dias daqueles

dias daqueles. tinha muito em miúda, fechava-me no quarto a chorar porque me sentia insuficiente. chorava horas e horas até não ter olhos. soluçava. 

houve alturas em que culpei a minha mãe pela exigência, na verdade não sei se era por isso que chorava. mais provável era a exigência fosse toda só minha. apesar de ter sempre (com os naturais desvios dos momentos) conseguido tudo a que me propus, tantas vezes com mil projetos em simultâneo: naqueles fins de tarde ou noite chorava que nem uma madalena perdida.

já não me acontecia há muito muito tempo. acho que depois disso fui aprendendo a agarrar o reconhecimento que precisava para a confiança dos dias e juntei a isso aquela sensação de que conseguimos tudo.

voltou hoje, raios: detesto tristeza. sinto o peso de tudo, sinto que não posso de facto tudo e que às vezes tudo o que damos não e de facto suficiente.

tudo bem em casa, tudo bem com os miúdos, pardão ao eventual tempo que, mesmo estando não tenho, profissionalmente sinto-me esgotada. raio de ano. raio de vida. talvez seja tempo de procurar outros caminhos, talvez seja só aquele dia que nunca mais volta em anos.

este não é um post de auto-pena, serve só para futuro ver que em casas onde reina a felicidade: também dias em que se chora até não poder mais.







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