistura porque está gravida do terceiro filho para daqui a umas semanas, na altura meses. Ainda que louca claro que apoiei [não é um projeto meu mas adorava que fosse] e dei-lhe toda a informação que tinha. 
Ela foi, arriscou e adorou. O marido também. Falaram com a sofia e com a Joana e em linhas gerais perceberam que haviam crianças e necessidades e juntavam a isso o que as famílias estavam dispostas a dar tempo e atenção. Disso depois acontecia magia. Falaram-lhe de várias crianças e no meio delas falaram de um tal “rui” de uma instituição, tudo como exemplos do que podia ser para eles ou só para saberem de que realidades falamos. Eles foram para casa pensar e num dos dois depois ela foi almoçar com o marido, que nunca vai, e a vir do tal almoço onde entre outras coisas falaram disso parou no sinal ao lado da camioneta da tal instituição que a joana e sofia tinham falado. Falou dessa e de outras mas ela lembrava-se dessa e ficou até emocionada com a coisa. [ela e eu quando me contou].

Decidiram avançar e decidiram que queriam conhecer melhor esse “rui” especificamente. Ficou combinado, um passo de cada vez e ia-se vendo. Combinaram então numa quinta no voluntariado da Candeia para o conhecerem informalmente. Tava lá a Ana e estava lá a tania e o miúdo era o mesmo. Aquele miúdo que a tania queria tanto ajudar vai ser ajudado pela Ana e sua família. E quando ela me contava ao telefone antes dessa quinta eu contei-lhe a história da tania e de como seria o mesmo de certeza e ela ainda mais emocionada ficou de o levar para começar a fazer aos poucos parte da sua família.

Foi para mim a melhor história de 2015 e faz acreditar que este mundo ainda tem muita coisa da boa.


Parabéns querida Ana pela coragem e amor que transbordas. Fico contente de termos ajudado no empurrão mas sei que o extraordinário nesta história são vocês. De certo estão a criar uma família extraordinária que não tarda tem mais um baby.



2/17/2016

2 anos volvidos

Não fui confirmar as datas mas deve andar por aí os dois anos desta cena. Dois anos deste canto dos tais amados e ainda me pergunto tantas vezes se isto faz algum sentido.

Projectos parecidos, ou sem ter nada a ver, cresceram antes ou depois e são hoje muito maiores e exponencial máximo disto que é a nossa/minha humanidade não posso deixar de pensar que às tantas isto não vale assim tanto. e não vale mas temos-nos divertido e serviu na perfeição os propósitos.

O primeiro de todos foi a integração da tanica. Tava connosco há pouco tempo e não foi preciso muito para perceber a curiosidade que gerava e o zururu que se seguia. Todos queriam saber mais e para que pudesse ser acolhida como tanto merece a história efectivamente ganhava em ser explicada. E resultou na perfeição. Ela é a rainha da integração na verdade e nós, nós sem saber precisávamos dela ainda mais do que ela de nós. Ela escrevia às vezes, agora às vezes lê e na corrida da vida aterafada de uma universitária dá-lhe a importância merecida e está tudo bem. Hoje a integração não é um tema e ainda me custa a pensar que só lá vão dois anos, parecem vinte.

Outra das coisas boas que passa é a normalidade de uma família aparentemente muito diferente. Coisa importante para a vida do nosso zezao e de todos os pais que possam estar a passar pelo mesmo e de quem tem vontade de adoptar. Isso é importante para nós e não o fazemos forçado,  é o que é e vai continuar a ser. E tantas historias boas que temos ajudado a criar, casais que são hoje famílias de acolhimento. Mérito todo só deles mas orgulho gigante nosso.


E sobre os pais que temos conhecido pelo caminho só podemos agradecer. Esta cena de ter um zé é um dom, não por ele em si [que é tão dom como os outros irmãos] mas pela oportunidade que nos tem dado de conhecer tanta gente por dentro, gente de coração gigante que nos ensina um milhão. Não só pais de trissomicos, pais que andam por ai com históriasosó normais ou simplesmente incríveis.

E portanto é isso. Há dois anos estávamos os 5 a passar o fds em casa da minha mãe. Os miúdos dormiam e nós os 3 víamos um filme. Se fui eu a sugerir era uma comédia romântica certamente, se foram eles uma cena pseudo elaborada. Nisto lancei a cena de criarmos um blog. Acharam óptimo mas nem descolaram os olhos do ecrã. Peguei no pc, brinquei às fotos e edição e pimbas- los amados ou amados rock porque não queria bem decidir e para eles valia tudo. Dois anos depois estamos aqui. Obrigado.

Tantas mensagens queridas e comentários e projectos giros que daqui surgiram. Não escrevemos para multidões ainda assim escrever para alguém e para ti tem mais graça e daqui a uns anos poderão eles ler a história como foi. Eles e nós e quem mais quiser.

OBRIGADA

2/14/2016

Missão Impossível - parte 1

Caríssimos,

Contrariamente a todas as tristezas e tragédias que somos obrigados a ver nas noticias todos os dias, há outros momentos, em que a falta de expectativas, nos levam a testemunhar actos e acções que nos fazem renovar a fé na humanidade. Esta sexta-feira tivemos a sorte de poder redescobrir como certas pessoas, comuns dos mortais, numa juventude humilde invejosa, mudam o mundo e "tapam os buracos" que o resto do mundo está ocupado (sem culpa porventura) em não ver.

Estou a falar das missão país 2016 (http://www.missaopais.pt/). Fomos convidados para participar, tirámos um dia de férias e pusemos-nos a caminho de Odemira. O facto da Tanica estar presente na missão de Odemira ajudou obviamente. Pediram-nos para dar um testemunho de casal e conhecer o trabalho que por lá fizeram durante uma semana, após uma preparação de vários meses. Humildemente aceitámos e foi com muita vontade que arrancámos em direcção a sul, finalizando o trilho pelas sinuosas esverdeadas estradas alentejanas que nos trazem a memória saudosa de tempos mais calmos, mais simples, mais fáceis.

Chegados a Odemira, fomos ter com o grupo à escola primária da zona, que nos surpreendeu pela qualidade das instalações e dinâmicas já habituais. Almoço de garfo verde (vegetariano) em mesas miniaturas, apresentações, café e fizemos-nos ao caminho. Fomos visitar o lar de idosos da Santa Casa da misericórdia. Admito que fiquei chocado pela falta de condições. Uma sinestesia negativa, desde o cheiro ao toque nas paredes. Senti-me incomodado e de forma não altruísta. Senti-me melhor imediatamente quando vi estes jovens a animar mais de 1000 anos de experiência de vida. A darem significado a essa vida. A admirar a experiência e a dar o respeito que a terceira idade merece. Viam-se sorrisos não forçados em todo o lado, no meio duma jogatana de bingo, onde por entre linha e bingo se jogava involuntariamente ao telefone árabe.

Fomos personalizar a visita e conhecer alguns hóspedes mais recatados, com menor mobilidade, com menor capacidade, com menos cabeça. A demência é uma coisa que me faz muita confusão, também por já a ter vivido muito perto. Mas passámos meia hora a falar com a Piedade, cuja alegria era contagiante, com alguns momentos de pura loucura, e outros duma lucidez que me faziam inveja.
Fomos depois de outras conversas, ver as novas instalações deste lar. Eram instalações de topo, mas por uns pormenores administrativos, e apesar de estarem prontas há 2 anos, não eram utilizadas. Viemos a perceber que era por causa duma peça do elevador e dum desentendimento entre as duas empresas que tinham responsabilidades sobre o elevador. Uma verdadeira vergonha, entre outras neste nosso país que merece muito mais, pelas pessoas que lhe deram tanto.
Enfim, vimos que os próximos tempos iriam ser bons, já que o novo lar iria ser top dos tops.

À noite, fomos dar o nosso humilde testemunho. Basicamente, o que é ser marido e mulher, contrapondo com o que é ser solteiro ou levar por exemplo uma vida de vocação religiosa...Não sei se ajudou alguém, mas pronto, foi uma dinâmica diferente e uma experiência diferente para nós casal.

Mas de tudo o que vimos, ficámos impressionados com a dedicação, generosidade, humildade, coragem destes jovens. Universitários a espalhar boa onda. A dar pelos outros. A fazer o que muito poucos fazem mas que todos deveriamos fazer. Ser mais e melhor. Ser missão.

Missão impossível

2/11/2016

Problema de lingerie

Carlos o empreiteiro liga e diz-me que temos um problema de lingerie. Ele que é um homem sério e de poucos sorrisos quase se desmanchou afinal a verdade é que nós temos um estendal de cuecas na sala. Um problema de lingerie.

Ora voltando 7 anos atrás, jovens apaixonados e sem guita lá estávamos nós numa casa nova e prontos para começar a vida. Sofás praqui, candeeiros e mesas para aculá, noves fora nada e não tínhamos nada para pôr nas paredes excepto o quadro espetacular de uma pintora promessa que nos foi oferecido pelos padrinhos. Esse já lá estava pregadinho em lugar de destaque mas faltavam só as outras 6 paredes. A minha rica sogra, um génio na ciência de encontrar soluções emoldurou-nos o que de precioso tínhamos: desenhos nossos em criança e desenhos feitos para nós no casamento e no pedido. Perfect. Outros de umas tias velhotas jeitosas, uma rosa feita pela avó do João e já só sobrava a parede do sofá. Vasculhei as lojas de decoração mas ao mesmo tempo que tínhamos capacidade de comprar não me apetecia ter na sala um quadro igual a mais mil.

Então achei que o melhor era assumir a cena, eu e o um site que encontrei que vendia cuecas de vinil. Mais precisamente um estendal. Espetacular era mesmo aquilo só tinha de convencer o joka. Técnica que tenho aperfeiçoado ao longo dos anos mas que na altura ainda era meio rústica. Negociações para aqui r para ali e ficou trocado cuecas na parede e ele tinha direito a pendurar as guitarras, lançar a carta da tv no quarto e vetar as cuecas no prazo de um mês.

uhhhuuuuu dias depois tínhamos o estendal montado. Central na sala este estendal tem crescido connosco e sido palco para tudo o que se vai passando.

Agora, sete anos depois e de obras para o quarto das pestes chovia em casa. Cenário que toda a gente adora, nós também. Ligar ao Carlos e Carlos resolve, impec mas no fim de tudo é preciso pintar as paredes. Todos de acordo até que me liga o Carlos com o tal problema de lingerie. De partir o coco a rir não há dúvida o homem mais sério do mundo a dizer-me aquilo com um ar pseudo sério foi demais. Mas minutoa depois realizas vou ficar sem cuecas??

O site promissor que vendia faliu e  agora malta? Abdico delas para sempre ou viro o mundo para as ter de volta?

Às tantas cuecas na parede já não e coisa de crescidos e não são assim tão giras mas para já parece-me o fim do mundo em cuecas.

Quaresma

Nome do jogador da bola e do tempo entre a loucura do carnaval e da Páscoa.

Pois é nós cá em casa ligamos à cena. É tempo de alinhar cenas e seguir mais forte. Todos os anos escolhemos uma cena e durante quarenta dias vivemos sem ou com isso. Já foi café, chocolate, coca cola, macdonalds, cerveja e semelhantes. O ano passado escolhi sobreviver ao fim da gravidez e não fiz mais nada mas eles tiveram fortíssimos. Este ano andava aqui a pensar no que abdicar que ao mesmo tempo me fizesse dar valor mas que não desse cabo da dinâmica já complicada do dia a dia. Sexta à noite a mariana contou-me que agora só comia sopa, um ovo e fruta ao almoço e que se sentia muito melhor e fez todo o sentido. sopas para mim. Ao almoço e ao jantar com ou sem ovo. Preciso de mais energia e gosto de sacrificar qualquer coisa que passado quarenta dias me torne mais forte.

Sou católica e gosto mesmo da cena da quaresma. Imagino que seja meio estranho para quem não é perceber porque temos de abdicar ou porque nos impõem.
A cena é que ninguém impõe mas tu pelo exemplo queres faze-lo e é como ir ao ginásio.  Dizem que é bom que faz bem e que se fores vês resultados, provavelmente em 40 dias não viras olímpico mas já não ficas com os bofes de fora a subir escadas. Ora é exactamente isso. Por dentro e por fora. E podes fazer noutra altuta que não esta, claro, podes sempre ou podes até nunca fazer. Vale tudo. Tudo para seres mais feliz.

E agora que pensam que isto da sopinha é giro mas não é para mim sigam lá os conselhos do exmo que ele sim sabe e no fim de tudo é bem mais difícil do que sopa da avó.

Um Bom texto para a Quaresma que hoje se inicia:
Recebi este texto e compartilho com vocês.

Para a Quaresma o Papa Francisco propõe 15 simples coisas:

1. Sorrir, ser alegre!
2. Agradecer (embora não “precise” fazê-lo).
3. Lembrar ao outro o quanto gosta dele.
4. Cumprimentar com  alegria as pessoas que vê todos os dias.
5. Ouvir a história do outro, sem julgamento, com amor.
6. Parar para ajudar. Estar atento a quem precisa de si.
7. Animar alguém.
8. Reconhecer os sucessos  e qualidades do outro.
9. Separar o que você não usa e dar a quem precisa.
10. Ajudar a alguém para que essa pessoa possa descansar.
11. Corrigir com amor; não calar por medo.
12. Ter delicadezas com os que estão perto de si.
13. Limpar o que  sujou, em casa.
14. Ajudar os outros a superar os obstáculos.
15. Telefonar para seus pais.

O MELHOR JEJUM

• Jejum de palavras negativas e dizer palavras bondosas.
• Jejum de descontentamento e encher-se de gratidão.
• Jejum de raiva e encher-se com mansidão e paciência.
• Jejum de pessimismo e encher-se de esperança e otimismo.
•Jejum de preocupações e encher-se de confiança em Deus.
• Jejum de queixas e encher-se com as coisas simples da vida.
• Jejum de tensões e  encher-se com orações.
• Jejum de amargura e tristeza e encher o coração de alegria.
• Jejum de egoísmo e encher-se com compaixão pelos outros.
• Jejum de falta de perdão e encher-se  de reconciliação.
• Jejum de palavras e encher-se de silêncio para ouvir os outros.

[Depois disto qualquer sopinha é peanurs right?]

2/04/2016

A saga do SEF

E a saga continuou como esperado.

Voltámos ao sítio onde nunca fomos felizes e levámos tudo o que aparentemente era preciso mas afinal não chega. Documentos oficiais que não estão certos, declarações que afinal têm de ser autenticadas, contratos autênticados que afinal precisam de ser fotocópias e tudo mais.

Há dois anos quando começou a ir ia sozinha. Perguntava como tinha corrido e nem se sabia bem, faltavam coisas era o que dizia. Ajudava nessas coisas e pedia lista de tudo, reviamos as duas mas ou não chegava a entregar ou vinha chumbado. Um ano e meio depois quando estava tudo certo e alinhado veio outra vez chumbado. Raios alguém não estava a perceber bem. Peguei nas botas e fui com ela.

Serviço típico do estado e até aí tudo bem. Senha para as 9h e és atendida às 11h30 é logo bom para justificar ao patrão. Malta de todas as etnias a atender o que dá um orgulho imenso pensar que depois de legalizar damos oportunidades de os integrar até que percebes que são duma antipatia atroz. Falam alto e arrogantemente com as pessoas não fossemos nós achar que ali somos todos iguais, com mais ou menos assuntos por resolver. E depois começa a inquisição no que é uma verdadeira caça ao erro. Duma das vezes apanhámos uma sra bem simpatica que permitiu ir ali tirar um papel ao mb de todas as outras parece que voltámos ao tempo da guerra e nós somos o inimigo.

Percebo bem que há regras e percebo também que somos um país pobre, nem sempre dá para nós não pode dar para tudo mas sejamos coerentes e razoáveis. Não vale tudo. Não tem rendimentos vai embora mas se tem condições para ficar tem de poder ter a sua filha menor e sem pai com ela. Tem de ter. Somos humanos e não podemos querer mais para nós do que para os que acolhemos.

Reconheço que muitas vezes a precaridade do trabalho destas pessoas é também culpa nossa e até já tive culpa nisso. Não declarar tudo ou não pagar tudo o que devia por ela, se fizessem o mesmo comigo acharia crime. Reconheço e fiz tudo para alterar o que conseguia mas nem assim chegava para a sra do SEF.

E foram ontem outra vez ao bendito. Não podia mesmo ir mas sendo que da última a única coisa mal eram dados errados de dois documentos se são Tomé, depois de os ter certos e vindos de avião achei que a margem para erro era próxima de zero. Foi a Tânia. Liga passado pouco tempo a dizer que está tudo mal. Passei-me. Liguei à super Pipa a implorar ajuda e ela vestiu a capa e tava lá em minutos. Um advogado impressiona sempre e ela mais que todos. Lá foi. Acalmou a lisa que chorava e a tania que estava no meio de fogo posto. Conseguiu perceber mais um papel que afinal faltava e prometeu que lá estaríamos no dia seguinte com tudo. Escreveu procurações e autenticou todos os documentos extra e lá fomos hoje again.

8h da matina para tirar a senha. 9h para perceber que ainda faltava mais qualquer coisa. 10h e ainda não tinha chegado a nossa vez. 11h e lá vem a pipa a voar rua abaixo para nos ajudar na última senha do dia para advogados. Sentadas e o suspense. Ela vai pedindo tudo e vamos dado, documento a documento com mais detalhe que o csi. Contrato de casa assinado e autenticado mas afinal era preciso fotocópia. 3 máquinas atrás mas nada de abebias, combiamos e deixo-as na papelada para voar às cópias. Centro de copias do outro lado da rua, gabinete fantasma com um sr estrangeiro a tirar cópias.  Não percebe o que digo, bom presságio, no fim faltavam 20 cêntimos e não havia tempo porque a sra do SEF não espera. Empenhei a moeda de colecção do banco de Portugal comprada para o meu afilhado de paris, olhou para mim como boi para palácio.  Percebe-se. Gesticulei que era valiosa e pagava a cena que nem o robin dos bosques e ou porque não percebeu nada ou viu bem o desespero lá me deixou ir. Lá estavam elas na fase final de entrega a espera da cópia do contrato. E um papel na mão de tudo entregue. A Pipa como  profissional e correcta perguntou procedimentos e pediu prazos mas tudo o que se ouve é que é tudo variável.  Nada que já não tivéssemos percebido na verdade.

Saímos com a taça na mão de uma procissão que na verdade ainda vai no adro. Ligou a mãe da lisa que tá com a filha em s.tome e emocionada dizia só para agradecer muito a quem tá a ajudar. E ela sabe bem o que diz, obrigada super pipa, Pilar e todos os que têm enviado mensagens a ajudar no que podem.

Ainda não tá nada resolvido mas juntos somos sem dúvida mais fortes.

2/02/2016

Routines

Escrever para não esquecer daqui a uns anos. Quando velhinhos estivermos derretidos a lembrarmos-nos de tudo errado. [Ou pelo estado da minha cabeça, isso tudo mas  daqui a dois anos.]

Segunda feira
Xavi fica em casa com a lisa. 

Manel escola e zé terapia. João costuma leva-los depois de eu vestir e eu sigo sem stress para o trabalho. Minha mãe passa a buscar o zé ao 12h à terapia e deixa na escola, se se atrasar dá-lhe almoço e corta na sesta.
até às 18h alguém passa na escola a buscar, normalmente a mãe mas sempre que a mãe se atrasa cravamos à tia pi, tia catarina, tia vera, avó ou lisa que mete o xavi às costas e lá vai ela.
tanica anda na vida dela.

terça feira
xavi vai para casa da avó. 
Manel e zé vão para a escola. João deixa o manel e zé e eu deixo o xavi. dependendo do estado de banho da avó ou subo ou ela vem cá buscar a baixo.
dia de jantar em casa dos avós, minha mãe vai busca-los à escola, algures do dia faço chegar uma mochila com roupa para o dia a seguir [deveria deixa de manhã nas escola mas com atrasos nunca dá]. 
A tania chega com a belém. 
Animação com os tios todos, jantam antes e quando nós vamos para a mesa eles adormecem na cama dos avós a ver tv. 
Manel e zé ficam lá a dormir os outros seguem para casa.
noite santa com só um crianço.
Chega o cabaz natura e temos fruta e legumes novos.

quarta feira
Xavi fica em casa com lisa. 
Manel escola com o avô e zé terapia com a avó. Ao que consta é o delírio de manhã, comem papas fofinhas como diz o manel, fazem buracos na coisa do chocolate. é o delírio. Avó rita leva o zé de volta para a escola ao 12h, se se atrasar dá-lhe almoço e corta na sesta.
até às 18h alguém passa na escola a buscar, normalmente a mãe mas sempre que a mãe se atrasa cravamos à tia pi, tia catarina, tia vera, avó ou lisa que mete o xavi às costas e lá vai ela.
Pit stop no supermercado para reforçar stock e comprar vinho para o sogro.
tanica anda na vida dela e aparece ao jantar para jantarmos lá em casa com o avô Miguel. Rotina que tem um mês mas que esperemos dure para sempre.

quinta feira
xavi vai para casa da avó. Manel e zé vão para a escola. João deixa o manel e zé e eu deixo o xavi. dependendo do estado de banho da avó ou subo ou ela vem cá buscar a baixo.
Natacinha às 17h30, se não me atrasar a levo-os se não vai a lisa de mytaxis com eles e passo a buscar depois. A caminho passamos a buscar o xavi e com sorte chegam todos acordados a casa. Jantares e cenas e cama para eles. Vida de adulto para nós.

Sexta feira
Mesmo que quinta mas sem natação e supostamente com mais vida de adultos à noite.

Sábado
Horário livre. Loucura total. Vale tudo.
Almoço é Mac muitas vezes
Sábado ou domingo vou ao supermercado. Ou ficam a dormir ou levo um ou dois.

Domingo
Horário livre. Loucura total. Vale tudo.
Jantar em casa do avô tonas começa lá para as 6 e acaba lá para as 11h da noite. Cenas gourmet, manos primos e cunhados. Crianças a dormir pelos cantos e cadela desvairada.

Notas:
Todos os horários são ajustados quando alguém faz anos, avó não está ou cenas.
Pelo meio há jantaradas de miúdas e o joka fica nos comandos ou jantares de homens e fico eu.
Se tivermos os dois programa, como na sexta passada, que fomos ao cinema fica a lisa, a tania ou uma prima que cravamos.
de resto é a desbunda