Há pouco mais de um
ano percebemos uma magia diferente no ar. É estranho de pensar (e acreditar)
que os pais podem mesmo perceber estas coisas mas percebem, e é bem fácil de
ver (sempre fui céptica).
Tinha voltado das
missões e andava mais risinho-meio-parvo-meio-escondido do que o habitual, ou
se calhar nem era isso mas sentia-se qualquer cosia no ar. Muitos amigos a
entrar e sair lá em casa, como habitualmente (e que bom) mas reparei
especialmente num deles. Jogava á bola com eles sem grande jeito para a coisa,
mas talvez não fosse disso, era qualquer coisa.
Uma mãe não aguenta
(mas devia) então decidi mandar mensagem de fumo a uma das queridas amigas da
minha tanica a ver se sacava nabos da púcara. Vagos mas saquei. Realmente
andava baleia na costa. Um misto de entusiasmo e falta de ar. Aos 20 era normal
que isso acontecesse, claro. Sabia que ela sabia que primeiro queria ver o que
queria e só depois de saber se atirava para um namoro. Sabia porque tínhamos
falado disso várias vezes e sabia. Não sabia se já sabia o que queria, mas
sabia que ela gostava qualquer coisa do rapaz que lá apareceu em casa a jogar à
bola sem perceber nada daquilo.
Esperávamos mais ou
menos pelo dia em que ela fosse "anunciar" até que sem saber nos
pusemos completamente a jeito, sem claramente ter jeito nenhum. O que se passou
de seguida foi só ridículo.
A malta (amigos
dela) das missões queria fazer um jantar e não tinha sitio. Nós oferecemos acasa, super cool (o dia em que escrevemos como esvaziar a dispensa das compras
do mês em segundos).
Começam a chegar
um a um, depois outro e mais outro e já
tens a casa cheia de malta. Um saca das colunas outro do icenas e já toca
musica. Massa no fogão e jola na mão e tá montada a festa. Algures no caos vi a
chegar o bicho e realizei que nos tínhamos enfiado na boca do lobo.
Ela especialmente
nervosa e nós, mal sabia ela, pior ainda. Sento-me com o joka na ponta da mesa estrategicamente mais longe do ponto quente da noite. Fonix sabia que isso ia
acontecer um dia mas não tava(mos) claramente preparados. Evitar levantar era o
mote, ainda que a bexiga tivesse no limite.
João era menos
resistente nesse campo vacilou e entre o prato principal e a sobremesa levanta
a bunda e passa pela cozinha onde o caramelo estava a preparar a sobremesa com
a tanica. Ainda tentou sair mas foi inevitável: "pai quero apresentar-te o
meu namorado- o bernardo".. Hummm (silencio estanho) borra a cueca e
balbucie-a qualquer coisa como: "olá bernardo estás bom?". Baza logo
que pode e volta a sentar-se ao meu lado mas agora transparente. Respira e
conta-me "ela apresentou-me", fiquei eu transparente a pensar que a
próxima seria eu. Fi-lo prometer que não saltaria do meu lado para me ajudar
nessa hora. Não sei bem se cumpriu ou se se levantou para ajudar um malta a
resolver qualquer coisa da festa, sei que minutos depois veio ela com ele e se
sentaram ao meu lado e aconteceu o (in)esperado: "Mãe queria apresentar-te
o Bernardo". Respondo ridiculamente: "ahh acho que já o conheci há
bocado ali ao fundo" (WTF.. Que resposta ridícula)
E pronto foi isto. A
cena ridícula em que conhecemos o bernardo, o sr namorado da nossa tanica. O
momento doloroso para o qual nunca nenhum pai/mãe está preparado. Depois disso
foi sempre a melhorar e nada apontar ao raio do bicho, chega a ser irritante.