História de adoção #3

Já contei a minha história feliz a muitos corações inquietos! Sou mãe de três e só um saiu da minha barriga. Digo sempre que o amor foi mesmo fácil e só soma. Mas não é coisa para se fazer com dúvidas. Perguntem o que quiserem 😉




Desde que pensámos em filhos que adotar estava nos nossos planos. A ideia seria termos biológicos e mais tarde adotarmos. Como a vida nos trocou as voltas e engravidar começava a ser uma realidade cada vez mais distante, depois de algumas tentativas frustradas com tratamentos médicos decidimos que não nos íamos deixar ir abaixo e mudámos de planos: avançar com o processo de adoção e ir tentando os biológicos com mais tranquilidade. Queríamos mesmo era construir uma família!

Fizemos tudo o que era preciso: segurança social, formação, entrevistas.  Preencher papéis em que se escolhe o que se quer numa criança é muito estranho. E nada bom. Estavamos de acordo que podia vir de qualquer lado, não nos interessava a cor da pele, dos olhos, ou se falava chinês. Queríamos muito passar pela experiência de um bebé em casa e receávamos que isso não acontecesse de forma natural por isso escrevemos que queríamos uma criança até 1 ano de idade mas disseram-nos logo que isso demoraria muitos anos e acabámos por definir até aos 5. E doenças? É um confronto difícil connosco próprios pensar nestas coisas e à partida rejeitar crianças pela sua condição física. Duríssimo para nós mas tinhamos que traçar uma linha pensando naquilo que éramos capazes de dar, a todos os níveis. Deixámos de lado crianças com doenças graves e deficiências severas. Não limitar esta opção é igual a escolher uma criança nesta situação. Não estavamos preparados para tudo o que isso implicava. Parece-me importante falar sobre este lado menos romântico, que se torna real quando temos um formulário à frente.

Cerca de 3 meses depois fomos considerados "aptos" a adotar. E começava a espera. Falaram-nos em 4 ou 5 anos. Casais na nossa situação que tivessem limitado a escolha a crianças brancas enfrentavam uma previsão de 8 anos de espera. Mas a nossa história acabou por passar pela adoção internacional (que exige a inscrição na adoção nacional mas é um processo à parte). Os nossos filhos nasceram em S. Tomé e Príncipe.

S. Tomé revelou-se um bom local para adotar porque tem acordo judiciário com Portugal, o que significa que a decisão do tribunal de S. Tomé é válida em PT, o que não acontece com a maioria dos países, inclusive africanos (apesar de na altura não existir lá nenhuma instituição oficial que tratasse de adoções).

Quanto a emoções... muitas! Logo a contar do facto de termos pensado em uma criança e depois adotarmos duas (irmãos)... Durante um bocadinho questionei se seriamos capazes de passar do 0 ao 2 de uma só vez! Mas a dúvida rapidamente passou, porque era uma coisa que ambos queríamos muito.
Não sei dizer se o amor foi à primeira vista ou sequer se isso existe, mas foi muito rápido e quanto mais tempo passava mais o amor crescia e tudo fazia sentido. Impossível pensar numa vida sem os nossos filhos. Soco no estômago só de pensar que alguma coisa lhes poderia acontecer! Ele, que tinha quase 2 anos, vinculou imediatamente. Só mais tarde, aos 4 anos, me perguntou se se não tinha saído da minha barriga. A cor não lhe dizia nada, o que é lindo :) Ela tinha 4 anos e uma memória diferente. Esteve bem desde o início mas só 2 anos depois de estar connosco sentimos que relaxou completamente. Agora têm 10 e 12 anos. Claro que há "soluços" pelo caminho, mas em que família é que isso não acontece?
Há histórias de adoção felizes e outras mais difíceis. Há crianças com histórias de vida emocionalmente tão violentas que nem imaginamos. Mas também há histórias felizes e outras mais difíceis em universos que não têm nada a ver com adoção...

Em 2014 engravidei. Tinhamos mantido o processo de adoção aberto porque não tinhamos excluído a hipótese de ter mais filhos. No mês em que se confirmou a gravidez, ligaram-me da SS a dizer que havia uma criança para nós... mas grávida não podia adotar, nem faria sentido. O destino tem destas coisas! O António nasceu e mais tarde acabámos por fechar definitivamente o processo. 
3 é a nossa (maravilhosa) conta!

Para quem tem essa dúvida, não sentimos diferença entre eles :)
Falamos abertamente sobre a adoção e estamos prontos para responder a tudo o que eles queiram saber. Foi o que sempre fizemos, em doses ajustadas à idade e maturidade, claro. É possível que chegue o dia em que vão querer ver com os seus próprios olhos, ou conhecer família biológica e cá estaremos também para os acompanhar nessa descoberta, se assim o entenderem.




 *estas mães partilham as suas historias para sabermos todos mais sobre o processo e as suas emoções. as historias variam de família para família, como nos nascimentos. não é tudo um mar de rosas, e é preciso aprender a ser mãe e pai e filhos. no fim do dia dizem que voltariam a repetir.

edito ao minimo a conversa que tiveram comigo. gosto de manter nas linhas a identidade da história.


Comentários

  1. Boa tarde. Gostaria muito de conversar consigo sobre o plano de adoção que tenho com o meu marido. É possível?

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    1. olá, só vi isto hoje, desculpa. podemos claro. sempre rosinhananet@gmail.com

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