a nossa história de adoção



já contei antes, foi sendo contada, conto agora outra vez. é a nossa história e parece desenhada à medida.

conheci a tanica algures em 2004 ou 5. era animadora em campos de ferias da candeia, para miúdos que moram em instituições. era das miúdas que mais gostava. um dia numa zanga entre eles fui falar com ela para resolver. tinham sido parvos e isto e aquilo, disse para esquecer. pespineta disse-me logo que para mim era fácil, para ela aquilo acabava e continuava na instituição, eu ia à minha vidinha mas ela não, que eu nao sabia o que era. e tinha razão. prometi então que na semana seguinte ia lá ver e ela me ia mostrar.
assim foi. a nossa amizade já era especial mas ficou ainda mais. ela mostrou-me onde vivia e eu decidi fazer o mesmo. tenho muita sorte e queria partilhar isso com eles (ela e que também vinham). aos fins de semana aparecia e enchia o carro com os que cabiam, arrancava e passávamos o fim de semana em casa dos meus pais na praia grande. quando tempos antes a minha mae me perguntou como queria o quarto respondi: com muitas camas. assim podia receber amigos ou levar miúdos.

Durante 2 anos foi assim. as vezes ela pedia ao segurança para me ligar e contar coisas que tinham acontecido, outras eu aparecia durante a semana para saber como estava tudo.

depois eu fui morar para fora e inevitavelmente fiquei mais longe. conheci o joão e falei-lhe desta minha tanica. na primeira vez que viemos juntos a portugal fiz questão de os apresentar. ele achou que a deviamos adoptar, em brincadeira suponho. 3 meses de namoro e já era esta loucura.

entretanto fomos para moçambique e a distancia foi ainda maior. ela estava bem e ia ser apadrinhada quando voltamos para casar. veio ter a minha casa e foi comigo para a igreja. festejou connosco e depois seguiu para o que achamos que seria uma vida melhor. demos a devida distancia para que se enturmasse na nova realidade. falávamos às vezes só para confirmar que ainda estávamos dum e doutro lado.

um dia ela enviou-me uma msg "oi, tudo bem?". "tudo bem, e tu?". "também.". silencio e qualquer coisa em mim me disse que havia qualquer coisa mal. "vem jantar a nossa casa. vem ter às 19h ao meu trabalho e jantamos. quero saber mesmo de ti". e ela foi.

apanhei-a na curva e abraçamos-nos enquanto o sinal não ficou verde. não foi preciso muito para percebermos que estava tudo mal. não estavam a tratar bem dela, estava magra e triste. uma amiga querida percebeu isso e levou-a para sua casa. querida nini.
fui deixa-la a casa nessa noite e quando voltei o joão disse-me que ela tinha de vir morar connosco, que a adoptava-mos, seria nossa filha. era exactamente o que queria também. ouvi-lo confirmar esta "loucura" foi magia. 

depois disto foi confirmar que ela queria e montar tudo para a receber uns dias depois. era uma urgência de coração, tinha sido pensada só há 2 minutos mas já não fazia sentido de outra maneira. contar à família como se de uma gravidez se tratasse e correr para a "ver nascer".

por ser uma crescida de 18 anos já não a podíamos adoptar formalmente, que se dane, faremos de todas as outras formalidades possíveis, faremos de coração. estamos há 3 anos a tentar perfilhar, mudar o nome o o que seja para que o mundo saiba que é nossa. a semana passada tivemos a grande noticia que a nossa tanica é finalmente Amado. a terra tremeu de alegria.

hoje enquanto lêem esta historia festejamos de alegria. com a super nini que a acolheu no caminho, a rafa que entrou na loucura e apareceu para me ajudar a pintar de branco os moveis velhos que arranjei para o quarto e tudo o que se seguiu e o bitão que semana após semana nos foi auscultando a todos o coração. justo justo seria convidarmos a família toda, os tantos amigos nossos e dela e dançar até a musica acabar, guardamos isso para daqui a nada.

hoje é dia de festa. já era tudo igual sem o nome mas assim é ainda melhor e que hajam sempre razões para festejar.

Comentários

  1. Que bom...fico muito feliz por todos vós ;)! Muitas felicidades família Amado!

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