caravanating até cair o motor

fomos buscar a carripana às 17h30 como combinado. aprendemos os afazeres de águas, energia e esgotos; as mil e uma chaves e uma casa às costas.

o plano era levar para lá todas as nossas tralhas e tornar-nos caracol. lençóis, almofadas, mantas, colchas, panelas, pratos, talheres e bons petiscos para a malta toda. avós foram ver no que nos íamos meter e a tanica ficou a dizer adeus de lenço branco. pena não poder ela não poder vir. 

arrancámos a fundo num misto de nervoso e excitação. era sonho antigo que com tanto cansaço não soube logo a férias, as aventuras tornaram o espírito mais claro.

fomos então em direcção a S. Pedro de Moel uma praia aconselhada para caracóis como nós. auto-estrada, montes e vales e finalmente estacionados no breu da noite. grilos de fundo e noodles para o jantar. eles estavam em delírio e nós contentes mas a delirar por cair na cena a que chamam cama. 1a noite top, só não dormi mais profunda porque eles tiveram sede e eu medo de que me entrassem pela casa a dentro. 

acordaram no entusiasmo de ver onde estávamos. quando abri a pestana estavam o Manel e zé sentados ao volante de pernil esticado a apreciar a vista. 
quando a energia deixou fizemos ovos mexidos para a malta toda e partiram para as dunas até a praia. 

chuvinha na tromba para abrir a pestana, banho no caracol (água morna ainda a aprender as lides da cena) e arranca que é Cardoso. fomos em direcção a norte, com o objectivo de passar a almoçar com o avô Tonas e mais acima no Gerês com amigos queridos. resto dos planos passavam por aproveitar o caminho sem grandes stresses.

saímos algures em cantanhede a ver no que dava. almoçamos naqueles restaurantes típicos em que uma dose dá para 3 e ainda sobra para o jantar. assim foi: broa com couves e bacalhau para o jantar no frigo e arranca. diz que há piscinas naturais na zona, numa aldeia pequena é histórica. let's go. aldeia de postal e piscinas que eram no meio de riachos. tudo lá para dentro (menos nós) aproveitar a vida. não estava nem quente nem fria: estava gelada. diz que faz bem ao coração. de caminho para cima compramos na banca da rua um bolo típico se ansã e tudo fazia sentido. brincaram no parque enquanto os pais respiravam e procuravam próximas coordenadas. 

praia da tocha parecia o destino seguinte perfeito. tudo no caracol e lá vamos nós. à chegada verificamos que é provavelmente a praia que no mundo tem mais avisos anti-caravanas. damn it. malas que vêem por bem e nessa sequência descobrimos  a recomendação de um spot ao lado dum lago tirado dalgum sonho de quem queria férias de caravana. Manel ficou louco com a possibilidade e pesca, zecas fisgado no potencial dos sapos e xavi nos patos. joka em compensação promete caça a lagostins ao cair da noite e acabamos com tudo isto, sopa de tomate e o tal bacalhau. 

quando a noite cerrou caímos todos sem medo nem sede de nada. 

dia seguinte começou sem chuva nem tempestade. fomos encher depósito de água para nos banharmos à rei. finalmente descobri os 70 graus de água prometidos, delírio de uma baleia como eu. enquanto eles trepavam montes de madeiras e pinhas a patos a mãe banhava-se. seguiram-se eles todos e estávamos bonitos e cheirosos para almoço de famelga. GPS orientado e lá vamos nós estada acima. pela primeira vez na viagem conseguimos entrete-los e irmos os dois à frente com a criançada nos livros e Torres atrás. é que nos filmes é essa a realidade mas na vida real a atenção que nos pedem é sempre de maior intensidade que o previsto. música maestro e quando o caminho parecia livre e o Manel contava os 20 minutos que faltavam o motor faz um barulho estranho que acaba numa cena aparentemente importante no chão e uma fumarada sair do sítio do motor.
encostar à berma, tirar criançada do barraco em segurança, extintor e 112 para os azares.

joka a dar o litro e nós de plateia a metros. chegou a GNR e arregalou os olhos, depois a ascendi com os pinos de segurança e por fim os bombeiros para acabar com fuminhos. todos cheios de boas intenções mas nenhum deles responsável por aquele arraial. tinha de ser a assistência em viagem a resolver e nada de grandes esperanças que o motor estava no chão. raios. plano de caracol pelo canudo. sem ideia nenhuma do que se seguia o melhor é ligar ao pai e garantir um colo. assim foi. mais rápido que a assistência e reboque. deu tempo de fazer malas e acalmar almas. quando chegou corremos-lhe para os braços e deixamos a caravana dos sonhos para trás. foi de reboque. sr dono dela havia de se responsabilizar ou assim achámos nós. connosco a história nunca é linear. há quem diga que é mais divertido, outros dias é só irritante mas dá boas histórias para contar.

por sorte ou porque tinha de ser tínhamos uma família querida, mesa posta e camas feitas para nos receber. 

lembrei-me de ouvir falar numa terra do sempre, em oposição aquela do nunca que parece ser a que nos acontece. o nunca acontece acontece-nos sempre e por isso bora lá tentar essa solução segura.
assim foi: a Bárbara salvou-nos a semana de férias sem casa nem motor. passamos por casa a deixar roupa de viagem e beijar  a tanica de largada. quando a voltarmos  a ver está mais velha e nós mais descansados. se tudo correr como previsto.

nas cenas dos próximos episódios contamos-vos mais sobre isso. para já o plano B parece melhor que o tal sonho da caravana. é que nos sonhos não temos dimensão de tempo e espaço que não temos num espaço tão pequeno e tão intenso. nem de obcessões de limpezas, nem motores a arder.

foi como tinha de ser. está tudo bem e vai ser ainda melhor. o melhor é parar que isto vai longo.




























Comentários

  1. Praia da Tocha é a minha praia desde sempre :) Curiosamente, ou porque nunca atentei no pormenor, nunca reparei nos avisos das caravanas, mas há um parque de campismo muito jeitoso onde é permitido entrar na caravana :)

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