História de adoção #4

Sou mãe de um amor de menino de 12 anos, por via adoptiva. É um amor que nos surpreende todos os dias. Que cresce firme e forte depois das adversidades.




O meu nome é Joana, tenho 38 anos e sou do Porto.
A minha história começou bem lá atrás, em 2006.

Nesse ano fiz o meu estágio curricular na área de Psicologia Clínica numa instituição de acolhimento temporário de crianças e jovens em risco, no centro do Porto. Desde que comecei a estudar Psicologia percebi que gostava de trabalhar com crianças e daí ter escolhido aquele local de estágio. Foi uma experiência fantástica, tanto a nível profissional, quanto pessoal. Sentia que estava no sitio certo. Durou um ano. E foi um dos melhores da minha vida!

A vida deu tantas voltas depois desse ano. E acabei por me afastar da Psicologia clínica.
Mas no final do ano 2015 decidi que ia dar um pouco do meu tempo em prol dos outros, que ia começar a fazer voluntariado. Pensei em voltar àquela instituição e em voltar à prática da Psicologia. E voltei. Foi como se nunca tivesse saído de lá.
E foi lá que conheci o Marcelino. Ele tinha 9 anos. Foi amor à primeira vista.
Ele estava lá há 2 anos e na lista de adopção. À espera de uma família. À nossa espera!  
Nessa altura eu já tinha uma filha biológica, a Beatriz. Também com 9 anos. A nossa família éramos as duas e o Benjamim, o nosso cão. E éramos muito felizes!
Mas a minha ligação com o Marcelino começou a fortalecer e não a podia negar. Era algo mais forte, inexplicável.
Foi no final de Março de 2016 que me sentei com a Beatriz e lhe perguntei "Gostavas de ter um irmão?" ao qual ela me respondeu prontamente que sim. "Mas um irmão crescido, da tua idade?" continuei. "Ah isso não! Gostava de ter um irmão bebé." disse ela muito incomodada. "Mas eu conheci um menino que ia gostar de fazer parte da nossa família. Ele não tem pai nem mãe. Eu podia ser a mãe dele e tu a mana mais velha. Mas tu tens de querer pois a tua opinião também conta. Temos de querer as duas." "Mas isso eu não quero." E assim terminou a conversa. Para mim estava resolvido. Ela era parte fundamental no meu processo de decisão. 

No dia seguinte, ao fazermos a nossa rotina matinal disse-me: "Sabes, Mãe. Tive a pensar no que me falaste ontem. Será que posso continuar a pensar nisso? Não tenho a certeza. Preciso de pensar melhor." "Claro, querida. O tempo que precisares. E se quiseres perguntar alguma coisa, fala comigo." E diz ela: "Mãe, será que o posso conhecer?" E ali eu soube que tudo ia correr bem!
No sábado seguinte fomos os três lanchar e eles deram-se logo bem. Ela com a sua personalidade de líder, super cativante e ele, tímido mas sempre muito divertido! Foi um reencontro para a vida!
Dei inicio ao processo na Segurança Social em Abril e no inicio do mês de Dezembro iniciamos o período de pré-adopção. Mas desde Abril que o Marcelino ia passar os fins de semana lá a casa e até chegamos a ir de férias juntos! E em Dezembro ele mudou-se de "armas e bagagens" para a nossa casa. Mudou de escola em Janeiro, passou para a escola da Beatriz (e para a mesma turma!) e aí começou a nossa aventura a quatro (cão, incluído!)

A adaptação à escola correu bem. Embora as actividades escolares e os resultados fossem o menos importante. O Marcelino só queria usufruir da sua nova casa, da família que nunca teve, do quarto dele, de comer! Ainda hoje, passados 3 anos luto com o desinteresse escolar dele. 

No dia 14 de Agosto de 2017 foi o dia da audiência em que foi decretada a  adopção. Não foi um dia especial pois já era tão certo há tanto tempo que íamos ficar juntos que não houve surpresas! 
Os desafios são muitos. Há dias de muitas dúvidas. Mas não há dúvida que o lugar dele é aqui. Que o amamos e que nunca o vamos largar, que nunca vamos desistir.
Ele é um menino amoroso, muito doce. Ela, assumiu o papel de irmã mais velha, de orientar e proteger. Aos dois irmãos! E o meu papel é garantir que todos sejamos felizes.




 *estas mães partilham as suas historias para sabermos todos mais sobre o processo e as suas emoções. as historias variam de família para família, como nos nascimentos. não é tudo um mar de rosas, e é preciso aprender a ser   e pai e filhos. no fim do dia dizem que voltariam a repetir. 
edito ao minimo a conversa que tiveram comigo. gosto de manter nas linhas a identidade da história.


Comentários

  1. E que parecidos que eles são! Felicidades ��

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  2. Bjinhos à minha mana de coração e p os meus sobrinhos lindos!❤❤

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