Neve para totós...
Caríssimos,
Foi no ano de nosso senhor de 1998 que fui à neve pela primeira vez. Passados 18 anos, recebi com entusiasmo o convite de experiênciar toda a dinâmica duma viagem à neve, mas com a familia e em modo "pareces jovem mas não és". A viagem de 3 dias à Serra Nevada foi todo um tratado de te mostrarem que estás velho quer queiras quer não.
1) Roupa de neve e afins
Tive que pedir tudo emprestado porque não me lembrava que o kit de neve, era toda uma panóplia de "cenas" que aparentemente são necessárias para a sobrevivência. Fui pedindo aqui e ali, e pessoas simpáticas foram acedendo e emprestando. Luvas, gorros, óculos, meias, calças, casacos, camisolas interiores, exteriores. Não tive tempo para treinar vestir isto tudo, mas assumo que na minha cabeça pensei que iria dormir vestido e não mudar de roupa tal a complexidade da coisa.
Eu sei que
Mas se parece sempre estar na moda ter calças descaídas e o rego ligeiramente à mostra então iria estar top na moda Sierra nevada 2016. Não fora o facto de entrar neve pelas calças, de morrer de calor num minuto e de frio no próximo, até correu bem
2) O desporto Ski
Não é bem um desporto. Tal como a natação e as corridas de atletismo em geral, o ski é uma forma de transporte que te leva de ponto A a ponto B sem propósito nenhum sem ser o de te cansar e com violência.
Portanto, ficas cansado, gastas dinheiro, tens que ir todo arranjadinho, mas no final do dia tás para morrer e no mesmo sitio exacto onde começaste o dia. Pelo meio ainda tens que ter vertigens em "ovinhos" e cadeiras que parece que vão cair a qualquer momento e que tu sabes que a ASAE local não certifica há anos...
A minha melhor "descida" foi assim:
Propositadamente sozinho, para não ter a pressão de ser observado por conhecidos, comecei a descer uma montanha. Pelos vistos há pistas e têm cores diferentes. Essa era a primeira pergunta que eu devia ter feito antes de começar a descer. Mas o senso comum ajudou. Verde para "vai", encarnado para "tá quieto!", preto para "funeral garantido". Fiquei na dúvida do azul, mas como é do Belém não podia correr mal.
Arranco. Passados mais ou menos 5 segundo, estou no chão... sem skis... Mas foram uns 5 segundos intensos. A meia hora seguinte foi para tentar por os skis again. Insultei a mãe dos skis. Não ajudou...
Consigo por os skis. Assumo mentalmente que aquilo foi uma falsa partida e que não contou. Também só me falta conseguir virar e travar. De resto sou um esquiador exemplar. Arranco novamente. Atravesso a pista da esquerda para a direita (enquanto o resto da malta desce em frente), esperando que a memória e o meu instinto me digam como se vira. Desvio-me de toda a malta em sentido contrário e viro pela primeira vez. Estou a ficar profissional. Passados 5 minutos já tinha descido cerca de 100 metros. Vou ganhando experiência e jeitinho, e ganhando confiança, já consigo andar sem olhar para os skis. Que cromo... Já viro, já travo e já me desvio de pessoas que caem. Que amadores, penso eu... Depois veio literalmente uma encruzilhada. Malta que ia para a esquerda, malta que ia em frente e malta que ia para a direita. Vejo sinais verdes, encarnados e azuis. Como não percebia nada das cores e não conseguia parar para tomar uma decisão, mantive-me pela direita
3) o aprés-ski
Isto sim é um desporto. Procurar cañas, junkfood para a malta e ficar parado sem falar nem mexer. Que maravilha. Sou um "experto" nesta variante. O meu filho diz-me que me vai ensinar a travar e a virar. Sacana do puto, em meia hora ficou cromo!! Outra descoberta no aprés-ski foi o escaldão infernal que me queimou a cara. Cremes são absolutamente necessários.
A verdade é que foi um fim de semana espectacular. Há muitas mais histórias mas só se houver muitos pedidos!
PS - as pessoas gozam com a minha cara de queimado
PS2 - o meu andar, devido às dores físicas, é semelhante ao de um macaco que foi importunado por um rinoceronte durante a sesta
Lindo de se imaginar
ResponderEliminarNão consigo parar de rir!
ResponderEliminarQueremos continuação da saga da neve
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