Mais de um ano em festa. Onde vamos daqui?
Passou mais de um
ano desde que passamos da ideia de realizar sonhos, a quem tem poucos, e
pusemos a mão na massa, enchemos balões e lançámos foguete.
Comecei eu, juntei
mais 4, depois mais 4 e 40 voluntários por cima e fomos crescendo. Hoje é um
bicho grande controlado pela boa vontade de todos e com mãos de todos o que
continuam a ajudar.
Se assim não fosse
não tínhamos conseguido, nem as primeiras nem estas destes últimos meses em que
por voltas e viravoltas da vida tem sido mais difícil.
Com o tempo vamos
aprendendo. Vamos entrando mais nestas realidades de quem não tem uma família
estável o suficiente para poder viver com ela. É mais fácil de digerir mas não
devia ser, pomos menos coisas em causa, devíamos pôr ainda mais. realizamos que
para eles somos um escape e uma lâmpada do Aladino e isso dependendo de cada
miúdo pode ser bom e honesto ou pode ser egoísta e mal agradecido. É difícil
saber como travar algumas frustrações deles, alguns limites impostos por nós.
Se por um lado é certo que sendo a única festa que tiveram na vida (e se calhar
a ultima) por outro devia ser garantido que não nos tratam como meros serventes
à mercê de sua vontade. Queremos que o sonho não se restrinja aos bens
materiais mas não podemos negar a realidade de que podendo pedir tudo se
estiquem e peçam demais.
Alguém me dizia que
devemos limitar isto aos agradecidos, percebo, mas não me faz sentido. A vida
já lhes fez tantas maldades que não pediram que se calhar só não sabem pedir e
aceitar coisas boas. São caminhos muito duros e não há ali ninguém com uma vida
fácil e não foi escolha deles.
De qualquer maneira
sabemos que este caminho tem de se ir ajustando. Já demos a volta completa a
todos os miúdos de 3 instituições, alguns entretanto saíram para suas vidas
autónomas e chegaram outros de corações desfeitos. Temos um total de 7
instituições, outras em fila de entrada, algumas ajudam-nos mais outras menos.
Umas mais e outras menos alinhadas, ou alinhadas de outra maneira. Temos de nos
ajustar uns aos outros, e sabermos que isso é bom mas tem às vezes seus
desafios.
Às vezes dou por mim
a pensar no tamanho da empreitada e fico assustada. Outras penso: fazemos o que
podemos e desde que não falhemos a ninguém está tudo bem. Só isso parece fácil,
só isso é às vezes a coisa mais difícil do mundo.
E é isto. O caminho
faz-se caminhando e este caminho não é diferente. Todos os dias aprendemos e
queremos ser melhores e pelo caminho festejamos muito. Festejamos e sonhamos,
os sonhos deles e nossos.
Obrigada a quem quer
saber, a quem ajuda, a quem mete a mão na massa e quem dá o coração.
Temos uma sorte
imensa de não estar no lugar de nenhuma daquelas crianças e só isso devia dar
energia para lhes fazer o dia.
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