Obrigada RTP
Agora Nós de 31 Mar 2017 - RTP Play - RTP
um blog de uma família. mais um. como os outros. sobre a vida em geral, a nossa em particular. a vida que acontece a um ritmo alucinante e acabamos por partilhar mais no instantâneo do instagram. mas fica aqui a história mais completa. a quem quer vir recordar ou ir mais a fundo nalguns temas. a quem acaba de aterrar ou a quem quer só saber um bocadinho mais. bem vindos ao nosso mundo.
Bolas de natal, coelhos mal cheirosos e pensos por nada. Kit sobrevivência para fins de semana alone com os bichos.
Esta coisa de sermos pais faz sem dúvida mais sentido aos pares. Só com um faz-se mas não é a mesma coisa, não têm tanta graça as gracinhas deles, muito menos as birras.
Dividir a vida é bom para eles mas essencialmente para nós. Percebo que a vida às vezes se desoriente mas, em podendo, devia ser a dois.
Sou filha de pais separados e tou aqui vivinha da silva e até (na maior parte dos dias estavel), não me faltou nem mãe nem pai e até tive (deste último) a dobrar. Mas na prespectiva dos pais isto além de ser cansativo a solo é muito mais gratificante a dois. Deve ser por isso que (normalmente) são preciso dois para os fazer.
Às criancas as relações dos pais ensinam muito, mesmo quando ha pouco a aprender. As coisas boas do amor, as loucuras da (falta de) paciência, a intimidade, as partilhas, as desculpas, as cedência e um conjunto que , à partida, devia ser melhor do que as partes. Tudo isso é ensinar a viver, e no fundo é a base de tudo: a base de como amamos.
Dito isto a coisa daqui para a frente pode dar em mais viagens do joka e mais disto a solo para mim.
[Margarida cunhada, farei uma estatua em tua honra a quem pedirei paciência na falta dela. Andas há 8 anos nessa vida, es um exemplo de perfeição imperfeita.]
E de resto é usar mais das tecnologias para nos aproximar, que pra distância já temos de sobra.
Boa semana malta
Fomos comprar bilhetes para o teatro. A Rita queria ensinar uma das miúdas a fazê-lo e por isso ela conduziu a conversa. Perguntou idades mínimas, descontos de grupos, lugares e preço, tudo certinho. Demos-lhe o dinheiro e sobrava um euro de troco, recolheu os bilhetes e o talão e devolveu o troco. Dei-lhe de volta o euro, chamei-lhe taxa de serviço e ela agradeceu. Dez passos à frente havia um mendigo na rua, ela não pensou duas vezes e deu-lhe.
Stop na historia e, como nos filmes, voltamos a 1 hora antes.
Decidimos que íamos convidar a criançada a ir ao teatro, não é um programa habitual e em vez de os enchermos de presentes que não sabemos se gostariam, daríamos experiencias de vida. Ideia validada e toca a comprar bilhetes. Enfiamos-nos as três no carro em busca da bilheteira perdida - por alguma razão divina a rita não encontrava o raio do sitio onde os bilhetes estavam à venda e no meu telefone só me apareciam resultados do brasil quando procuravas patrulha canina salamanca. Voltas e mais voltas e vamos pondo a conversa em dia. A sandra (15) não percebe português e eu tenho um espanhol que coitadinho por isso basicamente falava em português com a rita e nos intervalos íamos dando uns toques à Sandra sobre cenas da vida, telemóvel uma delas como é na vida de todos os jovens. Aparentemente está sem saldo e não pode ligar ao namorado, so aceitar chamadas, tem a semanada em atraso mas ta visto que mesmo que a tivesse em dia não chegaria, precisava de mais 5 euros. Ela não reclama com isso, sabe as regras estavamos só mesmo a conversar.
Nos entretantos em português a rita perguntava-me de onde vinha o meu gosto por causas sociais, se era de nascença ou não e como achava eu que se incutia aos nossos. Disse-me que o ano anterior tinha sugerido algumas acções de voluntariado às mais velhas mas ao mesmo tempo não queria impor. Afinal elas já moram com irmãs, numa instituição e usam roupa doada, chega de razões para exclusão social. A minha opinião e que se deve deixar a sementinha disto e do resto e cresce o que tiver força e os fizer felizes. Discutíamos isto e aquilo e finalmente chegamos à bilheteira.
Voltamos ao princípio e foi mágico. Depois da conversa e, quando a vemos afastar-se para se aproximar do mendigo, olhamos uma para a outra e rimos. Grande gesto Sandrinha.
De volta à carrinha ligamos a outros dois que podiam precisar de boleia para casa e, sendo que estamos na rua, toca a saber. Outros dois entram, dois segundos depois a Ascem (14) vê da janela um sem abrigo e reclama que lhe custa ver gente a pedir nesta altura do ano com tanto frio, continuou e disse que devíamos sair à rua e dar comida a estas pessoas, a Sandra reforca ainda com um "e conertores". [Dois - zero em em menos de 15 minutos.]
Mais um sorriso entre nós e a promessa de tentar cumprir esta ideia.
Amanhã de manhã é o dia. Saímos à rua e vamos dar um lanche feito por elas às pessoas que encontrarmos na rua.
Incrível ou não?!
conheci a rita na faculdade. era uma fixe. eu não ia muito ás aulas (tanica tapa os olhos) e tinha poucos "amigos" de lá mas ela tinha qualquer coisa de mágico, sempre gostei dela.
no verão depois de ter ido fazer voluntariado a moçambique voltei às aulas em setembro e lá a encontrei de sorriso estampado: perguntou-me onde tinha andado, que estava com um ar super feliz. Contei-lhe o que tinha andado a fazer- na era em que não havia nem facebook nem instagram e as pessoas contavam as histórias ao vivo-, ela adorou o esquema. na semana que vinha seria a reunião de lançamento do ano seguinte, disse-lhe, ela ficou entusiasmada, depois disse-lhe que era um movimento católico e torceu o nariz- não era muito dessas cenas. mas arriscou, e quando achei que já tinha desistido, lá estava ela com a filipa - também da faculdade- sentada na primeira fila. foi nesse ano, e penso que no seguinte. no terceiro ficou responsável de todos os voluntários e na visita que fez ao terreno ficou em nossa casa- foi a ultima vez que a vi. já lá vão sete/oito anos.
um ano ou dois depois recebi um email dela a dizer que ia entrar numa congregação, queria ser freira. escreveu linhas e linhas de texto em que o sentimento que passava era o de uma enorme alegria e libertação. fiquei meio surpreendida e quase em choque, tinha passado algum tempo sem saber nada dela- sen dúvida que tinha. Fui ao Facebook (4 anos depois já havia) ver fotos dela numa de perceber se tinha pirado, se estava bem. Parecia estar incrível, fotos de sorrisoes era o que continuava a aparecer- tal como me lembrava nela. Escrevi-lhe de volta e foi esse o registo entre o dia desse email e os dias de hoje: eu ia sabendo noticias dela à distância e ela minhas, às vezes trocávamos mais emails sobre algumas curiosidades levantadas pelas novidades recentes.
O ano passado quisemos fugir no fim de ano para fazer voluntariado em família, não conseguimos. As possibilidades que encontramos eram muito longe e não tinhamos dinheiro para irmos todos, não queríamos deixar ninguém em terra. Falei com a rita, que vivia na colombia na altura, e ela foi uma das pessoas que me deu alternativas de projectos que adoraríamos fazer, mas longe e por isso caros.
Ela não se esqueceu disso e quando em agosto veio para mais perto, mandou-nos mensagem para a irmos visitar. Férias contadas que nem tarefeiros e não deu para irmos. O bicho ficou.
Amanhã partimos para salamanca, vamos todos ter com ela e dedicar uma semana à causa dela e que tanto queremos conhecer. A fazer a mala percebi que tou mesmo entusiasmada e até entusiasmada de a ver. Fonix quero tanto saber dela, da vida que escolheu e poder estar outra vez ao pé daquele sorrizão.
Ritinha estamos doidos para aí chegar. Cheios de mini sonhos para sonhar convosco.
Até jaaaaa