10/30/2021

ser família de acolhimento. o tão aguardado dia chegou

 o tão aguardado dia chegou e, como esperado, veio não anunciado.

saída de um fim de semana de desbunda em barcelona com amigas, acordada às 3 da matina para apanhar o avião, aterrar nos anos do martim, montar a festa, soprar as velas e deixa-lo na escola enquanto sonhava respirar para o tal lanche ajantarado e mais bolo e mais parabéns. trabalho para pôr em dia e uma semana com tanto trabalho que a sensação é que nunca está de facto em dia. praqui e prali a resolver cenas, lembrar que tenho de marcar dentista para o zé e cai um email mágico lá para as 11h: acolhimento familiar, temos um caso para vos apresentar.

niervos. mensagens para joão e joão para mim no meio das calls. combinado ligar asap que a reunião é as 14h e queremos sentir o que sente o outro. e agora joão? só precisamos de saber o que dizer se forem 2. achas que são?, pergunta ele. não faço ideia, não fazemos a mínima ideia mas vamos. bora. se forem dois não cabem no carro, diz ele. pedimos ao teu pai e andamos em dois, paciência, não vamos deixa-lo lá e o teu pai é de causas sociais vai perceber. combinado. beber café com mãos a tremer e despachar tudo o que temos em mãos para dar toda atenção à reunião das 14h.

teams on e são 14h. as assistentes sociais do lado de lá e nós cada um de seu sitio. estamos on e a sensação é de uma adrenalina incrível. como quem tá numa eco a saber o que aí vem. e elas começam a descrever e nós começamos a ficar de coração acelerado. é preciso para ontem, tem 2 meses e tá pronto para vir cá para casa. aceitamos tudo sem ver quase nada, já sabíamos que assim seria e horas depois combina-se date para as 10h do dia seguinte.

tiro a manhã seguinte, lavo as roupas, oriento o berço, compro leites, fraldas, enquadramos os miúdos a tempo de despachar o trabalho e montar o tal lanche de anos do martim. neste dia em que fez 3 anos e que olhei para ele de manhã a pensar que já não tínhamos bebé em casa (até engana porque quer ficar bebé para sempre mas tem mm de deixar de ser.)

apesar da quase directa foi preciso um chá noite tranquila para me por a dormir. tudo em nós era emoção. manhã seguinte deixamos cada um sua escola e fomos ao lugar combinado. ovo na mão com a sensação estranha de que vamos buscar um baby, joão relembra que esta é a sensação normal para ele e rimos. encontrar as assistentes, subir o elevador e chegamos à sala onde está ele, tudo de mascara e ele a rir enquanto adormece de sono. maravilha. estanho não se parecer com nenhum de nós e não o termos sabido nada dele até aqui, ao mesmo tempo a sensação que vamos estar ligados para sempre.

muitas fotos para o livro que o acompanhará a vida toda com a historia dos seus primeiros tempos. despedidas e lá voltamos a casa com um baby em mãos, a responsabilidade de uma vida e toda uma logística por voltar a ordenar. não sei se estou preparada para não dormir e para voltar ao caos de quem tem de se focar num e deixar os outros em autogestão uma beca. sentir a emoção nossa e deles tem sido maravilhoso, eles sabem que ele não fica para sempre mas estão a dar tudo para que sinta como um deles. Martim um bocadinho ciumento como seria de esperar, todos os dias melhor.. hoje viu que chorava e foi pôr-lhe a chucha. dizemos que é o bebe dele.

gostava de vos escrever muito mais mas tenho de ir dar leite e vestir calças ao martim que anda nu. aqui fica este ralado de amor caótico, até conseguir voltar




2 comentários:

  1. Que vida generosa obrigada por ser "grande" e me ensinar a descomplicar.

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  2. Que beleza, que emoção... que grande exemplo... Obrigada!

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